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Procuradoria vê mentira de Eike ao citar Caixa para justificar pagamento a mulher de Cabral

Para procuradores da força-tarefa no Rio, empresário tentou 'ludibriar' órgãos de investigação ao relacionar um pagamento da EBX para o escritório de Adriana Ancelmo a um fundo que sua empresa tentou contratar, sem sucesso, com o banco estatal

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Por Mateus Coutinho , Fabio Serapião e Fausto Macedo
Atualização:

O empresário Eike Batista. Crédito:FÁBIO MOTTA/ESTADÃO Foto: Estadão

Alvo de um mandado de prisão preventiva nesta quinta-feira, 26, o empresário Eike Batista usou um financiamento frustrado da EBX na Caixa Econômica Federal para tentar justificar o pagamento feito pela empresa no valor R$ 1 milhão em 2013 ao escritório de advocacia da mulher de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo. Para os procuradores da República, contudo, há indícios de que este pagamento teria sido propina para o ex-governador do Rio e o empresário tentou "ludibriar os órgãos estatais de investigação".

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"A conduta do investigado Eike Batista revela a um lado a sua contemporânea disposição de ludibriar os órgãos estatais de investigação, e a outro uma prática que tem se mostrado comum a esse investigado, que é a de simular atos jurídicos formalmente perfeitos para dar foros de legalidade a operações que, em verdade, traduzem pagamento de propina e lavagem de dinheiro", assinala a força-tarefa no aditamento do pedido de prisão do empresário.

As investigações sobre o esquema de Sérgio Cabral apontaram que o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, atualmente presa preventivamente, era utilizado para a lavagem de dinheiro da propina que o ex-governador e seu grupo cobravam de empresas, como a EBX, que mantinham obras com o governo estadual durante a gestão do peemedebista. Ao identificar este pagamento da EBX, a Procuradoria da República no Rio foi atrás do empresário, que chegou a depor perante os investigadores fluminenses em 30 de novembro do ano passado.

TRECHO DO DEPOIMENTO DE EIKE BATISTA:

 Foto: Estadão

Na ocasião, ele negou ter pago propina a Sérgio Cabral, "o que se mostrou rematada mentira", segundo a Procuradoria, e disse que o pagamento de R$ 1 milhão ao escritório de Adriana teria sido feito por indicação da Caixa Econômica Federal. "Na oportunidade o investigado apresentou a versão de que aquele valor foi pago em razão de um Fundo de Investimentos e Participações contratado à Caixa Econômica Federal para a captação de projetos, e que a própria empresa pública federal teria indicado a COELHO & ANCELMO ADVOGADOS para realizar serviços que não estariam a cargo da CEF, cabendo à EBX pagar pelos mesmos", assinalam os procuradores.

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A versão, contudo, foi desmentida pelo banco e pela própria Procuradoria ao identificar as ordens de pagamento da EBX para Adriana Ancelmo. Ao MPF, a Caixa informou as tratativas para a criação do fundo para a EBX foram encerradas entre abril e julho de 2013 e ele nunca foi efetivamente iniciado e que o banco nunca indicou o escritório de Adriana Ancelmo.

"Não houve indicação, pela Caixa, na qualidade de administradora de fundos de investimentos, do escritório de advocacia 'Coelho e Ancelmo Advogados' para a EBX, nem para qualquer outra operação, ressaltando ainda que 'não é praxe que a Caixa, como administradora de fundos de investimento, indique escritórios de advocacia para clientes que pretendam investir nos fundos que administra", afirmou o banco em ofício à Procuradoria da República no Rio.

Além disso, ao analisar a documentação da própria EBX, a Procuradoria identificou que ordem de pagamento de R$ 1 milhão para o escritório de Adriana não tinha nenhuma referência ao fundo que vinha sendo negociado com a Caixa e mencionava apenas ""serviço despesas legais judicias cartorárias".

"E também chamou a atenção o ofício de cobrança da COELHO & ANCELMO à EBX, que sugere que a quantia refere-se não apenas a serviço pontual, mas a um pagamento mensal (a indiciar possível relação continuada de pagamento de propinas, a ser objeto de mais profunda investigação), e que os valores dos impostos foram cuidadosamente calculados a fim de que o valor líquido de repasse fosse de exatos R$ 1 milhão de Reais", segue a força-tarefa.

Diante deste e de outros elementos apontando o pagamento de propina de R$ 16,5 milhões de Eike a Sérgio Cabral, o juiz Marcelo Costa Bretas determinou a prisão preventiva do empresário, que atualmente está no exterior foragido da Justiça brasileira.

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