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Por que os hospitais querem nossos dados?

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Por André Cripa
Atualização:
André Cripa. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Imagine alguém que, por uma fatalidade, dê entrada inconsciente em um hospital que nunca tenha estado antes. O atendimento de emergência se inicia sem histórico clínico, alergias e diversas informações que, se estivessem disponíveis, poderiam diminuir o tempo de tomadas de decisões e aumentar muito as chances de um melhor desfecho.

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Um conceito que começa a dar seus primeiros passos no país promete transformar essa realidade: a interoperabilidade na saúde, que é a total integração de sistemas para troca de informações de pacientes sem a necessidade de intervenção humana.

Com essa ferramenta, hospitais, laboratórios, operadoras, sejam públicos ou privados, podem estar conectados para olhar o paciente de forma integrada, ao ter acesso a dados, antecedentes e história clínica. No exemplo acima, toda a equipe do hospital já saberia se o paciente tem alguma alergia ou doença crônica, se toma medicamentos diariamente, por quais cirurgias já passou - o que resulta em ganho de tempo, qualidade na assistência e redução de custos para todos os envolvidos.

Mas ainda existem desafios. Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) revelou que 18% dos postos de saúde sequer têm conexão à Internet no país.

Por outro lado, o ConecteSUS, aplicativo do Ministério da Saúde, é um bom exemplo da interoperabilidade na área pública. A ferramenta tem como objetivo auxiliar a RNDS (plataforma nacional de interoperabilidade de dados em saúde) no registro do histórico de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).

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Na rede particular, iniciativas de instituições de saúde de ponta também começam a tomar forma. A discussão nessas esferas já reside em como oferecer as melhores soluções de segurança para a proteção tanto das informações nos sistemas quanto durante as trocas desses dados, além, claro, da garantia do consentimento de uso pelo paciente.

Para médicos e demais profissionais de saúde, a interoperabilidade ajuda a reduzir a carga de trabalho e melhorar a eficiência do diagnóstico, ao permitir aproveitar etapas do processo de atendimento (como testes, exames e consultas) realizadas previamente em outros centros de saúde. O conceito de interoperar sistemas ajuda até mesmo a reduzir a quantidade de telas para as quais o profissional precisa olhar e a de cliques dados no mouse do computador.

Do ponto de vista da política de saúde, a interoperabilidade é uma poderosa ferramenta para reduzir custos da assistência e aumentar a qualidade do serviço público. O próximo passo, agora, é ampliar essa grande rede de interoperabilidade, com o auxílio de outros processos eficientes de transformação digital.

Aliando esses conceitos à garantia de segurança e sigilo de dados pessoais, é possível mostrar aos pacientes que compartilhar suas informações é, sim, positivo não só para eles, como para todos os envolvidos - e para a saúde do Brasil.

*André Cripa, Chief Innovation e Digital Officer da CTC

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