Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Promotoria prende cinco vereadores no Maranhão por propina para arquivar CPI contra prefeita

Ministério Público descobre esquema de corrupção e associação criminosa na Câmara de Vitória do Mearim, a 175 quilômetros de São Luís; agentes cumpriram nesta quarta, 5, cinco mandados de prisão temporária e oito de buscas contra parlamentares acusados

PUBLICIDADE

Foto do author Pepita Ortega
Por Pepita Ortega
Atualização:

Vitória do Mearim. Foto: Google Maps

O Ministério Público do Maranhão, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e em parceria com a Polícia Civil, cumpriu, na manhã desta quarta, 5, cinco mandados de prisão temporária contra vereadores da cidade de Vitória do Mearim, município situado a cerca de 175 km da capital São Luís. Também foram realizadas oitos buscas em endereços de parlamentares da cidade.

PUBLICIDADE

Segundo informou o Ministério Público, são alvo das prisões os vereadores Hélio Wagner Rodrigues Silva, Oziel Gomes da Silva, Mauro Rogério Pires, José Mourão Martins e Benoa Marcos Rodrigues Pacheco. Suas residências foram vasculhadas pelos agentes.

Também os endereços dos parlamentares George Maciel da Paz, Marcelo Silva Brito e Raimundo Nonato Costa da Silva foram alvo de buscas.

As medidas se deram no âmbito de investigação que apura supostos crimes de corrupção passiva e associação criminosa.

A Promotoria põe sob suspeita o presidente da Câmara de Vitória do Mearim, George Maciel da Paz, e outros sete vereadores.

Publicidade

Segundo o Ministério Público, 'as prisões tem o objetivo de evitar que os vereadores destruam ou omitam provas, ou até mesmo influenciem ou ameacem as testemunhas que serão ouvidas até a conclusão das investigações'.

Os parlamentares teriam solicitado vantagem financeira ao secretário-chefe da Assessoria de gabinete da prefeitura Almir Coelho Sobrinho em troca do arquivamento de Comissão Parlamentar de Inquérito que está em andamento na Câmara.

Vitória do Mearim. Foto: Google Maps

A CPI foi instaurada contra a prefeita Dídima Maria Corrêa Coelho, que é mulher de Altair Coelho Sobrinho, indica o Ministerio Público.

Ao prestar declarações, Altair teria apresentado gravações de conversas mantidas com os vereadores para ajustar os valores a serem pagos.

Segundo o Ministério Público, 'o presidente da Câmara, George Maciel da Paz, e os vereadores Hélio Wagner Rodrigues Silva, Oziel Gomes da Silva, Marcelo da Colônia, Nego Mauro, José Mourão Martins e Nonato do Chelo, se uniram para pedir o pagamente de R$ 320 mil, parcelado em duas vezes, garantindo a maioria dos votos contra a CPI'.

Publicidade

O vereador Benoa Marcos Rodrigues Pacheco, o 'Bena', que é investigado por corrupção passiva, teria pedido R$ 100 mil.

O Ministério Público aponta que os áudios apresentados por Altair Sobrinho mencionam que cada vereador receberia uma parcela de R$ 10 mil e outra de R$ 20 mil, mas George, Hélio e Oziel receberiam R$ 70 mil, sem que os outros soubessem.

Em depoimento, Altair Sobrinho indicou que havia um 'plano paralelo' entre os vereadores para afastar a prefeita para que sua vice assumisse o cargo.

Assim, Dídima poderia sacar R$ 2, 2 milhões, referente a royalties de mineração destinados ao município. O valor seria dividido entre o grupo, aponta a investigação.

Segundo o Ministério Público, o 'plano' foi evidenciado pela aprovação dos vereadores, em sessão extraordiária, de uma Proposta de Emenda à Lei Orgânica que possibilitaria o afastamento do prefeito em razão do início de procedimento para apurar crimes de responsabilidade.

Publicidade

A votação teria acontecido no mesmo dia que Altair Sobrinho se negou a efetuar o pagamento dos valores solicitados.

Os parlamentares presos ficarão no Complexo Penitenciário de Pedrinhas pelo prazo de cinco dias, mas a detenção pode ser prorrogada por mais cinco.

Os celulares e computadores apreendidos nas buscas serão encaminhados ao Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro do Ministério Público para a extração e análise de dados.

COM A PALAVRA, A PREFEITURA DE VITÓRIA DO MEARIM

A reportagem busca contato com a prefeita Dídima. O espaço está aberto para manifestação.

Publicidade

COM A PALAVRA, A CÂMARA DE VITÓRIA DO MEARIM

A reportagem tenta contato com a Câmara de Vitória do Mearim. O espaço está aberto para a defesa dos vereadores presos na ação da Promotoria.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.