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Procuradoria no Amazonas nega ter recebido dossiê sobre assassinato do indigenista Maxciel Pereira dos Santos

Morto a tiros em 2019, Santos era servidor da Funai e atuava no Vale do Javari ao lado do indigenista Bruno Pereira

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Por Rayssa Motta
Atualização:

Familiar de Maxciel Pereira, ativista ambiental e colaborador da Funai assassinado em 2019; dossiê aponta que crime teve mandante. Foto: Wilton Junior/Estadão

O Ministério Público Federal (MPF) negou neste sábado, 25, ter recebido qualquer dossiê sobre o assassinato do indigenista Maxciel Pereira dos Santos. O crime aconteceu em setembro de 2019 em Tabatinga, no Amazonas, e até hoje não foi esclarecido. Amigos e familiares fizeram uma investigação independente e dizem que as informações reunidas foram consolidadas em um documento entregue à Polícia Federal (PF) no início do ano passado. A conclusão foi a de que a morte teria sido encomendada por uma rede de narcotraficantes, pescadores ilegais e garimpeiros que atuam na região.

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Em nota, o MPF disse que "vem acompanhando as investigações desde a instauração do inquérito" pela PF e que "não consta nos autos nenhum dossiê entregue por familiares ou quaisquer documentos dessa natureza". "Portanto, o MPF não tem conhecimento do referido dossiê", afirma o órgão.

Maxciel era servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) e foi morto com dois tiros na cabeça. Familiares do indigenista acreditam que o mesmo grupo que o matou está por trás dos assassinatos do também indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, no último dia 5, em Atalaia do Norte.

Investigações

O comunicado do MPF diz ainda que, desde 2020, o órgão respondeu dez ofícios da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) sobre crimes na região. "Todos os ofícios recebidos no MPF foram autuados e deram origem a procedimentos administrativos cíveis e criminais ou inquéritos policiais, instaurados para apurar as situações relatadas pela Univaja", informa o Ministério Público

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De acordo com o MPF, os procedimentos em curso investigam a presença de garimpeiros, missionários, pescadores, caçadores e desmatadores no Vale do Javari. Veja as suspeitas:

  • Presença de garimpeiros e missionários em área de ocupação de indígenas isolados no Vale do Javari;
  • Atuação ilegal de balsas de garimpo no interior da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Cujubim, no rio Curuena;
  • Desmatamento no igarapé Limão, área sul da terra indígena Vale do Javari;
  • Desmatamento e instalação irregular de linha de transmissão de energia elétrica no interior da terra indígena Mawetek;
  • Invasão de garimpeiros na aldeia Jarinal;
  • Pescadores e caçadores nos rios Ituí e Itaquaí.

O Ministério Público Federal afirma que em reuniões com a Univaja, inclusive na sede da organização, "foram prestadas diversas informações sobre as atuações em andamento".

"O MPF reforça o compromisso com a defesa das garantias constitucionais dos povos indígenas e o combate à criminalidade no Amazonas, inclusive ambiental, por meio dos diversos instrumentos judiciais e extrajudiciais disponíveis à instituição", conclui o texto.

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