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Quando a vacina contra a covid-19 estará disponível?

Por Rodrigo Reis
Atualização:
Rodrigo Reis. Foto: Divulgação

A corrida para combater o inimigo número um do mundo levanta perguntas, suscita embates e desperta a esperança das pessoas em todas as nações. O SARS-Cov-2, mais conhecido pelo nome de Covid-19, nos deixou em meio a uma crise sanitária com desdobramentos que vão além da saúde. Segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT), o mercado de trabalho só passou por uma situação parecida na Segunda Guerra Mundial. Em todo o globo, os desdobramentos vão além da economia formal, impactando, principalmente, as populações vulneráveis.

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Apesar do ceticismo de alguns países com vacinas em geral, de acordo com o Wellcome Trust Global Monitor de 2018, 92% dos pais ao redor do mundo disseram que os filhos receberam ao menos uma dose de imunizações em algum momento da vida. Portanto, a maioria ainda concorda que a chave para superar essa crise no longo prazo é a descoberta de um composto capaz de ativar a defesa dos humanos contra um vírus que, até a publicação deste texto, infectou mais de 10 milhões de pessoas e fez mais de 500 mil vítimas fatais pelo planeta.

Dito de forma simples: não há tempo a perder. Enquanto alguns especialistas são categóricos ao apontarem a existência de bilhões de dólares de contribuintes que poderiam ser usados para financiar o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus, a falta de fiscalização, conflitos de interesses e outros impasses nos dão poucas garantias de que, mesmo que descoberta e desenvolvida, a imunização estaria ao alcance dos que mais precisam.

Instituições internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS), as Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial têm se comprometido a ajudar nesse sentido. Em maio, a União Europeia (UE) convocou representantes mundiais para uma conferência virtual de emergência com o objetivo de estimular esforços globais para o desenvolvimento de uma droga.

Com a participação de mais de 40 países, a reunião culminou com a arrecadação de cerca US$ 8,2 bilhões por governos, filantropos e setor privado. Essa iniciativa multilateral, realizada em um momento de turbulência nas relações internacionais, permitiu que cientistas de todo o mundo participassem dessa maratona.

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Por outro lado, cientistas, governos e organizações estão lidando com um dos desafios mais difíceis da medicina. Uma tarefa complexa, pois, da pesquisa até a disponibilização, a concepção de uma vacina envolve etapas, que, na prática, levariam de 10 a 15 anos para serem vencidas.

Entretanto, estudiosos acreditam que a vacina estará disponível em 2021, o que fará dela a mais rápida da história. Esse prazo foi reduzido, quase que magicamente, graças à extraordinária mobilização científica. Até agora, existem 133 projetos identificados pela OMS, e 17 imunizantes em testes clínicos, principalmente na China, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.

No momento, os mais promissores deles são três: o da chinesa Sinovac (Coronavac), o da norte-americana Moderna -- em parceria com o National Institutes of Health (mRNA-1273) -- e o da britânica AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford (AZD1222). Todos eles na fase 3, considerada a última de estudo antes da obtenção do registro sanitário. Apenas depois desse extenso trâmite é que a nova vacina pode ser disponibilizada para a população.

A boa notícia para os brasileiros é que nesta semana começam os testes com a Coronavac, uma das vacinas citadas acima, com 9 mil voluntários de 12 centros de pesquisas de seis estados da nação. Como noticiou a imprensa, caso a droga seja aprovada, a Sinovac e o Instituto Butantan vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em escala industrial tanto na China quanto no Brasil, além de visar o fornecimento gratuito ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os passos seguintes serão o registro do produto pela Anvisa e o fornecimento da vacina em todo o Brasil.

Nos Estados Unidos, acordos como o Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (CEPI) e a GAVI Alliance representam o primeiro passo dado por meio de uma iniciativa global da Fundação Bill & Melinda Gates e da OMS. O projeto prevê a garantia de financiamento de pesquisa independentes para desenvolver vacinas contra doenças infecciosas emergentes em todo o mundo, inclusive em países de baixa e média renda.

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Como meros expectadores do xadrez global, nos resta torcer para que a vacina esteja disponível o quanto antes, além de acompanhar as diferentes estratégias adotadas pelas nações para garantir que todos tenham acesso a ela. Para esse fim, uma resposta coletiva, que reconheça a gravidade da pandemia, será a única saída.

* Rodrigo Reis é internacionalista e diretor-executivo do Instituto Global Attitude

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