PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Polícia do DF diz que irmão do governador tem 'alta motricidade' na administração pública

Relatório de 195 páginas destaca atuação do advogado Carlos Augusto Rollemberg, irmão do chefe do Executivo, Rodrigo Rollemberg

Por Teo Cury e BRASÍLIA
Atualização:

O advogado Carlos Augusto Sobral Rollemberg, irmão do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), é apontado pela Polícia Civil do DF como possuidor de 'alta motricidade' perante a administração pública e responsável por 'atuação fundamental' em uma organização criminosa investigada por tráfico de influência no governo para o favorecimento de empresas privadas. A informação foi revelada pelo 'Metrópoles' e confirmada pelo Estado.

PUBLICIDADE

Documento

INGERÊNCIAS

"Por ser irmão do governador, Carlos Augusto possui alta motricidade perante a administração pública e figura como ponto focal de diversas ingerências, aparece também fazendo articulações de cunho político. Sua atuação é fundamental para que o grupo criminoso consiga alcançar alguns de seus objetivos", diz o documento sigiloso de 195 páginas da Polícia Civil ao qual o Estado teve acesso.

'Guto', como Carlos Augusto é conhecido, é um dos dez investigados na Operação '12:26'.

São investigados: Luiz Fernando de Souza Messina, Leonardo e Guilherme Rocha de Almeida Abreu, Marcelo Nobrega de Miranda Lopes, Flávio Dias Patrício, Hermano Carvalho, Augusto Diniz e Marcos Wortmann. Um outro alvo da missão, Carlos André Duda, faleceu. De acordo com os investigadores, 'cada um em seu campo de atuação, em clara divisão de tarefas, praticaram diversos atos visando beneficiar particulares perante a administração pública'.

Publicidade

Com base em telefonemas interceptados pela polícia, o documento narra pedidos de políticos e empresários ao advogado. Segundo investigadores, 'Guto' usou sua influência para que Flávio Dias Patrício, que atua junto ao Grupo Iguatemi e Cláudio Dall'Aqua, gerente de novos negócios do grupo, participassem de uma reunião no Palácio do Buriti com o governador do DF em abril.

Em outro exemplo citado pelos investigadores, no final de abril, 'Guto' praticou ingerências junto à Companhia Energética de Brasília para que uma ligação de energia fosse realizada em um prédio. O advogado pediu diretamente ao presidente do conselho da CEB que fizesse a ligação. A atitude, segundo a Polícia, demonstra que o advogado 'possui alta motricidade perante a administração pública distrital, apesar de não ocupar cargo público'.

"Fica clara a ingerência e liderança que Carlos Augusto exerce, mesmo sem ocupar cargo na administração pública. Vale ressaltar, que como é sabido, uma agência que reúne diversos serviços públicos tende a aumentar a concentração de usuários", destacam os investigadores.

"Há fortes indícios que o referido investigado, apesar de ser advogado, está praticando condutas alheias ao exercício da profissão e ao arrepio da lei, sendo assim não é admissível que a inviolabilidade transforme o escritório no único reduto inexpugnável de criminalidade."

COM A PALAVRA, CARLOS AUGUSTO SOBRAL ROLLEMBERG

Publicidade

"Apontado levianamente como integrante de uma suposta organização que visa obter favores do Governo, o inquérito não indica um único ato meu que pudesse ser enquadrado em algum tipo penal. A fragilidade e a inconsistência são gritantes e perceptíveis até mesmo para os leigos.

A improcedência das acusações contra a minha pessoa é tão evidente que o Juiz do feito, ao indeferir em relação a mim e a outros representados a medida de busca e apreensão pleiteada, afirmou que:

"...os diálogos e demais provas carreadas mostram-se extremamente frágeis em relação a eles."

Não recebi, e jamais receberia, vantagem de qualquer natureza pelas denominadas "interferências" no GDF. Quem me conhece sabe bem disso.

Tenho 51 anos de vida e mais de 30 anos de uma advocacia honesta, atuante, combativa e, por isso mesmo, bem-sucedida e respeitada. Trabalho diuturnamente junto aos Tribunais Superiores, exercendo com dignidade minha profissão, muitos anos antes de meu irmão sequer pensar em ser candidato a Governador de Brasília.

Publicidade

As investidas que estou sofrendo agora constituem, na realidade, um ardil político para tentar atingir o governador, ainda que, para tanto, tenham de manchar, irresponsavelmente, sem nenhuma preocupação, a honra de um homem de bem.

Como não devo nada, apesar de profundamente indignado, estou tranquilo. Tenho minha consciência em paz. Tudo a seu tempo será elucidado. E, diante de tanta injustiça e dos enormes danos sofridos, as medidas judiciais cabíveis serão tomadas. "

Carlos Augusto Sobral Rolemberg

COM A PALAVRA, O GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

"1. O pleito da empresa de ampliar de 0,5 para 1,5 o potencial construtivo almejado não foi atendido. Foram realizadas vários reuniões e audiências públicas, no âmbito da LUOS, e o Executivo não encaminhou qualquer alteração para a Câmara Legislativa do Distrito Federal. A demanda da revisão foi sobrestada pela Secretaria de Habitação e Gestão do Território (Segeth) até a conclusão das investigações.

Publicidade

2. Quanto ao contrato de aluguel de um prédio na 509 Norte, firmado pela gestão anterior, em que a parte solicitava pagamentos de atrasados e indenização por danos, não foi pago e o contrato extinto. Além disso, a Casa Civil determinou a abertura de Tomada de Contas Especial (TCE). Mais informações na nota anexa da Secretaria da Casa Civil.

3. Quanto ao pagamento de R$ 1 milhão a um hospital, há de se registrar que, quando o atual governo assumiu, existiam serviços realizados por diversos fornecedores e não pagos da ordem de R$ 600 milhões, sem contratos. Ao longo dos anos foram regularizados os pagamentos, de acordo com a legislação. Hoje, esses serviços têm contratos.

4. O servidor Marcelo Nóbrega pediu exoneração do cargo comissionado que ocupava na Secretaria da Casa Civil, Relações Institucionais e Sociais."

COM A PALAVRA, A EXECUTIVA DO PSB-DF

"1. O vazamento de parte do inquérito policial que investiga um suposto tráfico de influencia no Governo de Brasília, às vésperas do começo da campanha eleitoral, é revelador do maquiavelismo e da perversa ação política que parte da polícia civil se envolveu.

Publicidade

2. Não se trata de uma investigação séria e consistente e sim de um libelo político com o claro objetivo de impedir a reeleição do governador Rodrigo Rollemberg. Não conseguirão! 3. Juntar três atos de Governo, dos quais dois deles de três anos atrás, sem qualquer relação entre si, também revela o quanto parte da polícia civil - orientada por sindicalistas - faz campanha política contra a reeleição do governador Rollemberg. 4. Não à toa a operação de busca e apreensão ocorreu exatamente um dia depois da coligação "Mãos limpas" do governador Rollemberg ter lançado o seu slogan de campanha eleitoral.

5. Do mesmo modo, não é coincidência o vazamento do noticiário ter ocorrido num portal comandando da cadeia por um presidiário que, por sua capacidade financeira acumulada em negócios escusos, ainda se vê como "dono" de políticos.

6. O Partido Socialista Brasileiro se solidariza com o governador Rollemberg e seu governo, repudia e denuncia a covarde e vil articulação política que envolve parte de integrantes da polícia civil, da imprensa leviana e daqueles políticos que já foram presos e que ainda tentam retornar ao poder. Não conseguirão!"

COM A PALAVRA, O ADMINISTRADOR DO LAGO NORTE

"A todos meus amigos, familiares, servidores e moradores do Lago Norte

Publicidade

A função de um Administrador Regional é a de representar o governo perante a comunidade, e representar os interesses da comunidade perante o restante do governo. Do gari ao soldado, ao idoso, ao agricultor, ao empresário que trabalha na comunidade. Meu trabalho é receber e ouvir as pessoas, da mais humilde à mais letrada. Recebo todos como iguais, como recebi os membros da diretoria do Iguatemi.

Trato a todos que me procuram de forma transparente e republicana, atendendo aos pleitos da comunidade sem distinção, em prol do interesse público. Por isso, inclusive, sempre prefiro me encontrar em locais públicos, tratando os assuntos dessa natureza de forma aberta e nítida.

O Iguatemi solicitou aumento de sua taxa de edificação de forma pública, na Segeth, órgão competente para análise deste pleito, que é responsável por encaminhar a proposta da LUOS (Lei de Uso e Ocupação do Solo) para a Câmara Legislativa. A LUOS é exatamente o instrumento previsto em lei para ser o canal de discussão entre as cidades e o governo, e como representante do governo no território, sempre tenho inúmeras reuniões sobre a LUOS e vários outros assuntos de interesse da cidade, pois este é o trabalho de um Administrador Regional.

Após o envio da proposta da LUOS (de todo o DF) à Câmara Legislativa, cabe àquela casa sua análise e alterações, como requer o princípio republicano de separação de poderes numa democracia. Assim, sugeri aos representantes do Iguatemi que procurassem apresentar seu pleito aos parlamentares que têm familiaridade com o Lago Norte - todos pessoas honestas e com anos de vida pública ilibada - algo que é seu direito, como é o de qualquer cidadão.

Minha vida é simples e transparente, e sempre me conduzi de forma correta, então confio que as apurações irão demonstrar que apenas cumpri o dever que meu ofício me incumbe, de cuidado e atenção com a comunidade do Lago Norte, onde cresci, onde vivo, e onde trabalho pela terceira gestão como Administrador Regional."

Publicidade

Marcos Woortmann

COM A PALAVRA, O MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

"O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, por sua 1.ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep), repudia a publicização de elementos investigativos relacionados ao Inquérito Policial nº 386/2018, sob sigilo, que deu origem à Operação (12:26), deflagrada na última terça-feira, 7 de agosto. As informações não passaram pelo juízo de valor definitivo do Ministério Público e expôs indevidamente pessoas cujas condutas recebem a proteção constitucional da presunção de inocência." Roberto Carlos Silva, 1.ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público (Prodep)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.