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Promotores que querem Lula preso investigam lavagem de dinheiro na compra de unidades Bancoop

Novo procedimento foi aberto para apurar negócios da cooperativa dos bancários em que são citados antigos aliados do ex-presidente e quadros do PT e da CUT

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Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo e Julia Affonso
Atualização:

Da esquerda para a direita: os promotores Fernando Henrique Araujo, Cássio Conserino e José Carlos Blat. Foto: Julia Affonso/Estadão

Os promotores do Ministério Público de São Paulo que, no início de março, pediram à Justiça a prisão preventiva do ex-presidente Lula abriram procedimento criminal complementar para investigar suposta lavagem de dinheiro na compra de apartamentos da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). São citados antigos aliados do ex-presidente e quadros do PT e da CUT.

Em documento anexado à nova investigação dos algozes de Lula são mencionados o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Wagner Freitas, a amiga de Lula Rosemary Noronha, sua filha, Mirele Nóvoa de Noronha Oshiro, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-segurança de Lula Freud Godoy, entre outros.

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A Bancoop foi criada nos anos 1990 por um núcleo do Partido dos Trabalhadores, agremiação que está sob fogo cerrado da força tarefa da Operação Lava Jato por suspeita de ter sido favorecido no esquema de propinas que se instalou na Petrobrás entre 2004 e 2014.

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Na primeira etapa dos trabalhos, os promotores do Ministério Público de São Paulo denunciaram criminalmente 16 investigados, entre eles o ex-presidente Lula, sua mulher, Marisa Letícia, o filho mais velho do casal, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Os promotores Cássio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique de Moraes Araújo acusam Lula por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Sob alegação de que o ex-presidente (2003/2010) promoveu 'ataques ao sistema de Justiça' e teria tentado obstruir a ação dos órgãos de fiscalização, requereram sua prisão preventiva - a 4.ª Vara Criminal da Capital mandou o procedimento para as mãos do juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato.

Nesta segunda etapa da investigação, aberta no dia 18 de março, os promotores miram em 'possíveis irregularidades envolvendo condomínio de construção e ligação com a OAS no residencial Jardim Anália Franco, entre outros'. Eles apuram 'possibilidade de lavagem de dinheiro na modalidade dissimulação da origem do dinheiro para aquisição de bem imóvel ou, então, para alguns na modalidade ocultação de bem imóvel, ou, ainda, como fruto de possível produto de estelionato envolvendo pessoas e movimentos ligados ao Partido dos Trabalhadores.

Os promotores juntaram ao novo procedimento o relato de Sandra Aparecida Gomes. Ela disse que em um hotel na Alameda Santos o PT ocupa um flat com estrutura de escritório. Sandra afirmou que numa reunião com Vaccari Neto, então na presidência da Bancoop (2005/2010) ficou sabendo que a cooperativa 'quebraria', mas seriam salvas algumas torres e que o tríplex (referência ao imóvel no Condomínio Solaris, no Guarujá, que seria de Lula) 'iria efetivamente para o chefe e também para a OAS Empreendimentos'.

Por meio de sua assessoria de imprensa, Vagner Freitas informou que 'pagou pelo apartamento, tem a escritura e vai levá-la ao Ministério Público'.

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VEJA A LISTA DE CITADOS EM DOCUMENTO DA PROMOTORIA CRIMINAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO

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1) Wagner Freitas, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), que outrora já trabalhou na Bancoop e detém unidade autônoma no Residencial Altos do Butantã;

2) Mirele Nóvoa de Noronha Oshiro, filha de Rosemary Noronha, amiga de Lula, detentora de unidade duplex 182, no residencial Ilhas d' Itália e ao que parece também uma unidade no Torres de Mooca. Informa-se, ainda, que há indícios de que Rosemary Nóvoa Noronha e seu irmão, Edson Lara Nóvoa também sejam detentores de imóveis no empreendimento Torres da Mooca, sem prejuízo de outros imóveis ocupados por Rosemary e familiares, supostamente, envolvidos em supostos crimes.

3) Carlos Eduardo Gabas, que, igualmente, já trabalhou na Bancoop e foi ministro da Previdência Social com unidade autônoma 41, do edifício Jurea, no residencial Jardim Anália.

4) João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT e condenado na Lava Jato, que detinha uma unidade autônoma 44 A, atual 34 A, no edifício Salinas, condomínio Mar Cantábrico, atual Solaris, ao que parece vendida.

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5) Freud Godoy e Simone Messeguer, em relação a unidade 133 A do edifício Salinas, condomínio Solaris;

6) Duas unidades em nome da CUT (Central Única dos Trabalhadores) no empreendimento Mirante do Tatuapé. Ao que parece a referida Central seria possuidora de unidades 163 A e 173 A.

7) Marice Correia de Lima na unidade 193 A do mirante do Tatuapé entre outras.

8) Ana Maria Érnica, ex-diretora da Bancoop, ré em ação penal em trâmite perante a 5ª. Vara Criminal de São Paulo e também denunciada em 9 de março de 2016 pelo Ministério Público Estadual com distribuição para a 4.ª Vara Criminal com declinação da jurisdição para a 13ª. Vara Federal de Curitiba, com recurso em tramitação. Ao que parece teria unidade autônoma no empreendimento Torres da Mooca.

9) José Carlos Spinoza e Rogério Aurélio Pimentel, com supostas unidades no residencial, Torres da Mooca. O primeiro é ex-chefe de gabinete do Escritório Regional da Presidência da República em São Paulo e o último ex-assessor do gabinete especial do Ex-Presidente da República.

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10) Osvaldo Bargas, ex-diretor da CUT, com suposta unidade no artigo 174 no residencial Torres da Mooca.

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