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Promotoria aponta 'multiplicação de patrimônio' de servidores da Paraíba

Operação Calvário, que levou à queda do procurador-geral do Estado e mira desvios de até R$ 1,1 bilhão na Saúde, detectou enriquecimento de funcionários públicos investigados, além de supostos laranjas

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Por Luiz Vassallo
Atualização:

Fachada de um dos imóveis sob suspeita na Operação Calvário  

A quarta fase da Operação Calvário, que levou à queda do procurador-geral do Estado da Paraíba, Gilberto Carneiro da Gama, na terça-feira, 30, identificou uma explosão no patrimônio de agentes do governo da Paraíba. A ação instalou uma crise no governo João Azevedo (PSB), que exonerou Gama e o chefe da pasta do Planejamento, Waldson de Sousa, que não foi alvo da Calvário, mas foi pego com o então procurador-geral em áudios em que ambos 'entabulam, com um empresário, e entre si, estratagemas para alcançar vantagens de diversas ordens, tendo como pano de fundo a Saúde Pública do Estado'.

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O procurador foi alvo de buscas em sua residência e no gabinete. O secretário de Planejamento, Waldson de Sousa, é citado nas investigações.

De acordo com a Calvário, a Cruz Vermelha, que administra o hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, teria firmado contratos superfaturados para viabilizar desvios de verbas. As fraudes em contrados da pasta chegam a R$ 1,1 bilhão.

Na terça, 30, o procurador-geral do Estado foi alvo de buscas. Ele está sob suspeita de manter intocada a funcionária Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro, presa preventivamente por suspeita de operação de propinas. As vantagens indevidas, segundo a Promotoria, teriam bancado até a festa de 50 anos do procurador-geral.

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Além de Gama, outros onze sob suspeita tiveram seus endereços vasculhados pela Promotoria.

Géo Luiz de Souza Fontes, motorista do procurador-geral exonerado, é investigado por fazer supostas entregas de valores a ele.

Gilberto Carneiro da Gama. Foto: João Francisco/GOVERNO DA PARAÍBA

Segundo o Ministério Público, a análise de seu patrimônio apontou 'patentes discrepâncias inconciliáveis' com seu salário, que não passa de R$ 1,8 mil.

"O Ministério Público diligenciou no sentido de localizar possíveis imóveis pertencentes ao investigado, e identificou a provável residência familiar, localizada à Rua Josué Gomes de Almeida, Bairro José Américo de Almeida, João Pessoa, ressaltando possuir ela, claramente, padrão superior à renda do investigado.

"A partir do cadastro de imóveis da Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB, constatou-se a existência de um imóvel registrado somente em nome da esposa do investigado, situada na Rua Eilzo Afonso Marques de Carvalho, nº 153, apartamento 101-A", diz o MP.

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O Ministério Público ainda localizou, em nome do motorista e sua esposa, três carros, que somam R$ 136 mil em valor de mercado, além de viagens a hotéis de luxo no Rio Grande do Norte.

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Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro, que trabalhava para a Procuradoria-Geral do Estado, presa preventivamente nesta terça, 30, também teve patrimônio que, segundo o Ministério Público, 'supera sobremaneira os valores referentes à capacidade de investimento em aquisição de bens.

A Promotoria ainda diz que na residência dela, foram 'encontradas evidências de movimentação bancária incompatível com sua capacidade financeira, a exemplo de etiquetas bancárias de dinheiro ainda sob investigação'. Maria Laura ainda teria usado Ronaldo Prazeres, outro alvo da operação, como laranja para o aluguel de um carro, já que o salário dele na Secretaria de Administração da Paraíba é de R$ 1,8 mil, e o custo mensal do automóvel é de R$ 2,5 mil.

Outras cinco pessoas entraram na mira do Ministério Público por adquirirem imóveis e sob a suspeita de atuarem como laranjas de Maria Laura. Todos foram delatados por um caseiro da assessora da Procuradoria-Geral do Estado da Paraíba, que abriu o jogo ao Ministério Público e relatou o que conhecia sobre supostos esquemas da servidora.

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