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Procuradoria abre investigação contra vacinação de empresários às escondidas em Minas Gerais

Ministério Público Federal afirma que caso pode configurar violação à lei que determina o repasse ao SUS de imunizantes comprados pela iniciativa privada e crimes relacionados à importação ilegal do medicamento; PF também apura esquema

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Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

O Ministério Público Federal instaurou nesta quinta, 25, uma investigação sobre o caso de empresários mineiros que adquiriram e aplicaram doses de covid às escondidas em Belo Horizonte. O esquema foi revelado pela revista piuaí e também é alvo de apuração da Polícia Federal.

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Segundo a revista, o grupo formado por políticos e empresários do setor de transportes adquiriu doses da Pfizer e aplicaram secretamente em 50 pessoas. Cada uma pagou R$ 600 pela vacina.

Seis vídeos obtidos pelo Estadão mostram pessoas sendo vacinadas na noite de terça-feira, 23, na garagem de uma empresa de transporte localizada em Belo Horizonte. As imagens foram gravadas por vizinhos do local, que denunciaram um esquema clandestino de imunização contra a covid-19 pela viação Saritur. O vai e vem ocorreu após as 20h, quando já estava em vigor o toque de recolher determinado pela prefeitura.

As imagens exibem uma aglomeração de carros em volta da entrada do local. Uma mulher de jaleco branco vai até o porta-malas de um carro, retira a vacina, e aplica nos motoristas. Alguns descem do carro para receber sua dose. Outros são vacinados dentro do próprio carro. Uma outra pessoa anota nomes em uma ficha, como se estivesse confirmando cada vacinação dada.

Segundo a Procuradoria, os fatos narrados na reportagem podem indicar violação à Lei 14.125 (que permite a compra de vacinas pela iniciativa privada desde que sejam repassadas ao SUS) e crimes relacionados à importação ilegal do medicamento. O procedimento administrativo criminal tramitará sob sigilo. A PF também apura o caso.

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Funcionário médico prepara uma seringa contendo uma dose de uma vacina contra a Covid-19. Foto: Pascal Rossignol / Reuterscina

Um dos que teriam recebido a dose foi o ex-senador Clésio Andrade, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT). "Estou com 69 anos, minha vacinação (pelo SUS) seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim", disse à piauí.

Ao Estadão, Andrade negou ter sido vacinado pelo grupo. "Desconheço. Estou em quarentena aqui no Sul de Minas. Tive covid", afirmou.

As doses da Pfizer contratadas pelo Ministério da Saúde ainda não chegaram ao País. A farmacêutica nega 'qualquer venda ou distribuição de sua vacina contra a covid-19 no Brasil fora do âmbito do Programa Nacional de Imunização'. "A vacina COMIRNATY ainda não está disponível em território brasileiro", frisou, em nota.

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