Notícia atualizada às 18h50 de 08.10.2019 para inclusão do nome dos denunciados
Os procuradores da força-tarefa Greenfield denunciaram 26 investigados por suposto 'rombo bilionário' contra previdência complementar Funcef, Petros e Postalis. Nesta segunda, 7, os procuradores levaram à Justiça três acusações penais contra o grupo por supostas fraudes - nos três casos, os crimes teriam sido viabilizados por meio de aportes no Fundo de Investimentos e Participações (FIP) Multiner, segundo os procuradores.
"Os acusados responderão, na medida de suas participações, por gestão fraudulenta, temerária ou por desvio de recursos em proveito próprio ou de terceiros", assinala o Ministério Público Federal.
Além das penas de prisão, os procuradores reivindicam o pagamento de R$ 3,1 bilhões como forma de reparação de danos moral e social causados, bem como para a devolução dos produtos dos crimes. O montante equivale ao triplo dos prejuízos causados.
As fraudes teriam ocorrido, segundo a Procuradoria, entre 2009 e 2014.
"Diretores dos fundos de pensão, em parceria com executivos do Multiner e com empresas de consultoria, agiram para aprovar aportes milionários no Multiner, mesmo em um cenário de desequilíbrio e incapacidade financeira da empresa", sustenta o Ministério Público Federal.
A denúncia aponta que 'os artifícios para engendrar tais operações envolveram a superavaliação da empresa, o uso de laudos falsos e a minimização dos riscos envolvidos nos financiamentos realizados'.
As investigações revelaram que 'as consultorias contratadas para fazer a valoração do Multiner e para orientar quanto à decisão pelos aportes eram empresas especializadas em design de interiores e em suporte técnico de serviços de TI'.
"Ou seja, sob o pretexto de consultar empresas de 'notória especialização', foram contratadas instituições sem qualquer expertise que pudesse fundamentar investimentos milionários com recursos de terceiros", acentua a Procuradoria.
As denúncias esclarecem também 'a complexidade envolvida nos negócios' e as 'necessárias condutas de diligência, cuidado e segurança que deveriam ter sido observadas nas aprovações dos investimentos'.
"O FIP Multiner englobava, ao menos no papel, dezenas de usinas hidrelétricas, o que, por si só, denotaria a necessidade de conhecimento relevante a fim de endossar as aplicações", ressalta a Procuradoria. "No entanto, invariavelmente a atitude dos diretores dos fundos foi de negligência e de omissão, em prejuízo dos pensionistas ou investidores."
"Todo o processo que culminou com os atos de gestão fraudulenta aqui já narrados, geraram o enriquecimento indevido da holding Muttiner S/A, e, consequentemente, de seus controladores, em prejuízo aos fundos de pensão", diz a Procuradoria.
Segundo as denúncias à Justiça, '100% dos investimentos realizados pelos cotistas no FIP foram perdidos'
Os denunciados pelos procuradores da força-tarefa Greenfield foram:
- Guilherme Narciso de Lacerda
- Luiz Philippe Peres Torelly
- Carlos Alberto Caser
- Carlos Augusto Borges
- José Augusto Ferreira dos Santos
- Humberto Pires Grault Vianna de Lima
- Diego de Magalhães Ozorio
- Carlos Alberto Rosa
- Ronaldo Marcelio Bolognesi
- Paulo Cesar Rutzen
- Wagner Pinheiro de Oliveira
- Luís Carlos Fernandes Afonso
- Newton Carneiro da Cunha
- Carlos Fernando Costa
- Humberto Santamaria
- Roberto Gremler
- Fernando Pinto Matos
- José Genivaldo da Silva
- Marcelo Andreeto Perillo
- Luiz de Magalhães Ozório
- Alexej Predtechensky
- Adilson Florêncio da Costa
- Ricardo Oliveira Azevedo
- José Carlos Rodrigues de Souza
- Mônica Christina Caldeira Nunes
- João Carlos Penna Esteves
COM A PALAVRA, O FUNDO DE INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES (FIP) MULTINER
A reportagem busca contato com o Multiner. O espaço está aberto para manifestação.
COM A PALAVRA, A DEFESA DOS DENUNCIADOS
A reportagem busca contato com a defesa de todos os denunciados pela força-tarefa. O espaço está aberto para manifestação.