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Por atuação na Caixa, Joesley cita propina de R$ 89,9 milhões para Lucio Funaro

Executivo da JBS revela em delação premiada que lobista recebeu valores sobre oito transações envolvendo empresas do grupo e o banco público entre 2011 e 2014

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Por Fabio Serapião e Beatriz Bulla
Atualização:

Lucio Funaro. Foto: Dida Sampaio/AE - 2006

No anexo em que detalha sua relação com o operador financeiro Lucio Bolonha Funaro, o empresário Joesley Batista anexou informações sobre pagamentos de propina relacionados à liberação de financiamentos na Caixa. De acordo com Batista, em oito transações envolvendo empresas do grupo e o banco público, entre 2011 e 2014, Funaro recebeu ao menos R$ 89,9 milhões.

"As operações foram realizadas e a propina foi paga, por meio de um sistema de conta-corrente criada para registar as entradas decorrentes da liberação dos financiamentos e as saídas, que se davam ora por meio de pagamentos em espécie em reais ou dólares, ora contra notas fiscais emitidas a empresas do grupo, por empresas titularizadas por Lucio Funaro ou por outras empresas indicadas por Funaro, titularizadas por terceiros", diz o anexo entregue por Joesley aos investigadores.

 Foto: Estadão

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Batista contou aos procuradores que conheceu Funaro, em 2011, atendendo a um pedido do empresário Paulo Sergio Formigoni de Oliveira. O operador financeiro, disse Joesley, teria informado que atuava em conjunto com o ex-deputado Eduardo Cunha com o "respaldo político" do então vice-presidente Michel Temer.

Funaro teria prometido ajuda na liberação de valores da Caixa uma vez que ao lado de Cunha teria indicado o Fabio Cleto para a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa. No cargo, Cleto também era representante do banco no Conselho Curador do FGTS.

Segundo Batista, em troca da intervenção da dupla Funaro/Cunha nos assuntos de interesse da empresa, ficou combinado o pagamento de propina de 3% a 3,5% do valores liberados pelo banco público.

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O advogado de Funaro, Bruno Espiñeira, afirmou que a delação de Joesley será tratada como mais uma delação. "Existe sim um contrato lícito do Lúcio com o grupo dele e essa coisa de transformar tudo em vala comum, receber propina para silenciar, não se sustenta e será esclarecido", afirma o advogado.

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