Pedro Prata e Renato Vasconcelos
11 de dezembro de 2019 | 06h00
O prefeito Francisco Clidenor (Cidadania), de Lago Verde, no interior do Maranhão, baixou decreto para fixar o preço da carne bovina nos açougues de sua cidade de cerca de 16 mil habitantes. Na canetada ele decidiu que a carne com osso não pode ser vendida acima de R$ 12 o quilo, enquanto a maciça não pode ultrapassar R$ 15.
O secretário de Fazenda do município Geyson Aragão explicou ao Estado que é uma ‘questão cultural’ somente dois preços para a carne bovina. E que todos os açougues do município – cerca de oito – cobram o mesmo preço.
Decreto 40/2019, do Gabinete do Prefeito Francisco Clidenor. Foto: Reprodução
“Nós sempre temos reuniões para definir a questão do preço”, disse Aragão. “Mas por meio de reunião, nunca de decreto”.
Ele se espantou quando soube da decisão, e afirma que está ausente do município por problemas de saúde. Por isso, não deu seu consentimento para a assinatura da medida. “Eu falei que ele (prefeito) não poderia ter feito isso por decreto.”
Geyson irá se reunir com o alcaide para sugerir a revogação da medida. “Até porque está sendo repercutido no Maranhão todo, mas ninguém está cumprindo no município.”
O secretário nega que os motivos para o aumento no preço da carne na cidade sejam os mesmos do restante do País. Isso porque Lago Verde se encontra numa região de fazendas com grandes rebanhos.
Foto: Pixabay/@Brett_Hondow/Divulgação
Geyson contou. “Conversei com os donos de açougue, e não está tendo boi. Os criadores não vendem a carne. E quando vendem, é com um preço alto. Por isso os açougueiros não conseguem baixar o preço.”
O decreto existe, afirma o secretário, mas o prefeito não tem poder para mandar fiscais aos açougues verificar se ele está sendo cumprido. “A população fala: ‘Vocês não têm moral, ninguém está cumprindo’. Só que não temos como.”
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