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Promotoria do Rio cobra R$ 3,17 bi de Sérgio Cabral e mais 30 acusados por desvios em obras do Metrô da Copa

Em ação civil pública, Ministério Público estadual acusa ex-governador, três ex-secretários de Transportes, servidores e empreiteiras por 'irregularidades no contrato de implementação da Linha 4 que liga Zona Sul à Barra da Tijuca

Foto do author Julia Affonso
Foto do author Luiz Vassallo
Por Julia Affonso e Luiz Vassallo
Atualização:

Sérgio Cabral. Foto: Reprodução

O Ministério Público do Rio, por meio da 4.ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital, ajuizou nesta terça-feira, 2, ação civil pública contra o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), três ex-secretários de Transportes, servidores e empreiteiras. A ação busca a condenação dos réus por atos de improbidade administrativa, além da devolução de mais de R$ 3,17 bilhões ao Tesouro estadual, 'referentes a irregularidades cometidas no contrato de implementação da Linha 4 do Metrô do Rio, que liga a Zona Sul à Barra da Tijuca'.

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As informações foram divulgadas no site do Ministério Público do Rio.

De acordo com a ação, foi requerida a indisponibilidade de bens dos acusados para o ressarcimento dos cofres públicos do Estado. Além disso, a Promotoria pede a condenação dos réus ao pagamento de danos morais coletivos causados aos cidadãos fluminenses e ao ente público estatal, no valor mínimo de R$ 30 milhões, correspondente a quase 10% do dano provocado.

A ação foi distribuída para a 6.ª Vara de Fazenda Pública da Capital.

O contrato de concessão da Linha 4 do Metrô foi firmado em dezembro de 1998 pelo então governador Marcello Alencar, com a Concessionária Rio Barra. As obras, contudo, não se iniciaram nessa época. Somente em 2010, na administração de Sérgio Cabral, o contrato foi restabelecido, sob o argumento da urgência na implementação da linha para atender a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016.

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"Nessa oportunidade, verificou-se uma série de alterações contratuais, por meio de quatro termos aditivos", afirma a Promotoria.

As investigações concluíram que as obras do Metrô foram oneradas por essas modificações contratuais, que configuram falhas de planejamento. É o caso do Termo Aditivo n.º 1, que mudou o trajeto inicialmente planejado e licitado para a Linha 4. "Isto foi feito sem a elaboração prévia de projeto básico, além da ausência de estudos técnicos de alternativa ou de viabilidade econômico-financeira."

Os responsáveis pelos termos aditivos são réus no processo - "além do ex-governador, os ex-secretários estaduais de Transportes Julio Lopes, Carlos Osório e Luiz Carlos Velloso; empresas Odebrecht, Queiroz Galvão, Carioca Engenharia, Cowan e Servix, os consórcios construtores Rio Barra (CCRB) e Linha 4 Sul (CL4S); e membros da administração da estatal RioTrilhos e da Agetransp (Agência Reguladora de Transportes do Estado do Rio).

De acordo com o relatório técnico da Coordenadoria de Auditoria de Obras e Serviços de Engenharia do Tribunal de Contas do Estado do Rio, que integra processo em curso na Corte Estadual de Contas e que embasa a ação do Ministério Público fluminense, houve 'inúmeras irregularidades no planejamento, na gestão e na execução dos contratos, que geraram o dano de R$ 3,17 bilhões (valor corrigido) entre março de 2010 e outubro de 2015'.

Entre as irregularidades, a ação lista 14 situações que 'caracterizam superfaturamento e sobrepreço, tais como perdas de concreto, espalhamento e compactação para o bota-fora, transporte de material escavado em caminhões distintos do previsto, fornecimento de concreto com preços superestimados, pagamento de serviços sem valor fixado contratualmente, sobrepreço global de serviços'.

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Por essas irregularidades, oito fiscais dos contratos tornaram-se réus na ação.

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LISTA DE RÉUS SEGUNDO MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO

Núcleo da Administração Superior: Sérgio Cabral (ex-governador), Júlio Lopes (ex-secretário Estadual de Transportes e ex-diretor-presidente da Riotrilhos), Carlos Roberto Osorio (ex-secretário estadual de Transportes) e Luiz Carlos Velloso (ex-Subsecretário Estadual de Transportes)

Núcleo da Diretoria da Riotrilhos: Júlio Lopes (ex-secretário estadual de Transportes e ex-diretor-presidente da Riotrilhos), Bento José de Lima (diretor de engenharia), Tatiana Vaz Carius (diretora-presidente), Heitor Lopes de Sousa (diretor de Engenharia) e Air Ferreira (gerente do Departamento de Controle Técnico)

Núcleo Empresarial: Concessionária Rio Barra S/A, Queiroz Galvão Participações Concessões S/A, Odebrecht Participações Investimentos S/A, Zi-Participações S/A, Construtora Norberto Odebrecht S/A, Construtora COWAN S/A, Servix Engenharia S/A, Construtora Queiroz Galvão S/A, Consórcio Construtor Rio-Barra; Consórcio Construtor Linha 4 Sul Carioca; Carioca Christiani Nielsen Engenharia S/A; e ZI-GORDO S/A.

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Núcleo AGETRANSP (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro): Luiz Antonio Laranjeira (ex-presidente) e César Mastrangelo (ex-presidente).

Núcleo de Fiscais da Obra: Francisco Ubirajara Gonzales Fonseca; Carmen de Paula Barroso Gazzaneo; Isabel Pereira Teixeira; Francisco de Assis Torres; Marco Antônio Lima Rocha; Luiz Reis Pinto Moreira; Eduardo Peixoto d'Aguiar; João Batista de Paula Junior.

Estado do Rio de Janeiro.

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