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Procuradoria manda para Fachin delação de Funaro

Janot encaminha ao ministro do Supremo colaboração premiada de corretor, cujas informações podem ser usadas em eventual nova denúncia contra Temer

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Por Beatriz Bulla e Fabio Serapião
Atualização:

Lucio Funaro. Foto: Dida Sampaio/AE - 2006

A delação do operador financeiro Lúcio Funaro chegou nesta terça-feira, 29, ao gabinete do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Cabe ao relator da Lava Jato na Corte decidir se homologa ou não o acordo de Funaro com a Procuradoria-Geral da República. Só depois que os termos forem homologados, o Ministério Público poderá usar as informações prestadas pelo operador para realizar investigações. O acordo foi firmado com a PGR porque Funaro citou nos depoimentos autoridades com foro privilegiado.

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Funaro detalhou sua atuação como operador financeiro do PMDB da Câmara dos Deputados, grupo político liderado pelo presidente Michel Temer. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve usar informações prestadas por Funaro em uma eventual segunda denúncia contra o presidente. Temer foi acusado de corrupção passiva pelo procurador, mas a Câmara rejeitou a denúncia. O presidente, no entanto, ainda é investigado por suspeita de obstrução da Justiça e organização criminosa.

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A delação de Funaro deve trazer informações também sobre os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba.

Antes de embarcar para a China, onde participa da cúpula do Brics, Temer gravou um vídeo em que afirmou ter "força necessária para resistir". Ele não citou o nome de Janot, mas afirmou que "tem gente que quer parar o Brasil, e esse desejo não tem limites". No Congresso, a preocupação da base com a eventual chegada de uma segunda denúncia volta a ser a escolha de um relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Trâmite. A expectativa é de que Fachin homologue o acordo. Antes disso, o ministro deve convocar Funaro. O delator precisa confirmar a um juiz auxiliar do ministro que firmou o acordo de delação de forma espontânea. O procedimento costuma ser breve no gabinete de Fachin e investigadores da Lava Jato esperam que o acordo seja confirmado até o fim desta semana ou, no mais tardar, no início da semana que vem. O conteúdo da delação é mantido em sigilo.

O acordo foi assinado há uma semana na sede da PGR, em Brasília. Depois disso, o operador financeiro passou a prestar depoimentos aos investigadores.

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Funaro relatou como políticos do PMDB atuavam em órgãos públicos sob o controle de seus integrantes. Ele já foi alvo de duas operações (a Sépsis e a Cui Bono?) e está preso. A primeira operação apura sua atuação no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FI-FGTS, e a segunda investiga sua influência na Vice-Presidência de Pessoa Jurídica da Caixa durante a gestão de Geddel Vieira Lima.

Estão na mira dessas duas investigações grandes grupos econômicos como a holding J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, e as empresas da família Constantino, dono da Gol Linhas Aéreas. Só do Grupo J&F, segundo planilha entregue por Joesley em sua delação, Funaro recebeu cerca de R$ 170 milhões nos últimos anos. O corretor detalhou o histórico da sua relação com a família Batista.

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