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Procuradoria denuncia procurador infiltrado por Joesley

Ângelo Goulart Villela recebia uma mesada de R$ 50 mil do empresário Joesley Batista. para mantê-lo informado da Operação Greenfield, investigação sobre rombo bilionário nos maiores fundos de pensão do País

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Por Fabio Serapião , Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

Willer Tomaz (à esq.) e Ângelo Goulart. Foto: Reprodução

A Procuradoria Regional da República na 3ª Região (PRR3) denunciou nesta segunda-feira, 5, o procurador da República Ângelo Goulart Villela pelos crimes de corrupção, violação de sigilo funcional e obstrução de Justiça. Goulart é acusado de atuar como agente infiltrado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, na força-tarefa da Operação Greenfield - investigação do Ministério Público Federal sobre rombo bilionário nos maiores fundos de pensão do País.

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, designou para atuar no caso os procuradores regionais da República Janice Agostinho Barreto Ascari, Uendel Domingues Ugatti e Paulo Taubemblatt.

A denúncia foi feita perante o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, porque a lei determina que procuradores da República sejam processados no Tribunal responsável pelo local de sua lotação. Villela, embora estivesse cedido à Procuradoria-Geral da República, tem lotação na Procuradoria da República em Osasco (SP).

Goulart recebia uma mesada de R$ 50 mil de Joesley para mantê-lo informado sobre os passos da Greenfield. O procurador integrava a força-tarefa.

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A denúncia atinge também o advogado Willer Tomaz, que teria sido o responsável pela cooptação de Goulart, pelos crimes de corrupção ativa, violação de sigilo e obstrução. Os investigadores estão de posse de imagens de um jantar em Brasília em que estavam presentes o procurador, o advogado e o diretor da JBS Francisco de Assis e Silva.

A Procuradoria, pelos mesmos fatos, deixou de oferecer denúncia em relação aos colaboradores Francisco de Assis e Silva e Joesley Batista Mendonça, em razão da imunidade concedida a ambos no bojo dos acordos de colaboração premiada firmados com a Procuradoria-Geral da República PGR e homologados pelo STF.

 Foto: Estadão

O próprio Joesley comunicou ao presidente Michel Temer sobre a mesada de R$ 50 mil ao procurador durante reunião no Palácio do Jaburu na noite de 7 de março.

O procurador e o advogado estão presos desde a deflagração da Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato, em 18 de maio. Ao apresentar a denúncia criminal contra Goulart e Tomaz, a Procuradoria Regional da República requereu a manutenção da ordem de prisão que pesa contra Ângelo Goulart e Willer Tomaz.

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Foi pedido também que a cópia integral dos autos seja remetida para a presidência do Tribunal Regional Federal (TRF1) e para a Procuradoria Regional da República na 1ª Região, para que sejam adotadas as providências cabíveis em relação aos fatos relacionados ao juiz federal Ricardo Leite.

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O Ministério Público Federal também pediu que a cópia dos autos seja ainda remetida à Procuradoria da República no Distrito Federal, para apuração de eventuais atos de improbidade administrativa, bem como dos fatos relacionados ao advogado Juliano Costa Couto e a uma outra pessoa, até agora identificada apenas como André nos depoimentos dos colaboradores.

Após a denúncia do Ministério Público Federal, o TRF3 vai abrir um prazo para que a defesa dos denunciados apresente uma defesa prévia. Depois disso, e da resposta do Ministério Público, o Órgão Especial do TRF3 deverá julgar se recebe ou não a denúncia, transformando os então denunciados em réus.

 

 

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