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Procuradoria abre guerra contra o glifosato no campo

Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso e Ministério Público Federal entram com ação civil pública para proibir que produtores rurais de Mato Grosso utilizem qualquer agrotóxico que contenha o princípio ativo

Por Pedro Prata
Atualização:

A Procuradoria ajuizou uma ação civil pública para proibir que os produtores rurais de Mato Grosso utilizem qualquer agrotóxico que contenha o princípio ativo glifosato.

Para o Ministério Público do Trabalho (MPT-MT), o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual, a medida protege a saúde da coletividade de trabalhadores rurais expostos aos agrotóxicos, 'com efeitos que se desdobram para resguardar, também, o meio ambiente natural e a saúde coletiva'.

Procuradoria: 'Diante do risco de danos graves e irreversíveis, não se pode deixar de adotar medidas visando prevenir a degradação do meio ambiente e do trabalho'. Foto: Dirceu Portugal/Estadão

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A ação, sob a modalidade coletiva passiva, foi ajuizada contra a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) e da Associação Mato-Grossense do Algodão (Ampa).

"Uma decisão favorável nesse momento é essencial para, ao menos, diminuir os efeitos negativos à saúde humana causados pelo referido princípio ativo, evitando-se a exposição prolongada que gera graves doenças crônicas. A Justiça tem uma decisão a tomar. Acolher o pedido dos Ministérios Públicos para ao menos mitigar e neutralizar parcialmente o aparecimento de doenças crônicas como o câncer, ou se contentar a, no futuro, proferir várias condenações em virtude de danos à saúde já materializados", alerta a Procuradoria.

"É necessário que vários seres humanos adoeçam e morram 'comprovadamente' em razão do glifosato até que venha a sua proibição?", questionam os autores da ação.

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A Procuradoria se baseou em pesquisas científicas desenvolvidas pela International Agency for Research on Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo a qual o produto pode causar câncer.

Na ação é apontada a importância do princípio da precaução.

Por esse princípio, 'diante do risco de danos graves e irreversíveis, não se pode deixar de adotar medidas visando prevenir a degradação do meio ambiente e do trabalho'.

No caso, mesmo com a ausência de certeza científica absoluta, a exemplo do 'provável' carcinogênico citado pela OMS, há inúmeros estudos que mostram os prejuízos causados pelos agrotóxicos ao meio ambiente e à saúde humana.

Além disso, a utilização desses produtos em um sistema aberto (meio ambiente) impossibilita qualquer medida efetiva de controle. Não há como enclausurar essas fontes de contaminação e proteger água, solo, ar e os ecossistemas. "De forma difusa e indeterminada, os consumidores e os trabalhadores são expostos a esses venenos, que, de modo geral, estão presentes na alimentação da população e no ambiente de trabalho do agricultor."

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Glifosato já sofreu derrotas nos EUA

O herbicida se popularizou no produto da Monsanto chamado Roundup, também conhecido no Brasil como 'mata mato'. Após a expiração da patente, passou a fazer parte de vários produtos disponíveis no mercado.

As informações são fornecidas pela Assessoria de Comunicação da Procuradoria, que deu prazo de 12 meses para o cumprimento da determinação, devido à larga utilização do princípio ativo no Estado para o combate de ervas daninhas.

'Sem glifosato não tem safra no Brasil', disse o presidente da Aprosoja-MT, Antonio Galvan, ao Estado.

Ele deu a entrevista após a Justiça no Distrito Federal suspender por um mês, em 2018, a utilização do glifosato no País até que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluísse uma reavaliação toxicológica do agrotóxico.

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Em agosto deste ano, o Instituto Butantan publicou os resultados de um estudo que mostrou que não há dose segura de alguns agrotóxicos. O glifosato estava entre as substâncias analisadas.

COM A PALAVRA, A AMPA

"A Ampa não irá se manifestar no momento uma vez que a entidade tomou conhecimento da proibição pela imprensa e está buscando mais informações sobe o assunto."

COM A PALAVRA, A APROSOJA

A reportagem tentou contato com a Aprosoja. O espaço está aberto para posicionamento. (pedro.prata@estadao.com)

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COM A PALAVRA, A FAMATO

A reportagem tentou contato com a Famato. O espaço está aberto para posicionamento. (pedro.prata@estadao.com)

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