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Procuradoria defende manutenção de preventiva contra suposto operador de 'caixinha de propinas' de Pastor Everaldo

Em manifestação enviada ao Superior Tribunal de Justiça, subprocuradora Lindôra Araújo aponta 'incontestável risco para a ordem pública' em uma eventual soltura de Victor Hugo Barroso, apontado como operador e beneficiário de esquema de corrupção no Rio

Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

A Procuradoria Geral da República (PGR) defendeu a manutenção da prisão preventiva de Victor Hugo Barroso, apontado como suposto operador do presidente do PSC, Pastor Everaldo, no esquema de desvio de verbas públicas da Saúde no Rio de Janeiro. Victor Hugo foi denunciado junto do governador afastado Wilson Witzel (PSC) por organização criminosa e lavagem de dinheiro.

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Em parecer assinado pela subprocuradora Lindôra Araújo, a Procuradoria destaca que uma eventual revogação da prisão preventiva apresentaria 'incontestável risco para a ordem pública' e para o avanço das investigações. A defesa alega que Victor Hugo tem doenças crônicas como diabetes tipo 1.

Na denúncia apresentada ao Superior Tribunal de Justiça, o suposto operador é apontado como responsável pela movimentação da 'caixinha de propinas' instituída por Pastor Everaldo junto às organizações sociais contratadas para a área da Saúde do Rio.

Segundo Lindôra, cabia a Victor Hugo fazer a movimentação do dinheiro, 'gerindo a caixinha de propina, atuando de forma a evitar que rastros fossem deixados no sistema bancário oficial'.

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"Dada a relevância da sua atuação, a Victor Barroso cabe a quota de 15% do caixa formado pelos recursos auferidos ilicitamente pela organização criminosa", apontou a subprocuradora.

As investigações também revelaram que Victor Hugo possui residência em Montevidéu, no Uruguai, onde também é registrada uma offshore no nome de sua mãe, Soraia Amaral Cavalcante Barroso. Outras duas offshores identificadas em nome de familiares do suposto operador também foram descobertas no esquema.

Segundo a Procuradoria, a residência e as empresas no exterior demonstrariam que Victor Hugo 'criou uma longa teia de empresas e organizações para as fraudes e a lavagem de dinheiro' e que ele teria facilidade para deixar o país 'e viver tranquilamente no Uruguai'.

O esquema da 'caixinha de propinas' instituída por Pastor Everaldo dentro da gestão Witzel, segundo a PGR. Foto: Procuradoria-Geral da República / Reprodução

Caixinha de propinas. A 'caixinha de propinas' instituída por Pastor Everaldo, segundo confissão do empresário Edson Torres à Polícia Federal, foi abastecida por repasses feitos por cinco organizações sociais: Solidário, Nova Esperança, Mahatma Gandhi, Gnosis e Idab - a Nova Esperança, inclusive, era administrada por Marcos Pereira, irmão de Pastor Everaldo.

O esquema é um dos pontos que embasam as duas denúncias apresentada pela PGR contra o governador afastado Wilson Witzel por organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a Procuradoria, cada organização pagava ao grupo um percentual que variava de 3% a 6% do valor dos contratos firmados com o governo Witzel.

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A propina iria para uma 'caixinha', que era redistribuída ao governador (20%), Pastor Everaldo (20%), aos operadores Edson Torres (15%) e Victor Hugo (15%), e ao então secretário de Saúde, Edmar Santos (30%), hoje delator.

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"Segundo confessado por Edson Torres, no período de 01/01/2019 a junho de 2020, essa caixinha da propina na Secretaria de Saúde arrecadou vantagens indevidas no valor de aproximadamente R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais", apontou a PGR.

A manutenção da 'caixinha de propinas' por parte das organizações sociais era feita para garantir contratos de gestões hospitalares e de unidades de pronto atendimento ou manter acordos já firmados com o governo. Os valores eram pagos em espécie a Victor Hugo, que ficava responsável pela operacionalização dos repasses aos agentes públicos abastecidos pela caixinha.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE VICTOR HUGO BARROSOA reportagem busca contato com a defesa de Victor Hugo Barroso. O espaço está aberto a manifestações (paulo.netto@estadao.com).

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