O Ministério Público Eleitoral em São Paulo denunciou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (MDB), por R$ 5,1 milhões em propinas e caixa dois da Odebrecht, durante a campanha de 2014, ao governo do Estado. Também são acusados o marqueteiro de campanhas Duda Mendonça, seu filho, Alexandre Mendonça e Paulo Luciano Tenuto Rossi, o 'Palu', o doleiro Álvaro José Novis, o presidente da empreiteira, Marcelo, e três ex-executivos ligados à construtora.
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DENÚNCIAA denúncia é assinada pelos promotores da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Fábio Ramazzini Bechara, Everton Luiz Zanella, Luiz Ambra Neto e João Santa Terra Júnior. Eles também imputam aos acusados os crimes de lavagem de dinheiro.
"Esquema deliberadamente voltado ao trato de dinheiro marginal, o que serve a necessidade de desassocia-lo de sua origem espúria, conferindo-lhe, por sua própria fungibilidade, aptidão a s mais amplas possibilidades de fruição, inclusive em campanhas eleitorais, e que apesar das evidencias quanto ao recebimento de vultosas quantias em espécie, inexiste qualquer sinalização sobre o real emprego desses valores, o que atesta a eficácia do propósito de ocultação", dizem os promotores.
Além da delação da empreiteira, a denúncia conta com diversas conversas entre agentes da Transnacional, responsável pela entrega do dinheiro, e também do doleiro Álvaro Novis. São mensagens internas em que os funcionários da corretora e da transportadora conversavam sobre senhas, datas, endereços, e codinomes, nomes dos intermediários da propina, e até mesmo seus celulares telefones.
Os pagamentos a Skaf, segundo a empreiteira, teriam sido feitos sob os codinomes 'Kibe' e 'Tabule'. Em uma das entregas registradas pela empreiteira, e pela transportadora, no dia 21 de agosto de 2014, teria sido na Avenida Ibirapuera, 2927, onde fica o Hotel Bourbon.
Naquele dia, estava hospedada Nadja Nara Moraes Villas Boas, apontada pelo próprio Duda Mendonça como uma das intermediárias para receber o valor. Os dados também foram confirmados pelos registros do hotel. O valor foi de R$ 419 mil.
Outras duas entregas de R$ 500 mil, teriam sido feitas no dia 3 e 4 de setembro daquele ano. Duda diz ter indicado Milton Piazenti dos Santos, outro intermediário. Segundo a empreiteira e a transportadora, os repasses foram feitos na Alameda Anapurus, 1661, em São Paulo, onde fica o The Palace Flat Moema. O estabelecimento também identificou Milton hospedado naqueles dias.
"3- alameda dos anapurus 1661 moemathepalace flat 5 star hotel sr Milton a senha e dormente entregar 500 mil", dizem os responsáveis pelas entregas, via Skype. No dia seguinte, as conversas voltam a citá-lo: "preciso do apartamento que esta o MILTON a entrega numero 3".
A peça narra outras diversas entregas que foram feitas nos mesmos moldes. Delatores da empreiteira relatam um pedido de R$ 10 milhões feito por emedebistas durante um jantar no Palácio do Jaburu -- residência do então vice-presidente Michel Temer -- e de outros R$ 4 milhões que teriam sido solicitados por Moreira Franco em outra ocasião.
"Nessa ocasião, dentre outros assuntos, foi acordada a destinação da quantia de R$ 10 milhões para o PMDB, sendo que R$ 6 milho es para a campanha de Paulo Antonio Skaf ao governo do Estado de Sao Paulo, a ser paga pelo grupo Odebrecht, por meio do Departamento de Operações Estruturadas, os quais seriam pagos através de um contrato fictício com a empresa de Duda Mendonça", afirma.
COM A PALAVRA, SKAF
A defesa de Paulo Skaf afirma que não tem qualquer conhecimento ou informação acerca de denúncia ou acusação oferecida contra Paulo Skaf ou qualquer pessoa que integrou sua campanha. Todas as doações recebidas pela campanha de Skaf ao governo de São Paulo em 2014 estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem qualquer reparo de mérito. Paulo Skaf reitera que ele nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuição de campanha que não as regularmente declaradas.