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Qual o futuro do setor imobiliário no pós-pandemia?

Por José Luiz Camarero Neto
Atualização:
José Luiz Camarero Neto. FOTO: DIVULGAÇÃO  

A pandemia do novo coronavírus prejudicou muitos setores do país. Para diminuir a curva da contaminação, fomos declarados de quarentena, mantendo as medidas de isolamento social. Porém, infelizmente, os casos de contaminações continuam e ficamos sem perspectiva de retorno para a normalidade. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, a economia do Brasil encolherá 5,2% por causa da pandemia. Nesse contexto, o que esperar do setor imobiliário no cenário pós-pandemia?

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O setor imobiliário pode retornar à plenitude somente em 2021. No entanto, a tendência é de que seja um dos mais significativos na recuperação econômica brasileira. As perspectivas são as melhores. Em 2020, era esperado um crescimento de 20% no segmento em relação a 2019, o aumento foi adiado, ou seja, existe uma demanda reprimida e, na volta da antiga normalidade, os negócios devem fluir. Cabe ressaltar que a taxa Selic, que afeta a cobrança de juros no financiamento, é a mais baixa da história, 2% ao ano.

Para que a retomada seja favorável, é preciso se reinventar e mudar hábitos e modelos para se adequar neste novo cenário e novo formato de se viver após uma pandemia que abalou o mundo. Uma das primeiras mudanças no setor imobiliário deve acontecer na arquitetura dos imóveis. Os modismos, provavelmente, ficarão em segundo plano. Isso porque as pessoas irão prestar mais atenção não apenas no jeito de morar, mas também no de viver. Além disso, as mudanças serão percebidas na forma como as pessoas interagem com o seu entorno. Sair de casa pode deixar de ser uma opção, com alternativas cada vez mais interessantes de lazer em casa e tecnologias possibilitando que a pessoa receba o que deseja em seu endereço residencial. O paisagismo é um conceito que será muito adotado, já que percebemos o quanto isso é importante em nossas vidas.

No caso dos escritórios, o futuro será com salas menores, considerando a forte tendência de crescimento do trabalho remoto. Isso se deve ao fato de que diversos setores perceberam que a produtividade do funcionário pode ser a mesma no home office e que, dessa forma, podem reduzir custos.

Falando em trabalho remoto, em 2020, fomos impactados por esse novo formato. Para segurança dos colaboradores, as empresas adotaram o sistema para evitar a proliferação da doença. Hoje, é normal improvisar um local para realizar suas teleconferências e lidar com as suas demandas do dia a dia. É provável que os futuros projetos incluam um espaço destinado para o home office, atendendo todas as necessidades e evitando os ruídos e fluxos que acontecem nas casas no dia a dia de trabalho.

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A perspectiva de crescimento do home office também pode gerar uma descentralização do mercado imobiliário. Com a possibilidade de trabalhar em qualquer lugar com acesso à internet, as pessoas se sentirão livres para viver em locais distantes dos grandes centros urbanos, ou até mesmo, viajar e continuar trabalhando, como fazem os nômades digitais.

Os próximos anos também devem ser marcados pela atemporalidade dos projetos de design, um aspecto que ganhará relevância no setor imobiliário. Projetos ousados e diferenciados devem ganhar preferência, como estamos vivendo em um período de reuniões familiares e com amigos paralisadas, a previsão é que no futuro essa prática de lazer seja bastante requisitada trazendo a necessidade de possuir um espaço maior dentro de casa.

O futuro também reserva a confirmação de algumas tendências, entre elas, a arquitetura de hospitalidade. A expectativa é de que as áreas comuns, unindo serviços, interação e comunicação por meio da tecnologia, se destaquem nos novos projetos. Essa mudança já aconteceu em alguns empreendimentos e deve ser mais forte no setor. A procura por imóveis com varanda, quintal e coworking também pode aumentar, consolidando esse movimento de transformação das casas em espaços multifuncionais.

Outras duas mudanças estão extremamente ligadas ao avanço da tecnologia. A primeira delas é a automação da gestão condominial. Ou seja, o uso de sistemas automáticos para otimizar as tarefas de gestão. Por exemplo, câmeras de segurança eletrônica, sistemas de controle da iluminação, controle de acesso com QR codes e/ou biometria, centrais de segurança remotas, reserva online de salão de festas e portaria virtual para condomínios.

A segunda mudança tecnológica está diretamente relacionada à internet, que mudou a forma como o consumidor pesquisa e compra produtos. Nesse sentido, uma das novidades, que já vem sendo trabalhada durante esse período de distanciamento social, é a possibilidade de fazer um tour virtual no imóvel. O cliente pesquisa o empreendimento na internet e a imobiliária disponibiliza a opção de visita online, que funciona de forma parecida com o Street View do Google, com fotos em 360º graus do imóvel. Para o mercado imobiliário, isso significa que o cliente poderá ver os detalhes do imóvel desejado em todos os ângulos e sem sair de casa. Dessa forma, podem ser facilitadas vendas e aluguéis, nos casos em que o cliente não pode visitar o imóvel presencialmente.

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A resposta é positiva. Mais do que isso, o setor será determinante na retomada econômica do país, ao lado de setores como o de agronegócio e alimentos. Prova disso, são os dados divulgados pela Caixa, que apontam um crescimento de 21% dos financiamentos habitacionais no último semestre de 2021 em comparação ao mesmo período de 2019. Foram assinados dois mil contratos por dia e Junho foi o melhor mês dos últimos quatro anos, com R$ 11 bilhões em financiamentos.

*José Luiz Camarero Neto, diretor executivo do grupo Bild Desenvolvimento Imobiliário e Vitta Residencial

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