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Promotoria e Polícia do Rio fazem buscas contra presidente da Federação Internacional de Vôlei e ex-prefeito de Saquarema por esquema de fraude tributária

Investigação mira supostas irregularidades que teriam ocorrido na gestão de Ary Graça Filho na Confederação Brasileira de Voleibol; MP diz que 'CBV celebrou contratos que não foram devidamente executados com empresas estabelecidas em Saquarema por meio do esquema ilegal de fraudes tributárias'

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Foto do author Marcio Dolzan
Foto do author Pepita Ortega
Por Marcio Dolzan e Pepita Ortega
Atualização:

Atualizada às 11h51*

O ex-presidente da CBV, Ary Graça Filho. Foto: Daniel Teixeira/AE

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A Polícia Civil do Rio e o Ministério Público do Estado (MPRJ) realizam uma operação conjunta nesta quinta-feira, 20, nas sedes da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV,) em Saquarema e na capital fluminense, e em endereços ligados ao ex-presidente da entidade Ary Graça, que atualmente comanda a Federação Internacional de Vôlei (FIVB). Além dele, outras nove pessoas são investigadas e tiveram mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça, incluindo o ex-prefeito de Saquarema Antonio Peres Alves e ex-funcionários da CBV.

Batizada de"Operação Desmico", a ação apura crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Desde as primeiras horas do dia, os agentes da polícia civil tentam cumprir 20 mandados de busca e apreensão nos bairros do Leblon, Barra da Tijuca, Copacabana, Ilha do Governador e Vargem Grande, na capital fluminense, além do município de Saquarema. As ordens foram expedidas pela 1ª Vara de Saquarema.

Segundo denúncia do MPRJ, durante o mandato do ex-prefeito Antonio Peres Alves (2000-2008), foram editadas três leis complementares em Saquarema que concediam benefícios fiscais abaixo do piso constitucional, o que fez com que várias empresas fantasmas fossem criadas na cidade. A manobra promoveu um aumento exponencial e irregular da arrecadação em Saquarema, ao mesmo tempo em que provocou uma grande evasão fiscal em outras cidades, já que empresas de outros municípios passaram a declarar - falsamente - sede em Saquarema.

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A DENÚNCIA

De acordo com o delegado Thales Nogueira, titular da Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DCC-LD), descobriu-se que em dois pequenos escritórios em Saquarema funcionavam de forma fictícia mais de mil empresas que recebiam benefícios fiscais concedidos pelo então prefeito. Os valores obtidos com as centenas de contratos de sublocação eram repartidos entre os integrantes da organização criminosa. O rombo seria de pelo menos R$ 52 milhões.

Contra Ary Graça, a denúncia do MPRJ afirma que o ex-presidente da CBV manejava recursos de patrocínio do Banco do Brasil à entidade em favor de si próprio e do grupo criminoso, celebrando contratos com empresas recém-criadas. Desta forma, apesar de possuir sede na capital, a CBV celebrou contratos que não foram devidamente executados com empresas estabelecidas em Saquarema. Segundo a Promotoria, tais empresas sob suspeita seriam de propriedade de 'Fábio André Dias Azevedo e Marcos Antonio Pina Barbosa, então superintendentes da CBV e subordinados a Ary'.

COM A PALAVRA, ARY GRAÇA

O Dr. Ary Graça recebeu com surpresa a busca em seu apartamento e a notícia veiculada hoje cedo pela mídia. Ele está em Lausanne, seu local de residência por motivo de trabalho, e acionou seu advogado para tomar ações imediatas no sentido de contestar as alegações, as mesmas feitas no passado e que agora voltam à tona. Ary Graça prestou todos os esclarecimentos à época em que as alegações foram levantadas e, após seu pronunciamento, não houve qualquer ação resultante por parte da justiça brasileira. Como anteriormente, ele se coloca à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos.

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COM A PALAVRA, A CBV

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A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) confirma que recebeu nesta quinta-feira (20.05) pela manhã a Polícia Civil em suas sedes na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ), e em Saquarema (RJ), por conta de uma investigação iniciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em 2013 sobre ex-dirigentes da entidade.

Funcionários da confederação prestaram todo o auxílio às autoridades policiais que buscavam documentos relativos a um suposto esquema de fraude tributária que teria contado com o auxílio do ex-presidente da CBV, Ary Graça Filho.

De acordo com as investigações, a CBV teria sido vítima dos seus então dirigentes, que teriam criado contratos fictícios para desviar dinheiro da instituição.

A atual gestão da confederação cooperará integralmente com a investigação e, se forem comprovados prejuízos financeiros à CBV, tomará todas as medidas necessárias para que estes valores sejam integralmente ressarcidos à comunidade do voleibol.

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COM A PALAVRA, OS DENUNCIADOS E ALVOS DA OPERAÇÃO

A reportagem busca contato com os denunciados pelo MP e alvos da operação Desmico. O espaço está aberto para manifestações (pepita.ortega@estadao.com)

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