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Procuradoria cancela reunião sobre delação com lobista que pagou a filho de Lula

Encontro estava agendado para esta terça, 19, na Papuda, mas foi suspenso após defesa de Mauro Marcondes denunciar 'pressão' da Operação Zelotes

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Foto do author Fausto Macedo
Por Fabio Fabrini , Andreza Matais , Fausto Macedo , Brasília e São Paulo
Atualização:

Mauro Marcondes. Foto: Divulgação

O Ministério Público Federal desmarcou reunião com o lobista Mauro Marcondes Machado, acusado de "comprar" medidas provisórias no governo federal, na qual seria discutido eventual acordo de delação premiada. O encontro estava agendado para esta terça-feira, 19, na Penitenciária da Papuda, em Brasília, mas a Procuradoria da República no Distrito Federal o cancelou após a defesa do réu denunciar suposta pressão para que ele colaborasse com as investigações da Operação Zelotes.

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Como revelou o Estado no sábado, Mauro Marcondes recebeu a visita do delegado Marlon Oliveira Cajado, da Polícia Federal, na segunda-feira, 11. O advogado do lobista, Roberto Podval, afirmou que, no encontro, o policial "chantageou" seu cliente para que fizesse a delação. Conforme o defensor, a colaboração foi proposta como uma forma de evitar que a mulher de Marcondes, Cristina Mautoni, passasse da prisão domiciliar para o regime fechado.

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Dias depois da visita, a PF e o MPF pediram a transferência de Cristina. A Justiça Federal aceitou o pedido e ela foi detida na última terça-feira, 18, em São Paulo. Assim como o marido, ficará presa em Brasília.

O delegado não se pronunciou sobre as declarações do advogado. O MPF informou que não se manifesta sobre delações premiadas.

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Conforme fonte da investigação, a reunião foi desmarcada porque a força-tarefa encarregada da Zelotes entendeu, com base nas declarações do advogado, que a defesa não  quer, de fato, a delação. Não há previsão de tratativas nos próximos dias.

Podval informou ontem que, por ora, a defesa vai se concentrar nos depoimentos à Justiça Federal, que começam a ocorrer na próxima sexta-feira, 22. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será um dos inquiridos, na condição de testemunha de um envolvidos, o lobista Alexandre Paes dos Santos.

Mauro e Cristina são réus em ação penal que apura o suposto envolvimento do casal em corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Conforme denúncia oferecida pelo MPF, os dois operaram esquema de pagamento de propina para conseguir a edição, pelo governo, e a aprovação, pelo Congresso, de medidas provisórias que concediam incentivos fiscais a montadoras de veículos. O caso foi revelado pelo Estado em outubro.

Numa eventual delação, o lobista pretende contar detalhes de repasses feitos a uma empresa de Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula. Os investigadores da Zelotes suspeitam que os pagamentos tenham ligação com as medidas provisórias. Luís Cláudio sustenta que recebeu por "serviços" prestados ao lobista na área de atuação de sua empresa, o marketing esportivo.

Conforme fonte próxima a Mauro Marcondes, os pagamentos de R$ 2,5 milhões foram feitos como forma de obter prestígio junto ao ex-presidente, o que poderia favorecer suas atividades no governo.

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Cristina foi presa em outubro, assim como outros cinco acusados de integrar o esquema das MPs. Inicialmente, ficaria em regime fechado, mas a Justiça concedeu o direito à prisão domiciliar para que ela se recuperasse de uma cirurgia vascular nas pernas. O pedido para que ela se recuperasse em casa foi feito pela PF, com a anuência dos procuradores da Zelotes. Uma avaliação médica recente, no entanto, atestou que a acusada agora já tem condições para ficar numa unidade prisional.

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