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Proposta de CPI que mira operador do PSDB enfrenta resistência na Assembleia

Com adesão apenas de oposicionistas, proposição tem 19 assinaturas das 32 necessárias para entrar em pauta

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Por Luiz Vassallo e Fabio Leite
Atualização:

Paulo Vieira de Souza. Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

Com apoio apenas de oposicionistas, uma proposta de Comissão Parlamentar de Inquérito que mira concessões de rodovias na Assembleia Legislativa de São Paulo enfrenta resistência na Casa. Das 32 assinaturas necessárias para a abertura do colegiado, apenas 19 estão garantidas, por parte somente de oposicionistas. Caso seja aberta a Comissão, petistas prometem a convocação de Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa apontado como operador do PSDB que foi preso duas vezes pela Polícia Federal, em abril e em maio- e solto as duas vezes por ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo.

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A proposta é assinada pela líder do PT, Beth Sahão, e propõe a investigação de caixa dois 'em contrapartida ao favorecimento do Grupo CCR nas licitações e na execução dos contratos de concessões de rodovias no Estado de São Paulo'.

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A suposta doação não contabilizada é alvo de investigação do Ministério Público Estadual de São Paulo. Executivos ligados à CCR relataram repasses de R$ 5 milhões à campanha de Alckmin em 2010 ao governo.

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A proposta também cita o doleiro Adir Assad, que fez acordo de delação premiada. Ele afirma ter recebido, por meio de suas empresas, R$ 46 milhões somente da CCR, e repassado parte ao ex-diretor da Dersa, Paulo Veira de Souza.

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Vieira de Souza é alvo de pelo menos duas investigações que o apontam como operador do PSDB. Em uma delas, em curso no Supremo Tribunal Federal, ex-executivos da Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez afirmam ter repassado 0,75% de contratos de obras para a construção do Trecho Sul do Rodoanel ao ex-diretor da Dersa. Cooperação Internacional com a Suíça encontrou uma suposta conta na Suíça com R$ 113 milhões atribuída ao engenheiro.

Assunto sensível aos governos tucanos de São Paulo, a proposta para investigar estes fatos no Legislativo enfrenta resistência do partido. O líder do PSDB na Casa, Marco Vinholi, vê tom eleitoreiro na CPI.

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"O PT é profissional na criação de factoides, como esse. Deveriam colher assinaturas para investigar as centenas de milhões desviados pela cúpula do partido. Não existe qualquer indício de desvio de recursos nas concessões paulistas", afirma Vinholi.

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Já Campos Machado, líder do PTB e histórico aliado do governo, também rejeita. "Enquanto estiver instaurando inquérito policial ou inquérito civil público, por princípio, há mais de 20 anos eu não assino, pois CPI é mais um teatro e um palanque eleitoral".

Autora da proposta, a líder do PT na Assembleia, Beth Sahão, ressalta que 'o fato de o Ministério Público estar apurando não invalida a necessidade da CPI'.

"Experiências anteriores, como a da CPI da Merenda, demonstram que a apuração feita pelos parlamentares pode acrescentar e muito para se desvendar esquemas ilícitos. O indiciamento do ex-presidente da Assembleia Fernando Capez, por exemplo, só ocorreu por conta do trabalho de investigação que foi realizado naquela comissão", afirmou a parlamentar.

Beth Sahão também mira a divisão da base aliada do governo Márcio França (PSB) para tentar alcançar as assinaturas restantes.

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"Atualmente existe um racha na base que sempre apoiou os tucanos na Assembleia, devido à candidatura de João Doria ao governo estadual. Acredito que os deputados que apoiam Márcio França terão todo interesse em investigar as denúncias envolvendo os tucanos e isso poderá criar condições para que a CPI seja criada", diz.

Além de querer convocar Vieira de Souza na CPI, a deputada afirma ter protocolado 'na Comissão de Transportes requerimento solicitando o comparecimento dele, para prestar esclarecimentos sobre as denúncias envolvendo a Dersa'.

COM A PALAVRA, GERALDO ALCKMIN

"Não há nenhuma acusação contra Geraldo Alckmin nesse inquérito. Reportagens veiculadas sobre o assunto estão erradas. Basta ler o inquérito, que não está sob sigilo."

"Todas as campanhas de Geraldo Alckmin foram feitas seguindo o que determina a legislação eleitoral."

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COM A PALAVRA, CCR

"A CCR informa que, alinhado ao seu compromisso com a ética e transparência, conforme Fatos Relevantes divulgados em 28 de fevereiro e 12 de março de 2018, criou um Comitê Independente de alto nível para apurar as informações divulgadas pela imprensa em reportagem veiculada no dia 23 de fevereiro de 2018."

"Conforme divulgado, o Comitê é assessorado por escritórios de advocacia nacional e internacional, além de empresa especializada em investigação. A CCR está à inteira disposição para contribuir com o pleno esclarecimento dos fatos e reforça que não houve pagamento de propinas por executivos da empresa à agentes públicos."

"Uma das maiores companhias do setor de infraestrutura da América Latina, a CCR continua a trabalhar em seu plano de crescimento qualificado tendo como premissas a disciplina de capital, ética e transparência."

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