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Planejar, poupar e conquistar: o segredo do consórcio

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Por Alexandre Caliman Gomes
Atualização:
Alexandre Caliman Gomes. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Planejar uma grande aquisição como um carro, casa ou até mesmo uma festa de casamento não é uma tarefa fácil. A grande verdade é que guardar dinheiro com o objetivo de adquirir algo, não faz parte da vida de muitas pessoas e, culturalmente, o brasileiro também tem essa dificuldade.

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Só para ilustrar, apenas 30% dos brasileiros conseguem poupar algum montante de dinheiro durante o período de 12 meses. Com isso, o restante da população se divide entre quem gasta sem planejamento algum e quem tem o salário quase todo comprometido com despesas obrigatórias e, por mais que queira, não consegue guardar nenhum valor.

Como alternativa para alcançar o tão sonhado bem ou serviço, existe o consórcio. A modalidade leva esse percentual de sucesso em se poupar para mais de 70% nesse mesmo prazo.

O consórcio é um formato de aquisição coletiva organizado em grupos de pessoas com interesses comuns. Ao escolher o grupo que deseja, cada pessoa adquire uma cota e passa a realizar pagamentos mensais de parcelas. Todos os meses, existe o evento de contemplação, no qual pessoas são selecionadas para usarem o fundo acumulado no grupo até o momento e terem acesso à carta de crédito para se adquirir o bem ou o serviço desejado.

O produto é uma criação brasileira, mas tem paralelos com produtos análogos em outras regiões do mundo, como nos próprios EUA, onde existe o chamado "Christmas Club" ou clube de Natal. Essa modalidade é semelhante a uma conta poupança onde pessoas se comprometem a fazer depósitos semanais de valores pré-definidos pelo período de 1 ano sem liquidez, para poderem resgatar o valor total a tempo das compras de final de ano. Pensando do ponto de vista puramente econômico, uma conta sem liquidez, com altos custos de transação (necessidade de se fazer depósitos semanais) e sem retorno financeiro, não faria tanto sentido econômico. No entanto, essa ausência de liquidez, nesse caso, é vista como um benefício e os custos de transação ou a ausência de retorno são mínimos se comparados ao objetivo que o clube permite alcançar. Esse é exatamente o pronto principal do clube.

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Apesar de diferentes, ambos possuem uma característica em comum que é o elemento de finanças comportamentais da poupança forçada. Para seus adeptos, planejar é crítico e escolher o melhor produto ou ferramenta para isso vão lhe garantir atingir o objetivo esperado.

No caso do consórcio, há ainda outros fatores que deixam o produto mais atraente. Criado na década de 60, em um ambiente inflacionário, o consórcio, dentre outras características, possibilita a preservação do poder de compra do cliente. Isto é, se você pretende comprar um veículo de determinado modelo e marca e entrar num consórcio em que esse é o bem objeto, terá a garantia de que, quando for contemplado, receberá uma carta de crédito exatamente do valor do veículo desejado, mesmo que ele tenha se valorizado, pois os bens são ajustados ao longo do prazo do grupo. Essa é outra ferramenta alinhada no planejamento que permite o alcance do objetivo final.

Por mais que o consórcio tenha sido criado há algum tempo, ele é provido de componentes muito modernos de poupança e crédito. Na sua essência, o produto é uma ferramenta de financiamento peer-to-peer, isto é, pessoas financiando pessoas, tanto em voga nos dias de hoje e que deveria permitir uma maior eficiência e menor custo vis-à-vis alternativas de crédito tradicionais.

O setor vem crescendo 10% ao ano nos últimos 5 anos, mas mais importante que isso, vem ganhando participação em cima de outras formas de crédito como os financiamentos. Se compararmos as contratações de consórcios com o total de crédito contratado anualmente através de financiamentos imobiliários e de veículos, vemos sua participação evoluindo de 24% em 2013 para 36% em 2020, segundo dados do Banco Central do Brasil.

Há mais de 5 anos estudando e empreendendo no setor, não tenho dúvidas, no entanto, que existe muita inovação ainda a ser feita. Diferente de outros segmentos financeiros que já passaram por bastante transformação e digitalização, o consórcio ainda evoluiu pouco nesse sentido. Seu público está muito concentrado em uma população mais idosa e na compra de bens tradicionais, como imóveis e automóveis. Não obstante, os segmentos de consórcio que mais crescem são de serviços e eletrodomésticos, a taxas de mais que 60% ao ano nos últimos 5 anos, provando a sua capacidade de se expandir fora do eixo padrão. Além disso, fintechs que atuam no segmento, trazem tecnologia para melhorar a experiência do cliente, atrair o público mais jovem e eficientizar o processo desde a sua venda até o uso do crédito, melhorando ainda mais o produto.

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Tenho certeza de que o consórcio é uma excelente alternativa de planejamento e financiamento e, por isso, terá muito espaço para crescer na nossa economia e, provavelmente, ser exportado para outras regiões do mundo em breve

*Alexandre Caliman Gomes, sócio-diretor e um dos fundadores da Consorciei

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