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Pivô do mensalão, Marcos Valério encara juiz da Lava Jato nesta segunda

Condenado e preso no primeiro grande escândalo do governo Lula, publicitário mineiro será interrogado hoje por Sérgio Moro, em Curitiba, como réu por lavagem de dinheiro da propina da Petrobrás; caso envolve ainda Delúbio Soares por repasse de R$ 6 milhões do PT para o empresário do caso Celso Daniel, via amigo de Lula e Banco Schahin

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Por Julia Affonso e Ricardo Brandt
Atualização:

Marcos Valério, condenado no mensalão. Foto: Beto Barata/Estadão Conteúdo

Marcos Valério - condenado e preso no mensalão - encara nesta segunda-feira, 12, o juiz federal Sérgio Moro, titular dos processos da Operação Lava Jato. Pivô do primeiro grande escândalo de corrupção do governo Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005, o publicitário mineiro tem depoimento marcado para 14h, na sala de audiência da 13ª Vara Federal, em Curitiba.

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Marcos Valério será interrogado como réu em processo da Lava Jato, em Curitiba, por crime de lavagem de dinheiro. Ele é acusado de participar da operação ilícita de repasse de R$ 6 milhões, em 2004, para o empresário Ronan Maria Pinto, dono de empresas de ônibus do ABC paulista. O dinheiro serviu para a compra do controle acionário do jornal Diário do Grande ABC e também para aquisição de ônibus para suas empresas de transporte público coletivo.

Além de Valério, o juiz Sérgio Moro ouve o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, também réu no processo por lavagem de dinheiro para o partido.

A força-tarefa da Lava Jato afirma que o  dinheiro repassado a Ronan era do esquema de corrupção da Petrobrás e levantado pelo PT, no banco Schahin, por meio de um empréstimo fraudulento em nome do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula. Ao todo, foram emprestados pelo banco R$ 12 milhões. A dívida nunca foi quitada diretamente, mas sim com um contrato da estatal dirigido para o Grupo Schahin de operação de um navio-sonda, usado para explorar petróleo em alto mar - negócio de US$ 1,6 bilhões, fechado em 2009.

Marcos Valério e Delúbio são réus por terem participado dessa operação de repasse de metade dos R$ 12 milhões montante para Ronan Maria Pinto - preso em abril, na 27ª fase, batizada de Operação Carbono 14. Ele teria participado da lavagem de dinheiro que beneficiou o empresário do ABC.

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Em depoimento prestado no mensalão, em 2012, Valério declarou saber que Ronan Maria Pinto estaria chantageando a alta cúpula do PT, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, para não associar o grupo ao assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel - morto em 2002.

O caso Celso Daniel é um capítulo emblemático do PT. O então prefeito de Santo André foi sequestrado e assassinado a tiros em uma estrada de terra de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. O Ministério Público Estadual afirma que ele foi vítima de crime político porque tentou interromper o ciclo da corrupção em sua gestão quando descobriu que a propina era destinada ao enriquecimento pessoal dos envolvidos.

Por sua vez, a polícia concluiu que o petista foi morto por 'criminosos comuns'.

Ronan foi condenado em novembro de 2015 pela Justiça de São Paulo acusado de liderar, com outro empresário e um ex-secretário municipal de Santo André, esquema de cobrança de propina de empresas de transporte contratadas pela Prefeitura na gestão do prefeito do PT Celso Daniel - executado a tiros em janeiro de 2002.

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Cumprindo pena, em Minas Gerais, a defesa de Marcos Valério tentou que o interrogatório fosse realizado por videoconferência, mas o pedido foi negado por Moro.

 

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