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Procedimentos eletivos salvam vidas

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Por Eduardo Amaro
Atualização:
Eduardo Amaro. Foto: Divulgação

A possibilidade de retomada dos procedimentos eletivos no setor privado de saúde gerou uma série de críticas e receios sobre uma possível incapacidade em atender os pacientes acometidos pela COVID-19, principalmente no caso de os leitos do sistema público não serem suficientes para atender a população. Antes de tirar conclusões precipitadas, é preciso entender o cenário e a importância da manutenção da assistência à saúde das pessoas.

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Graças às medidas preventivas de isolamento que vêm sendo adotadas pelo Ministério da Saúde desde o início de março, bem como as campanhas de orientação e cuidados necessários voltadas para a proteção da população, observamos um número crescente de casos, porém ainda abaixo das projeções realizadas. Assim, muitos hospitais, principalmente os que estão fora dos epicentros da doença, reservaram leitos para o atendimento de pacientes com a COVID-19 que não foram sequer utilizados.

Enquanto essas instituições não têm uma taxa de ocupação que justifique a suspensão dos procedimentos eletivos, elas precisam continuar operando normalmente, para proporcionar a assistência adequada aos pacientes que procuram pelos serviços de saúde, principalmente àqueles que estão em tratamento de doenças graves, como o câncer, ou que fazem acompanhamento de doenças crônicas, como as coronarianas.

Sem a continuidade desses atendimentos, uma enfermidade que poderia ser tratada ou controlada pode se desenvolver e se tornar fatal. Dados da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista apontam que, nas primeiras duas semanas deste mês, houve uma queda de 50% nos atendimentos a pacientes com infarto, em comparação com o mesmo período em 2019. Isso não significa que os casos diminuíram, mas que as pessoas deixaram de procurar atendimento. O resultado disso é um número maior de mortes pela doença. Em Nova York, por exemplo, cidade fortemente acometida pela COVID-19, o número de mortes em casa por infarto aumentou oito vezes, de acordo com levantamento feito por uma comunidade de cardiologistas.

Por isso, é preciso ter cautela com as recomendações. Apenas o médico do paciente pode avaliar o caso e orientá-lo em relação à continuidade ou à suspensão do tratamento, balanceando entre os riscos e os benefícios para a saúde. Qualquer outra opinião será leviana e colocará a vida da pessoa em risco. Reconhecendo a importância desse esclarecimento, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou um alerta em seu site da importância da manutenção do tratamento, da busca pela assistência médica de urgência e emergência, quando necessária, e da realização de procedimentos e cirurgias eletivas mesmo durante a pandemia.

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A COVID-19 é uma doença nova, temida pelas pessoas, e cabe a nós da área da Saúde não estimular o pânico. Dentro dos hospitais, há um fluxo de atendimento diferenciado para esses casos. Os demais pacientes podem e devem continuar buscando a assistência médica necessária. Desta forma, vamos evitar que o vírus faça mais vítimas, inclusive aquelas que não foram sequer contaminadas.

*Eduardo Amaro, Presidente do Conselho da Anahp

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