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Propina a Lobão por Angra 3 foi levada de carro de SP a Brasília, diz delator

Walmir Pinheiro, diretor financeiro da UTC Engenharia, detalhou à Procuradoria-Geral da República propina de R$ 1 milhão a ex-ministro do PMDB

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Por Beatriz Bulla , Adriano Ceolin , de Brasília e e Julia Affonso
Atualização:

Lobão. Foto: Beto Barata/Estadão

O ex-diretor financeiro da UTC Walmir Pinheiro, considerado um braço direito do dono da empresa, Ricardo Pessoa, detalhou em delação premiada o acerto de um pagamento ao senador e ex-ministro Edison Lobão (PMDB-MA) em razão da participação da empresa no consórcio vencedor para realizar as obras da usina de Angra 3. No depoimento, Pinheiro confirma que a propina acertada foi de R$ 1 milhão para Lobão e dá detalhes do pagamento. De acordo com ele, as entregas eram feitas a uma pessoa apresentada por Lobão e parte do pagamento foi levado de carro de São Paulo a Brasília para não despertar desconfiança das autoridades nos aeroportos.

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"Que tais pagamentos ocorreram no decorrer do ano de 2014, pouco antes da contratação final; que questionado sobre a operacionalização deste pagamento, afirmou que foi pago em três parcelas; que em duas delas André Serwy foi pessoalmente no escritório da UTC, em São Paulo, pegando o dinheiro em espécie com o próprio declarante; Que André Serwy foi sozinho ao escritório da UTC em São Paulo e comentou que iria voltar para Brasília de carro, para evitar possíveis problemas no aeroporto, em razão das quantias em espécie", declarou o diretor da UTC. O valor de R$ 1 milhão havia sido solicitado por Lobão para campanha eleitoral, mas o delator disse não saber se seria a campanha dele próprio ou de outra pessoa.

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Pinheiro era responsável pelo departamento financeiro da UTC e homem de confiança de Ricardo Pessoa. Ele foi incumbido de operacionalizar pagamentos feitos entre a publicação do edital de licitação de Angra 3 e a assinatura do contrato da obra - feito em setembro de 2014.

André Serwy, segundo Walmir Pinheiro, foi apresentado por Lobão à empresa como responsável pelo recebimento de valores. O operador foi apresentado por Pessoa a Pinheiro como "a pessoa que recebia os valores em nome de Lobão". Segundo o ex-diretor da UTC, Serwy chamada Lobão de "tio" e parecia muito íntimo do então ministro de Minas e Energia.

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O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado de Lobão na Lava Jato, afirmou que se o operador identificado como André Serwy recebeu os valores "certamente não foi para o ministro Lobão". André Serwy não foi localizado até a publicação desta reportagem.

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