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Propina de Sérgio Cabral está entre as maiores da Lava Jato, diz investigação

Pelo menos US$ 78 milhões foram repassados a ex-governador do Rio, que não fica atrás de outros personagens de peso citados na maior ofensiva contra a corrupção no País, entre os quais Eduardo Cunha, Zelada, Cerveró...

Foto do author Fausto Macedo
Por Mateus Coutinho , Ricardo Brandt , Fabio Serapião e Fausto Macedo
Atualização:

Desde que estourou a Operação Lava Jato, em março de 2014, o País passou a conviver com os valores extraordinários da corrupção. Delatores confessaram o recebimento e o pagamento de propinas milionárias para políticos, ex-dirigentes da Petrobrás e governantes. Na última quinta-feira, 26, uma nova etapa da Lava Jato no Rio, denominada Operação Eficiência, revelou uma propina de US$ 16,5 milhões (R$ 52 milhões) do empresário Eike Batista ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) - segundo os investigadores, apenas uma parte de US$ 78 milhões que o peemedebista teria recebido no exterior ao longo de seus dois mandatos como chefe do Executivo e também como deputado e senador.

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Cabral está preso em Bangu. Eike está foragido, é alvo da Interpol, a Polícia Internacional agora o caça em todo o mundo.

Antes das revelações de Eficiência, a Calicute - outra fase da Lava Jato, deflagrada em novembro de 2016 -, já havia identificado a mesada de R$ 850 mil para Cabral, bancada por duas empreiteiras, Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia.

No ranking das propinas, a fortuna atribuída a Cabral não faz feio perante os ativos supostamente destinados a outros acusados da Lava Jato.

Por exemplo, o ex-gerente de Engenharia da Diretoria de Serviços da Petrobrás Pedro Barusco, um dos delatores da maior investigação já desfechada contra a corrupção no País, confessou ter recebido US$ 100 milhões em propinas no exterior. Para se livrar da prisão, além de admitir corrupção passiva, espontaneamente ele abriu mão da fortuna que já foi repatriada.

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Parte do dinheiro que Sérgio Cabral teria recebido também já retornou ao Brasil, segundo a força-tarefa da Operação Eficiência - algo em torno do equivalente a R$ 270 milhões, graças à delação de dois operadores do mercado financeiro, os irmãos Marcelo e Renato Chaber.

Eduardo Cunha (PMDB), ex-presidente da Câmara ora preso em Curitiba, é alvo de uma sucessão de acusações no âmbito da Lava Jato.

Em apenas uma ocasião - operação de navio sonda da Petrobrás - ele recebeu US$ 5 milhões, segundo o delator Julio Camargo. Em outra oportunidade, o peemedebista teria sido um pouco mais modesto, ficou com US$ 1,5 milhão na compra de campo de exploração de petróleo de Benin, na África.

Em outras frentes de investigação, Cunha aparece como o artífice de um ousado esquema de propinas via incentivos repassados a grandes companhias pelo FI-FGTS da Caixa. Segundo um delator, o ex-deputado teria recebido pelo menos R$ 15 milhões em apenas algumas transações identificadas.

Quando requereu ao Supremo Tribunal Federal o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que ele recebeu R$ 52 milhões da empreiteira Carioca Engenharia.

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O peemedebista nega qualquer ato ilegal e captação de valores ilícitos.

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Por seu lado, o ex-dirigente da estatal petrolífera Jorge Zelada mantinha 11,6 milhões de francos suíços em uma conta em Monaco. Ele está preso e até aqui não fez delação premiada.

Nestor Cerveró, que comandou a Diretoria Internacional da Petrobrás, fechou acordo de colaboração e entregou US$ 17 milhões que mantinha em contas na Suíça, valor já repatriado.

Outro ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa (Abastecimento, onde se instalou o primeiro foco das fraudes na Petrobrás), foi o pioneiro da era das delações. Abriu mão de US$ 26 milhões, dos quais US$ 23 milhões estavam depositados em contas na Suíça.

Muitos outros nomes já despontaram na lista de supostos beneficiários de propinas. O ex-presidente da Transpetro - braço da Petrobrás -, Sérgio Machado, fala em R$ 32 milhões para Renan Calheiros (PMDB/AL), presidente do Senado. Renan nega categoricamente recebimento de dinheiro ilícito.

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A Procuradoria da República atribui também ao ex-presidente Lula propinas no valor de R$ 3,8 milhões supostamente repassados pela empreiteira OAS - por meio de obras em um triplex no Guarujá e armazenamento de bens em São Bernardo do Campo.

A defesa de Lula rechaça com veemência a acusação e afirma que ele jamais recebeu valores ilícitos.

UMA CHUVA DE PROPINAS, SEGUNDO A LAVA JATO

O ex-governador Sérgio Cabral. Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Sérgio Cabral: US$ 78 milhões no Uruguai

Pedro Barusco durante chegada para prestar depoimento à CPI da Petrobrás, em 10 de março de 2014. Foto: André Dusek/Estadão

Pedro Barusco: US$ 100 milhões na Suíça

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 Foto: Estadão

Jorge Zelada: 11,6 milhões de francos suíços em Monaco

Nestor Cerveró: US$ 17 milhões na Suíça

Paulo Roberto Costa falou à Justiça Federal. Foto: Reprodução

Paulo Roberto Costa: US$ 26 milhões na Suíça

Lula. Foto: Ricardo Nogueira/EFE

Lula: R$ 3,8 milhões da OAS no Guarujá e em São Bernardo do Campo

Renan Calheiros. Foto: Adriano Machado/Reuters

Renan Calheiros: R$ 32 milhões

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Eduardo Cunha, depois de fazer exame no IML, em Curitiba. Foto: Denis Ferreira/AP

Eduardo Cunha: US$ 6,5 milhões na Suíça e mais R$ 15 milhões do esquema no FI-FGTS e mais R$ 52 milhões de empreiteira em Israel.

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