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Ponto a ponto: a confissão de Palocci que incrimina Lula

Veja os temas revelados pelo ex-ministro ao juiz Sérgio Moro, que interroga o ex-presidente nesta quarta, 13, em Curitiba: 'pacto de sangue' com Odebcht, R$ 300 milhões em propinas e doação de terreno para Instituto e apartamento em São Bernardo

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Por Ricardo Brandt , Julia Affonso , Fausto Macedo , Luiz Vassallo e enviado especial a Curitiba
Atualização:

Antonio Palocci. Foto: Reprodução

O Estadão montou um ponto a ponto da confissão de crimes feita pelo ex-ministro Antonio Palocci ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, em Curitiba, na histórica audiência de 6 de setembro que incriminou Luiz Inácio Lula da Silva.

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O ex-presidente será interrogado pela segunda vez como réu pelo juiz Sérgio Moro, nesta quarta-feira, 13, em Curitiba. As revelações de Palocci nesse processo vão dominar a audiência, que começa às 14h. Cerca de 4 mil pessoas são esperadas na capital da Lava Jato para manifestações em defesa de Lula.

Palocci incriminou Lula e Dilma no esquema de corrupção na Petrobrás e detalhou o acerto de R$ 300 milhões em propinas da Odebrecht para o projeto político de Lula, em 2010. Preso desde 2016, Palocci falou por duas horas a Moro.

Sua confissão - feita em busca de benefícios de redução de pena - confirma que a reforma do sítio de Atibaia - que a Lava Jato diz ser de Lula e ele nega -, a compra de um terreno de R$ 12 milhões para ser sede do Instituto Lula e de um apartamento em São Bernardo do Campo foram propinas da Odebecht, dentro de um "pacto de sangue" fechado, em 2010, com o patriarca da maior delação da Lava Jato, Emílio Odebrecht.

PONTO A PONTO AS REVELAÇÕES DE PALOCCI CONTRA LULA

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VIDEO 1 - O PACTO DE SANGUE E OS R$ 300 MILHÕES PARA LULA

0min40seg - Delação premiada

O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, questiona se existe delação premiada em curso e qual status da negociações. Procurador da República Antonio Carlos Welter afirma que não existe acordo, que Palocci procurou a força-tarefa, sem qualquer acerto.

02min - Denúncia procede, mas foi 'capitulo' da relação de propinas da Odebrecht com Lula e Dilma

O juiz Sérgio Moro abre o interrogatório questionando sobre acusação de que Odebrecht comprou terreno para Instituto e sua participação. "Participei".

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"A denúncia procede, os fatos são verdadeiros. Eu diria apenas que os fatos desta denúncia dizem respeito a um capitulo de um livro um pouco maior do relacionamento da Odebrecht com o governo do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma, que foi uma relação bastante intensa, bastante movida a vantagens, a propinas pagas pela Odebrecht para agentes públicos, em forma de doação de campanha, de benefícios pessoais, em forma de caixa 1 e caixa 2." Confirma o que foi dito por Marcelo Odebrecht de que ele era interlocutor da empresa com o governo, para seus interesses e para temas de campamha e inclusive "ilícitos.

5min00s - Planilha 'Italiano' e créditos da Odebrecht para o PT

Conta que Marcelo Odebcht não mentiu sobre planilha de propinas encontrada no Setor de Operações Estruturadas da empresa que registrava quase R$ 200 milhões, que seriam créditos para o PT e Lula administrados por Palocci, o "Italiano". Conta que relação era "fluida com governo em todos aspectos", em projetos e em campanhas.

6min45s - Todos contratos da Petrobrás tinham ilícitos que geraram créditos para o PT na planilha de propinas

Palocci confirma o esquema de fatiamento político entre PT, PMDB e PP da Petrobrás para arrecadação de propinas. "Era um intenso financiamento partidário." O ex-ministro disse que a Petrobrás não era sua área de atuação direta, mas como membro da cúpula do governo ele disse que sabia dos desvios e discutiu isso internamente. "Eu sabia porque era da cúpula do governo e conversava com Lula sobre essas relações."

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8min26seg - Lula sabia da corrupção na Petrobrás

Relata que em 2007, logo após Lula ser reeleito, foi chamado ao Planalto e questionado sobre comentários de corrupção nas diretorias de Abastecimento e Serviços da Petrobrás. Que ele queria tomar medidas. Mas que discussão do pré-sal deixaram assunto para segundo plano.

10min30s - Doações da Odebrecht legais e ilegais, por negócios ilícitos

Diz que Odebrecht era grande doadora das campanhas do PT, de forma legal e ilegal, e diz que pedir recursos para a empresa. Afirma que muitos do pagamentos que consta na planilha "Italiano" são pagamentos feitos oficialmente, mas decorrentes de negócios ilícitos da empresa com o governo.

11min30s - A promessa de R$ 300 milhões, em troca de apoio no governo Dilma

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Palocci conta que relação com Odebrecht e governo Lula era fluído. "Tudo que eu pedia eles atendiam." Por isso, diz que até 2010 não tinha estabelecido um valor fixo de repasses. Até que em 2010, por medo de enfrentar problemas no governo Dilma Rousseff, Emílio Odebrecht teria oferecido um "pacote de propinas" para Lula. Envolvia terreno do Instituto Lula, alvo do processo, as obras do sítio de Atibaia e o dinheiro à disposição para "fazer as atividades políticas". Diz que medo da Odebrecht nasceu de projeto das usinas de Belo Monte e de Jirau e Santo Antônio, que ela foi contra a empresa controlar os dois negócios.

14min45s - Reunião com Lula e surpresa com oferta de Emílio Odebrecht

Diz que não estava presente no encontro, mas sabe do fato porque no dia seguinte teria sido chamado por Lula no Palácio do Alvorada, que comunicou a oferta e sua surpresa com o proposto. Fala sobre o receio de Odebrecht com Dilma. "Aí surgiu a tal planilha, para mim, pelo menos." Afirma que buscou Marcelo Odebrecht para falar do assunto, quando discutiram reserva de valor e "conta corrente".

16min10s - Marcelo diz que era R$ 150 milhões e não R$ 300 milhões

Palocci diz que afirmou a Marcelo Odebrecht que não gostava da ideia de "conta corrente" e que não sabia porque reservaram R$ 300 milhões. Diz ter ouvido do empresário que o pai teria se equivocado e que eram R$ 150 milhões. Isso seria origem de um e-mail encontrado pela Lava Jato entre Marcelo e o pai Emílio sobre o assunto.

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16min58s - Pedido de Lula para Dilma manter relação, lícita e ilícita, do governo Odebrecht em 30 de dezembro de 2010; cita sondas do pré-sal e Gabrielli

Palocci conta que no dia 30 de dezembro de 2010, Lula se reunião com Emílio Odebrecht, com a presidente eleita Dilma Rousseff, que era ministra da Casa Civil, e com o então presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, na qual ele pediu que fosse mantida as relações do governo, "lícitas e ilícitas", com a Odebrecht. Diz que não estava na reunião, mas foi chamado no dia seguinte. "(Emílio) Ele confirmou os R$ 300 milhões e falou que pode ser mais se necessário", teria dito Lula.

Fala dos interesses da Odebrecht no projetos de submarinos, na área de Defesa, as sondas para o pré-sal. Fala da nacionalização do setor petroquímico defendida na campanha, em que a empresa pediu para intervir no governo.

20min - Governo Dilma agiu para beneficiar Odebrecht em concessão de aeroportos

Diz que Odebrecht queria um aeroporto de porte nas concessões feitas a partir de 2012 pelo governo Dilma. Na primeira leva, em que foram privatizados Cumbica (SP), JK (Brasília) e Viracopos (Campinas-SP), empresa ficou de fora. Grupo tentou impedir vitória de Viracopos para ficar com contrato e diz que foi procurado para intervir com presidente da Anac, que o petista diz ter nomeado. Palocci diz que procurou Dilma que teria dito para Odebrecht ficar "calma" que eles seriam contemplados em próxima licitação, que ela cuidaria do assunto. "Foram beneficiados no aeroporto do Galeão, no Rio." Diz que teve uma cláusula da licitação beneficiou a empresa.

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23min35s - Odebrecht investiu no etanol por Lula ser incentivador

Diz que Odebrecht investiu pesado no etanol no governo Lula, porque ex-presidente era incentivador, e com Dilma houve pouco foco nesse setor.

23min55s - Odebrecht pagou R$ 50 milhões para MP do Refis da Crise a pedido de Guido Mantega

Palocci conta que caso relatado por Marcelo Odebrecht começou com MP 460. Diz que grupo liberado por Marcelo Odebrecht, que tinha Benajmin Steinbruch, Rubens Ometo, Votorantim, pediu reestabelecimento do imposto extinto. Palocci diz que foi contra e votou contra. Aí vem o Refis da Crise, que previa que as empresas tinham que pagar e não receber. Diz que Marcelo relatou pedido de R$ 50 milhões feito por Guido Mantega e que ele contou que lançou o valor na planilha.

27min45s - A história do terreno da Odebrecht para o Instituto Lula e o pedido de Dona Marisa

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Fala sobre relação com terreno do Instituto Lula. Imóvel era para ser museu da memória dos governos do presidente Lula. Conta que em meados de 2010 Lula disse que dona Marisa e Paulo Okamotto estavam cuidando de procurar um espaço e pediu que ele ajudasse.

VÍDEO 2 - O TERRENO DO INSTITUTO LULA: 'OPERAÇÃO TABAJARA'

0omin - A história do terreno da Odebrecht para o Instituto Lula e o pedido de Dona Marisa e de Bumlai

Continua a falar sobre conversa com Dona Marisa sobre busca de terreno para Instituto Lula e informe de que José Carlos Bumlai e o advogado Roberto Teixeira cuidariam da operação. Conta que Bumlai o procurou dias depois e pediu apoio junto a Marcelo Odebrecht para que empresário ajudasse a pagar. Pecuarista disse que registraria em nome do sobrinho Glauco Costamarques Bumlai e fala do apartamento que estava sendo comprado.

3min26s - Lula gostou do apartamento vizinho alugado pela segurança presidencial e queria comprar

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Diz que procurou Lula e perguntou sobre apartamento. Ex-presidente disse que era apartamento vizinho dele em São Bernardo do Campo e que a segurança presidencial alugou e ele gostou do apartamento e queria comprar. "Ele tem cinco filhos ele achou que para ele era melhor comprar."

3min25 - Nosso ilícito com a Odebrecht está monstruoso, teria dito a Lula

Palocci diz quevoltou a falar com Lula sobre o terreno. "Falei para ele, 'olha estou preocupado, eu não gostaria de fazer desse jeito. O senhor está fazendo um instituto para receber doações e fazer suas atividades, não sei porque procurar agora um terreno. Por que não esperar... não tem problema nenhum receber uma doação da Odebrecht, mas que seja formal ou pelo menos revestida de formalidade", disse Palocci a Moro.

"Eu disse para ele (Lula), 'nosso ilícito com a Odebrecht já está monstruoso. Se nós fizermos esse tipo de operação vamos criar uma fratura exposta desnecessária."

4min10s - Marcelo Odebrecht preocupado

Palocci diz que dias depos Marcelo Odebrecht o procurou e disse estar preocupado com repasse do imóvel. Mas disse que já estava em curso a compra por Bumlai e Teixeira e teriam cobrado pagamento. Ex-ministro disse que sugeriu que ele doasse dinheiro para instituto em vez de comprar terreno, mas Paulo Okamotto, atual presidente do Instituto, teria dito que entidade não estava apta ainda a receber doação. "Eu disse que se não estava pronto para receber doação não poderia receber terreno." E o empresário disse que o terreno seria dado posteriormente ao Instituto.

6min35 - "Desculpa doutor, eu não estava de santo na história não" e a "operação tabajara"

Palocci pediu desculpas a Moro, ao contar que tentou dissuadir a operação de repasse do terreno do Instituto. "Desculpa doutor, eu não estava de santo na história não". Ele disse que "nosso ilícito com a Odebrecht estava muito grande". Classificou o negócio de "operação tabajara"

9min30s - Reunião na casa de Lula para convercer Dona Marisa

O ex-ministro narra que o ex-presidente solicitou então que ele fosse até sua casa para "convencer Dona Marisa".

"Fui em uma reunião com ele (Lula), a dona Marisa, o doutor Roberto Teixeira, o Bumlai e o Paulo Okamotto" Ele afirmou que ele pediu que convencesse Dona Marisa a convencê-la a não efetivar o recebimento do imóvel que já estava comprado. Palocci diz que no local viu que a briga eram com Teixeira e Bumlai, que montaram a operação."

10min45s - Ilícito grave, um convite a uma investigação

"No conjunto, era um ilícito grave aquilo. No conjunto, considerando a pessoa do presidente Lula, o governo, a Odebrecht. Para o Instituto Lula aquilo era uma fratura exposta, um convite a uma investigação." Ele afirmou ter tratado "diversas" vezes com o ex-presidente sobre o negócio.

"Ilícito grave operação do terreno do Instituto."

Os envolvidos então concordaram que seria anulada a negociação. Segundo Palocci, ele avisou Odebrecht que não aceitariam mais o imóvel, que estava "bichado".

"Fizemos uma operação bastante condenável."

21min24s - Pedido de R$ 4 milhões de Okamotto para cobrir buraco no Instituto Lula

Palocci afirma que o Instituto Lula, Paulo Okamotto, pediu que ele levantasse com empresas R$ 4 milhões para cobrir "um buraco nas contas" do Instituto Lula. "Tem um episódio que Marcelo (Odebrecht) relatou que é verdadeiro. Ele fala em um pedido que fiz a ele de R$ 4 milhões para o Instituto Lula."

"Isso é verdade, o Paulo Okamotto me pediu para que ele ajudasse a cobrir um final de ano do Instituto que faltava recursos, acho que foi meio para o final de 2013, começo de 2014. Ele tinha um buraco nas contas e me pediu para arrumar recursos. Eu fui ao Marelo Odebrecht."

Palocci diz que Okamotto queria que ele procurasse váris empresas, mas ele diz que não podia e procurou só Odebrecht.

22min35s - Recursos todos eram destinados ao PT ao Lula

Palocci afirma que planilha era controle de Marcelo Odebrecht e não dele. "A reserva que eles falavam ou conta corrente, era para o Lula para o PT, não tinha uma separação".

"De novo, não estou me colocando de santo. Mas eu preferia não estabelecer limites porque a minha conta com ele não tinha limites. Não ia eu estabelecer com ele parâmetros limitadores."

24min25s - Paulo Okamotto pediu dinheiro em cash buscado na Odebrecht para necessidades particulares

Diz que Okamotto pediu dinheiro em cash. Posso explicar que "pedi dinheiro para o Instituto, muitas vezes mandei o Brani se enteder com o pessoa do Marcelo e do Instituto."

O ex-ministro afirmou que "em algum período o Paulo Okamotto me pediu dinheiro em cash com uma certa permanência e era buscado na Operações Estruturadas da Odebrecht".

Okamotto dizia que "tinha necessidades mais particulares e não queria contabilizar".

27min20s - Pré-sal foi um dos grandes males, Brasil não soube lidar com riqueza; Lula sabia do corrupção

Palocci fala sobre a Petrobrás e a descoberta do pré-sal. Diz que foi grande mal para o País, pois Brasil não soube lidar com riqueza. Fala das nomeações e da cobrança do PMDB para indicar cargos. Confirma arrecadação de recursos por parte de diretores indicados. "Ele (Lula) sabia."

VÍDEO 3 - O 'ITALIANO' DAS PLANILHAS DA PROPINA DA ODEBRECHT

00min - Lula pediu para aumentar reserva partidária e usar pré-sal para eleger Dilma

Palocci conta que reunião em meados de 2010 chamada por Lula, na biblioteca do Palácio, com o presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli, e a ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff, o ex-presidente encomendou que a sondas do pré-sal - que resultaram na criação da Sete Brasil - pagariam a campanha de Dilma. Diz que Lula falou que nunca tinha visto Lula falar de 'maneira tão direta'.

"Ele disse: 'eu chamei vocês aqui por que o pré-sal é o passaporte do Brasil para o futuro, ele que vai dar combustível para um projeto politico de longo prazo no Brasil, ele vai pagar as contas nacionais, vai ser o grande financiador dos grandes projetos do Brasil, e eu quero que o Gabrieli faça as sondas pensando nesse grande projeto para o Brasil. Mas o Palocci está aqui, Gabrielli, porque ele vai lhe acompanhar nesse projeto, porque ele vai ter total sucesso e para que garanta que uma parcela desses projetos financie a campanha dessa companheira Dilma Rousseff, que eu quero ver presidente do Brasil'.".

3min40s - Paulo Roberto Costa era homem do PP e defende Gabrielli

Responde questionamento de Sérgio Moro sobre indicações de diretores. Diz que Paulo Roberto Costa, ex-Abastecimento e primeiro delator da Lava Jato, era considerado um homem do PP. Afirma que nunca viu o ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli cometendo ilícitos, antes do pedido feito por Lula nas sondas do pré-sal. Conta que só empresas estrangeiras acabaram dando contribuições no esquema das sondas.

7min20s - Era o Italiano da planilhas da Odebrecht

Ministério Público Federal inicia perguntas e questiona sobre codinome "Italiano". Diz que Marcelo Odebercht nunca o chamou de Italiano, mas acredita ser ele o Italiano das planilhas da propina da Odebrecht. "Boa parte dos assuntos da planilha são assuntos que tratei com ele."

10min - Orientou Odebrecht a não comprar terreno em nome de 'primo do amigo do presidente'

Palocci afirma que Marcelo Odebrecht que avisou que compraria terreno para Instituto Lula em nome de Glauco Costamarques Bumlai, sobrinho do pecuarista José Carlos Bumlai. Diz que orientou o empresário a não fazer porque daria problema, a compra por uma empresa de um imóvel em nome do "primo do amigo do presidente". "Está virando uma confusão primária." O don o da Odebrecht disse que compraria em nome de um amigo, era o empresário Demerval Gusmão, da Construtora DAG, também réu.

Conta como descobriu da compra do apartamento em São Bernardo em nome do sobrinho de Bumlai, pelo próprio pecuarista. Diz que perguntou ao ex-presidente que disse a ele que queria ficar com imóvel.

17min30s - A defesa de Luiz Inácio Lula da Silva

O advogado Cristiano Zanin Martins começa interrogar o réu Palocci. O defensor do presidente Lula abre com perguntas sobre o período em que o ex-ministro foi do Conselho de Administração da Petrobrás. Moro indeferi primeira pergunta, sobre quem eram empresários que passaram pelo conselho.

23min - 'Em vários deles houve ilícitos', diz sobre contratos da Petrobrás

Ao ser questionado pelo defensor de Lula se sabia se os contratos da Petrobrás inclusos no processo passaram por aprovação no Conselho, Palocci disse que se o advogado queria saber se houve ilícitos, que ele sabia que "em vários deles houve ilícitos".

29min25s - Nunca operou os repasses, mas era quem pedia

Palocci diz que nunca operou doações "e continuo a dizer". "Nunca fui buscar dinheiro em empresas, mas sabia que o dinheiro era depositado nos partidos, entregue em malas. Normalmente eram os tesoureiros que faziam isso." Segundo ele não cabia a ele a discutir com empresas como ela iria pagar.

30min26s - Campanha de 2014: teve mais caixa 1 e mais ilicitudes. cirme se sofisticou no campo eleitoral

Palocci diz que muitas vezes pagamentos de empresas eram feitos de forma legal para campanha, mas a origem do compromisso era ilegal. Cita a campanha de 2014 como exemplo. "Teve duas características marcantes. Foi a campamha que mais teve caixa 1 e foi a campanha que mais teve ilicitudes".

Segundo Palocci, "porque o crime se sofisticou no campo eleitoral, as pessoas viram que o problema era o caixa 2, então, vão transformando tudo em caixa 1, mas a ilicitude está fora do pagamento, é a origem criminosa dos valores."

"A própria Operação Lava Jato já desvendou esse mistério."

VIDEO 4 - DELAÇÃO PREMIADA E ATRAPALHAR A LAVA JATO

0min15s - Tratativas de delação premiada

Palocci diz que não tem acordo de delação premiada, mas sim tratativas de um acordo com o Ministério Público Federal. Segundo ele, "é um assunto a cargo" dos seus advogados, eu que confio no trabalho deles. "(Na busca por) Maneiras de contribuir com a lei, que é a minha vontade, e maneiros de obter benefícios, que também é a minha vontade."

1min26s - Atrapalhar as investigações com Lula

Diz que "por um tempo" tentou atrapalhar as investigações" para que elas não andassem. Hoje acho que é melhor que elas esclareçam e a gente tente com isso melhorar as coisas."

3min45s - Sítio, terreno, palestras e R$ 300 milhões; Lula chamou para recolher o dinheiro, não brigar

Explica que em sua visão, o empresário Emílio Odebrecht abordou Lula em 2010 foi para fazer pacto. 'Chamei de pacto de sangue porque envolvia um presente pessoal, que era um sítio, envolvia o prédio de um museu, pago pela empresa, que envolvia palestras pagas a R$ 200 mil fora impostos combinadas com a Odebrecht para o próximo ano e uma reserva de R$ 300 milhões." Palocci confirma a defesa de Lula que não estava na reunião, mas que foi chamado no dia seguinte. Diz que Lula ficou surpreso, "mas não o chamou para brigar com a Odebgrecht, mas para recolher os valores". Afirma que Lula gostou de ter dinheiro disponibilizado pela Odebrecht e que o empresário teria dito a ele que "poderia ser mais" que R$ 300 milhões.

5min46s - Reuniões de Lula e Emílio estão na agenda

Palocci diz que as duas reuniões de Emílio com Lula e depois já com Dilma Rousseff, quando as "amarrações políticas foram feitas", para o "pacto de sangue" estão registradas na agenda oficial.

10min30s - 30 anos treinado para falar contribuição, em vez de propina

Palocci diz que Bumlai e Roberto Teixeira pediram para ele acionar empresa para negócio do terreno porque sabiam que ela era uma "colaboradora", "desculpa doutor", "pagava propinas".

"Porque o doutor Bumlai e o doutor Roberto Teixeira sabiam que a Odebrecht era uma colaboradora... Colaboradora talvez seja uma palavra... O senhor desculpa (dirigindo-se ao juiz), às vezes eu sou... 30 anos treinado para falar dessa forma... (Sabiam) que a Odebrecht dava propinas frequentes ao presidente Lula e ao PT. Como se tratava de uma pagamento de propina, imaginaram que a Odebrecht poderia pagar esse terreno."

13min50s - Propinas não eram vinculadas a obras, mas caixa geral

Palocci diz que as propinas não eram vinculadas diretamente às obras. "As obras entram nos caixas das empresas, que pagam benefícios, às vezes legais, às vezes ilegais."

15min50s - Operação do terreno era fratura exposta

Palocci diz que trabalhou contra a operação de transferência do terreno para o Instituto Lula. "Transformava uma patologia em uma fratura exposta. Eu disse ao presidente Lula que ele não precisava criar fraturas expostas para se comprar um bem, não precisa atravessar a rua e se atirar em cima do bem." Afirma que no caso da Odebrecht já tinha um "ilícito que gerava o recurso", que era mais grave. Diz que chegaram a vistar o imóvel.

19min10s - Criar obstáculos à Lava Jato com Lula

O ex-ministro afirma que tentou "ajudar que não andasse a Lava Jato". Em alguma oportunidades disse ter se reunido com Lula e outras pessoas para buscar obstáculos para as investigações.

 

 

 

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