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Promotoria investiga PMs por entregas de propinas

‘Estado’ revelou que pelo menos sete policiais militares da ativa e aposentados prestaram serviço a grupo usado por doleiro para repasses da Odebrecht

Por Fabio Leite
Atualização:

Antiga sede de transportadora, em São Paulo, que contratava policiais. Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

O Ministério Público de São Paulo instaurou nesta quarta-feira, 16, um inquérito civil para investigar a conduta dos policiais militares que admitiram à força-tarefa da Lava Jato terem trabalhado na transportadora de valores usada pela Odebrecht para entregar dinheiro de propina e caixa 2 a políticos na capital paulista entre 2010 e 2015.

O Estado revelou na segunda-feira passada que pelo menos sete PMs da ativa e aposentados do 14.º (Osasco) e do 49.º (Pirituba) batalhões prestaram serviço à empresa Transnacional, usada pelo doleiro Álvaro José Novis para fazer os repasses ilícitos da empreiteira. Seis deles estavam na ativa em 2014, quando foi feita a maior parte dos pagamentos. Três policiais se aposentaram entre 2016 e 2017 e outros três permanecem na ativa, com salários que variam de R$ 5,4 mil a R$ 7,5 mil.

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O caso foi distribuído ao promotor Ricardo Manuel Castro, da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social. Ele vai investigar se os PMs cometeram ato de improbidade administrativa ao fazerem "bico" para uma transportadora de valores.

Castro é o autor da ação civil segundo a qual o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) teria recebido R$ 7,8 milhões de caixa 2 da Odebrecht na campanha ao governo do Estado, em 2014. O tucano nega.

Os policiais já são alvo de procedimento disciplinar aberto pela Polícia Militar de São Paulo para apurar desvio de conduta. A Lei Orgânica da corporação proíbe que os policiais exerçam uma atividade paralela, o chamado bico. A apuração é acompanhada pela Corregedoria da PM e pode resultar em sanções administrativas que vão de advertência à demissão.

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Em depoimentos à Polícia Federal, os policiais disseram que trabalhavam em dias alternados na transportadora e recebiam R$ 180. Considerados apenas testemunhas colaboradoras pela PF, eles afirmaram que não sabiam qual era a origem do dinheiro nem quem eram os destinatários.

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