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Por que sou contra o homeschooling

Por Jade Beatriz
Atualização:
Jade Beatriz. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Eu, estudante, negra, criada na periferia de Fortaleza, filha de faxineira e comerciante, posso afirmar categoricamente: a escola salvou minha vida. E afirmo, não foi só a minha. Conheço centenas de histórias para contar como a educação transformou a vida de diversas pessoas. Esse é apenas UM dos motivos que me faz lutar contra a aprovação do homeschooling no Brasil.

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E pela pesquisa nacional Educação, Valores e Direitos, publicada esta semana, 80% da população brasileira concorda comigo. Então a quem interessa a urgência na aprovação da educação domiciliar? De autoria do Governo Federal, o Projeto de Lei (PL) 2401/19 foi inserido como pauta prioritária e aprovada pela Câmara dos Deputados.

O sentimento que fica é que querem afastar os estudantes da escola. Sabemos que a escola é uma verdadeira máquina de revolução, e digo isso, não no sentido ideológico e sim, porque ela faz jovens negros como eu percorrer diferentes trajetórias, e sonhar em transformar nossas vidas e frequentar uma Universidade, por exemplo.

A escola não é só um espaço de aprendizagem didática, mas também social. É na escola que se aprende a viver em sociedade. Sabemos que a importância da instituição escolar é muito mais ampla do que o aprendizado das matérias regulares.

Diferente do que defendem os apoiadores do projeto, a escola não prega doutrinas, ela estimula o pensamento crítico. O debate sobre gênero não exclui, e sim protege os estudantes LGBTQIA+, permitindo que sintam-se seguros, ampliem seu entendimento sem se esconder dentro "dos armários" para se proteger.

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Além disso, antes da pandemia notou-se que o número de desnutrição crescia durante as férias escolares. Isso porque a escola funcionava como um espaço de segurança alimentar. Quantas histórias ouvimos de crianças que desmaiaram ao chegar na escola por fome?

Ainda sobre a função de proteção, a escola é fundamental na prevenção de abusos sexuais, uma vez que faz observar, conscientizar e denunciar esse tipo de crime, que muitas vezes acontece em casa.

Nós, como sociedade, não podemos afastar crianças e jovens da escola. Não podemos deixar que este projeto seja aprovado. Precisamos proteger os sonhos de milhares de estudantes.

*Jade Beatriz, presidente da UBES

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