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Promotoria do Amazonas prende prefeito e presidente da Câmara de Coari por desvios de R$ 100 mi

Operação Patrinus pega Adail Filho, prefeito do município às margens do Solimões, e o vereador Keitton Pinheiro, sob suspeita de ligação com esquema de licitações fraudulentas para abastecer a campanha eleitoral para deputada estadual de Mayara Pinheiro

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Por Pedro Prata
Atualização:

O Ministério Público do Amazonas deflagrou nesta quinta, 26, a Operação Patrinus, em parceria com a Controladoria-Geral da União e a Polícia Civil, e prendeu temporariamente o prefeito de Coari, Adail Filho (PP) e o presidente da Câmara de Vereadores, Keitton Pinheiro (PTB). Os dois são acusados de envolvimento em esquema de fraudes em licitações que teria desviado até R$ 100 milhões entre 2017 e 2018. A operação ainda busca apurar desvios de verbas federais destinadas à educação básica.

Adail Filho e Mayara Pinheiro à frente, com o primo Keitton Pinheiro ao fundo. Foto: Divulgação

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Às margens do Solimões, com cerca de 85 mil habitantes, Coari fica a 363 quilômetros da capital Manaus.

Adail e Keitton são primos. O primeiro se entregou ao Ministério Público no início da tarde desta quinta, 26. O vereador foi preso. Entre os alvos da operação ainda está Mayara Pinheiro, irmã do prefeito, eleita deputada estadual (PP) no Amazonas. A Promotoria e a Polícia fizeram buscas na residência da parlamentar.

A suspeita dos investigadores é que dinheiro arrecadado em licitações fraudulentas foi usado para a campanha de Mayara. Ex-vice-prefeita de Coari, ela foi eleita deputada estadual com dinheiro da propina, segundo os investigadores.

A Operação Patrinus cumpre 40 mandados de buscas domiciliares, 30 de buscas pessoais e quatro de prisões temporárias em Manaus e em Coari. A força-tarefa mobiliza 160 policiais civis, quatro promotores de Justiça e quatro auditores da Controladoria.

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As investigações foram iniciadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Amazonas, após delação premiada sobre 'mensalinho' instalado na Câmara dos Vereadores.

Além da família de políticos, também são alvo dos mandados de buscas vereadores e secretários de Coari, e empresários.

A suspeita é que os processos licitatórios eram forjados de forma que empresas 'apadrinhadas' por amigos do prefeito pudessem vencer. Assim, destaca a Controladoria, seria possível manter o esquema de superfaturamento que permitia a propina.

Prejuízos material e social

Entre os delitos foi identificada 'apropriação indevida de recursos do Fundo da Educação Básica, onde os agentes públicos se locupletavam, inclusive, com viagens à Europa', afirma a Controladoria-Geral da União.

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Segundo a Controladoria, além do prejuízo ao erário, o desvio praticado em Coari 'tem potencial impacto' no desenvolvimento dos alunos do município, que possui 130 escolas com 12.346 alunos.

O Fundeb é uma política pública de financiamento da educação básica, capaz de promover a equalização na distribuição dos recursos vinculados a esse nível de ensino, com redução das desigualdades existentes, contribuindo para a universalização do atendimento, a valorização dos profissionais da educação e a melhoria da qualidade.

COM A PALAVRA, A DEFESA

A reportagem busca contato com o prefeito Adail Filho, o vereador Keitton Pinheiro e a deputada estadual Mayara Pinheiro. O espaço está aberto para manifestação.

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