Cartas manuscritas encontradas pela Polícia Civil no Pavilhão B da Casa de Prisão Provisória de Palmas contêm ameaças a juízes da Vara Criminal da Capital. Elas fazem parte das investigações da Operação Praetorium Minati, deflagrada nesta segunda, 3, para coibir a ação de facção criminosa com mais de 500 integrantes no Tocantins.
Entre as cartas e bilhetes, destaca-se uma encontrada em 18 de janeiro de 2018.
"O conteúdo do texto ora profere citações bíblicas com teor distorcido, ora ressalta que o autor precisa sair da unidade prisional a fim de que faça, segundo suas palavras, uma 'união' entre as facções", relata o delegado Eduardo de Menezes, responsável pela ação.
Segundo Menezes, a morte de juízes seria um dos objetivos da facção.
"Chamou a atenção uma ameaça clara a um dos magistrados. Isso está visível no texto, como também em alguns diálogos decorrentes de gravações autorizadas pela Justiça. Em um dos trechos do bilhete, o autor escreve que, caso seja mantido enclausurado, o magistrado 'queimaria no fogo do inferno'."
Em outro trecho, novas ameaças a outro juiz mostram que a execução 'traria respeito à organização criminosa'.
"No ponto, destaco que o criminoso responsável pela confecção do bilhete deixa claro aos seus destinatários que um adolescente de outro Estado da Federação seria recrutado para execução do 'serviço'."
Áudios
As investigações também foram abastecidas com áudios autorizados pela Justiça que possibilitaram à Polícia identificar o envolvimento de mais de 500 integrantes da facção atuando no Estado.
Em um áudio cuja transcrição foi divulgada pela 1.ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado de Palmas, dois integrantes da facção combinam o tráfico de drogas na Praia da Graciosa, na capital.
Em uma transcrição, um dos integrantes 'batiza' o outro com um apelido.
Conforme o delegado Menezes, cada homem ligado à facção possui uma espécie de registro com número e apelidos ou alcunha, caracterizando-os como componente do grupo, mas que dificulta a identificação pessoal.
"Em alguns casos, o 'registro' do faccionado é inclusive alterado para dificultar a sua identificação."