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Propinas para Renan e PMDB eram discutidas na casa e no gabinete do presidente do Senado

Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, delatores da Operação Lava Jato, afirmaram que senador exigiu cota da propina do PP para apoiar permanência do diretor de Abastecimento

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Por Redação
Atualização:

Por Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo

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A força-tarefa da Operação Lava Jato pediu a abertura de inquérito contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, dentro do esquema desbaratado na Petrobrás. O Ministério Públicos Federal apontou indícios de recebimento de propinas, inclusive na residência do senador, e pagamentos de vantagens em formas de doações oficiais de campanha, por empresas do cartel que se instalou na Petrobrás.

Renan foi acusado por dois delatores da Lava Jato: Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento, e Alberto Youssef, o doleiro responsável pela lavanderia criada para movimentar o dinheiro que o PP arrecadava no esquema - 1% dos contratos.

O envolvimento de Renan no esquema de arrecadação de propina na Diretoria de Abastecimento teria começado por volta de 2005 ou 2006. O doleiro Alberto Youssef afirmou em 2 de outubro, dentro de sua delação premiada, que o ex-diretor de Abastecimento ficou doente e "houve um movimento político, bem como por parte de alguns funcionários da própria Petrobrás a fim de destitui-lo do cargo".

"Para que isso não ocorresse, entrou em cena a bancada do Senado do PMDB, podendo citar os senadores Valdir Raupp, Renan Calheiros, Roméro Jucá, bem como o ministro Edison Lobão."

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Renan Calheiros. Foto: Ed Ferreira/Estadão.

O doleiro - operador da propina de 1% que o PP arrecadava na Diretoria de Abastecimento - afirmou que "a partir de então, o PMDB passou a receber uma parcela das comissões relativas aos contratos da Petrobrás, cabendo a Fernando Soares fazer as transferências financeiras" que ele efetuava.

O ex-diretor de Abastecimento, confirmou em suas delações a mesma versão e disse que participou pessoalmente de reuniões com Renan e com o senador Romero Jucá. "Uma dessas reuniões foi realizada na casa de Renan Calheiros, em Brasília, no Lago Sul; Que nesta ocasião também estava presente o deputado Henrique Eduardo Alves."

Costa afirmou ainda que esteve também nos gabinetes de Renan e Jucá. "O assunto tratado em todas essas ocasiões era o apoio do PMDB" para mantê-lo no cargo. "Em troca de (Costa) 'apoiar' o partido."

Levado ao cargo de diretor da Petrobrás em 2004, por indicação do então líder do PP José Janene (PP-PR) - morto em 2010 -, Costa afirmou que seu partido aceitou que a área de Abastecimento "ajudasse o PMDB porque sabia que não conseguiria, sem a sustentação política do PMDB" permanecer no cargo.

Segundo Costa, ficou acertado que "em regra o percentual de repasses era de 1 a 3% dos valores contratados. O PP ficaria com um percentual de 1%, e o restante iria para o PMDB." Como havia outro percentual que variava de 1% a 2% destinado ao PT, via Diretoria de Serviços, o acordo "furou" o teto da propina no esquema.

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Cartel. Costa afirmou também em sua delação, no dia 31 de agosto do ano passado, que quanto "ao recebimento de valores por parte do senador Renan Calheiros à partir de empreiteiras contratadas pela Petrobrás", que "manteve diversas reuniões onde estava presente o deputado federal Anibal Ferreira Gomes e o senador Renan Calheiros".

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"Algumas dessas reuniões foram feitas na residência do senador Renan", afirmou Costa, em sua delação. Anibal, conforme adiantou o Estadão, "seria uma espécie de interlocutor de Renan".

Para o MPF, a atuação do cartel de empreiteiras no pagamento de vantagens para o presidente do Senado pode ter relações com as doações oficiais. "Do montante total declarado pelo Diretório Estadual de Alagoas do PMDB como 'doações' destinadas a Renan Calheiros, mais de 61% tiveram como "doadoras" empresas envolvidas diretamente na corrupção ora apurada e originariamente referido."

O MPF fez uma tabela em que destacou R$ 2,5 milhões doadores em 2010 por quatro empreiteiras do cartel: Camargo Corrêa, OAS, Engevix, Galvão Engenharia e UTC.

COM A PALAVRA, RENAN CALHEIROS.

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O presidente do Senado divulgou nota no site da Casa Legislativa após a divulgação dos políticos que serão investigados. Veja o que ele disse:

"Nas democracias, todos - especialmente os homens públicos - estão sujeitos a questionamentos, justos ou injustos. A diferença está nas respostas. Existem os que têm o que dizer e aqueles que não. Quanto a mim darei todas as explicações à luz do dia e prestarei as informações que a Justiça desejar.

Minhas relações junto ao poder público nunca ultrapassaram os limites institucionais. Jamais mandei, credenciei ou autorizei o deputado Aníbal Gomes, ou qualquer outro, a falar em meu nome, em qualquer lugar. O próprio deputado já negou tal imputação em duas oportunidades.

Como maior interessado no inquérito, apesar do atropelamento do Ministério Público, que poderia ter evitado equívocos me ouvindo preliminarmente, considero que este é único instrumento capaz de comprovar o que venho afirmando desde setembro do ano passado.

Renan Calheiros, presidente do Senado Federal"

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