O sonho de André Luiz de Oliveira de se tornar o primeiro presidente negro da história do Corinthians pode ter sido enterrado nesta terça-feira após a Operação Lava Jato apontar o dirigente como suspeito de ter recebido R$ 500 mil em propinas da Odebrecht durante as obras do Itaquerão.
Bastante ligado ao deputado federal Andrés Sanchez (PT), André Luiz Oliveira é conhecido nas alamedas do Parque São Jorge como André Negão. Eleito 1º vice-presidente no ano passado na chapa encabeçada por Roberto de Andrade, ele é ex-bicheiro e sobreviveu a uma tentativa de assalto na qual levou sete tiros.
Negão é pai do zagueiro André Vinícius, que tem contrato com o Corinthians, mas atualmente está emprestado ao CRB de Alagoas. No Parque São Jorge, Negão costuma frequentar o Bar da Torre e é tido como um bom "puxador de votos" durante as eleições. Nos bastidores do clube, ele era visto até esta terça-feira como principal candidato à sucessão de Andrade, em 2018. A oposição já se articula para pedir a sua expulsão do quadro de associados.
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O dirigente é alvo também, ao lado de Andres Sanchez, de um processo movido pelo Ministério Público Federal que está no Supremo Tribunal Federal (STF). A acusação é de crimes contra o patrimônio e apropriação indébita previdenciária por não recolher impostos do Corinthians corretamente.
Em 2014, a Justiça federal aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal e o valor do débito, incluindo juros e correção monetária, era de R$ 94,3 milhões. O clube não teria pago impostos referentes aos vencimentos de funcionários, empresas terceirizadas e prestadores de serviço.
A diretoria do Corinthians pagou R$ 15 milhões à vista e parcelou o restante durante 15 anos, com parcelas mensais de aproximadamente R$ 450 mil. Apesar de o débito ter sido negociado e parcelado pelo clube, os dirigentes respondem penalmente pelas acusações. Se condenados, podem ser condenados a até dois anos de detenção e pagamento de multa.