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Posto de combustíveis de Cauê usado na campanha quitou compra de R$ 2,2 mi durante eleição

Pertencente ao presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, o União de Limeira recebeu R$ 266 mil da candidatura do tucano, apesar de não ter prestado serviços; empresa foi usada para a compra de outro estabelecimento, durante a campanha, e para adquirir imóvel de luxo por R$ 2,3 milhões, no início de 2019

Foto do author Luiz Vassallo
Por Luiz Vassallo e Fabio Leite
Atualização:

Caue Macris, novo presidente da Assebleia Legislativa de Sao Paulo. FOTO AMANDA PEROBELLI/ESTADAO  

O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Cauê Macris (PSDB), usou a mesma conta bancária do posto de gasolina que recebeu cheques depositados por campanhas políticas da sua família para pagar parte de R$ 2,2 milhões referentes à compra de outra empresa de revenda de combustíveis durante o período eleitoral.

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Macris afirmou, por meio de nota, que o posto União de Limeira 'não fez aquisição de nenhuma empresa'. "O posto, de maneira legal, firmou contrato de empréstimo financeiro "mútuo" para a antiga empresa - Pax Comércio de Combustíveis - hoje denominada Posto União de Ibate, por meio de 12 cheques".

"Qualquer especulação sobre a atividade da empresa e o período eleitoral não encontra qualquer amparo com a realidade", defendeu.

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O contrato de compra e venda de um novo posto na Rodovia Washington Luiz, na cidade de Ibaté, no interior paulista, foi assinado por Cauê e seu sócio, Thiago Akim, em abril do ano passado.

 

Cheques do posto União de Limeira direcionados à aquisição do Pax 

No documento, obtido pelo Estado, ficou acertado que parte do valor de entrada seria paga com um cheque de R$ 450 mil emitido pelo Posto União de Limeira Ltda, do qual Cauê é sócio desde 2012 ao lado de Akim. Ainda segundo o contrato, o posto emitiu outros 12 cheques pós-datados no valor de R$ 22,2 mil cada para quitar outra parte da aquisição.

O primeiro cheque foi assinado com data para o dia 15 de julho de 2018 e os demais para o dia 15 dos meses seguintes, incluindo todo o período eleitoral.

O contrato tem uma cláusula de sigilo. "A obrigação de confidencialidade deverá subsistir por um período de cinco anos a contar da assinatura do presente contrato".

Reprodução 

O dono do Pax, Raphael Matos Leite, processou o tucano por calote. Ele anexou aos autos cheques já recebidos do Posto União, datados de outubro e novembro de 2018. E também um contrato de compra e venda celebrado em abril que especifica que o pagamento de R$ 450 mil com o uso da conta do Posto União seria iniciado somente em junho.

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O restante da aquisição seria compensado por cédula de crédito de R$ 778 mil, transferência de R$ 200 mil, um imóvel, em Nova Odessa, em nome de Thiago Akim, avaliado em R$ 400 mil, e um carro de R$ 155 mil.

Gastos de campanha

Em fevereiro, o Estado revelou que o Posto União de Limeira, que fica na Rodovia Anhanguera, na cidade de Limeira, compensou R$ 881 mil em cheques emitidos pelas campanhas à reeleição de Cauê a deputado estadual e de seu pai, o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB), embora não tenha sido fornecedor de nenhuma delas.

Ambos disseram na ocasião que fizeram isso para "facilitar o pagamento dos cabos eleitorais" que não possuem conta bancária e moram no interior, reduto eleitoral da família. As contas de campanha foram abertas na capital.

Em 2016, o vereador de Americana Rafael Macris já havia compensado R$ 22,5 mil em cheques de sua campanha à Câmara Municipal local na conta do posto de gasolina do irmão.

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Apesar de o valor recebido ser o maior gasto da campanha do parlamentar tucano, a empresa não aparece na relação de fornecedores declarada ao TSE.

Reprodução da prestação de contas da campanha de Cauê Macris. Apesar de não ter prestado serviços, o estabelecimento compensou cheques da candidatura 

O apartamento

Em março deste ano, a reportagem mostrou que dois meses após as eleições de 2018 o posto de Cauê assinou um acordo extrajudicial com uma incorporadora para quitar uma dívida de R$ 344,2 mil referente à compra de um apartamento de luxo em São Paulo, avaliado em R$ 2,3 milhões.

A investigação

Após as reportagens, o Ministério Público abriu uma investigação sobre a campanha eleitoral de Cauê Macris, a partir de uma representação feita pelo deputado estadual Gil Diniz (PSL) questionando doações de mais de R$ 200 mil feitas à campanha do presidente da Alesp por assessores comissionados da Assembleia e por 92 fiscais da Receita estadual. O inquérito está sob sigilo.

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Prédio em São Paulo onde empresa do deputado estadual Cauê Macris (PSDB) comprou imóvel Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

COM A PALAVRA, CAUÊ MACRIS

O posto União de Limeira não fez aquisição de nenhuma empresa. O posto, de maneira legal, firmou contrato de empréstimo financeiro "mútuo" para a antiga empresa - Pax Comércio de Combustíveis - hoje denominada Posto União de Ibate, por meio de 12 cheques. Qualquer especulação sobre a atividade da empresa e o período eleitoral não encontra qualquer amparo com a realidade e tenta induzir uma possível prática ilícita onde está tudo dentro da absoluta legalidade - tanto que a transação foi realizada cinco meses antes do início do período eleitoral.

COM A PALAVRA, RAPHAEL MATOS LEITE

A defesa informou que não irá se manifestar.

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