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PF vai devassar últimos 2 anos da vida de Adelio Bispo

Delegado do caso instaurou segundo inquérito para dar continuidade em apuração sobre ataque ao candidato Jair Bolsonaro (PSL)

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Por Fabio Serapião
Atualização:

Adélio Bispo. Foto: PM-MG

A Polícia Federal instaurou um novo inquérito para dar continuidade à investigação sobre o ataque a faca de Adelio Bispo ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL). O primeiro será encerrado até o fim de semana por causa do prazo mais curto devido ao fato de Bispo estar preso. Na Justiça Federal, investigações com réu preso podem durar no máximo 30 dias.

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Como o Estado mostrou no sábado, 22, até o momento, após ouvir mais de 30 pessoas, quebrar os sigilos financeiro, telefônico e telemático de Adelio Bispo, o delegado federal Rodrigo Morais e sua equipe não encontraram nenhum indício de que o autor da facada tenha agido a mando de outra pessoa ou em grupo.

O segundo inquérito vai herdar do primeiro todas as informações colhidas. Além das quebras de sigilo e depoimentos, a PF vai analisar todo o sistema de câmera da cidade de Juiz de Fora (MG), onde ocorreu o ataque, para traçar todos deslocamentos de Bispo desde sua chegada na cidade.

O objetivo da nova apuração, segundo relatou um investigador, é fazer uma devassa nos últimos dois anos da vida de Bispo e mapear qualquer relação dele com outras pessoas que possam indicar a participação de mais pessoas no ataque.

Embora vá se debruçar sobre todas as informações coletadas novamente nessa segunda investigação, a PF já descartou varias das hipóteses levantadas, principalmente, por apoiadores de Bolsonaro.

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Todas pessoas indicadas por seguidores do candidato nas redes sociais como sendo "ajudantes" de Bispo foram investigadas e não foram encontradas indícios mínimos de participação na ação. Entre essas pessoas, como revelou o Estado, foram ouvidas três mulheres com o nome Aryanne Campos.

Segundo os apoiadores de Bolsonaro, a mulher com esse nome teria passado a faca para Bispo. A versão foi completamente descartada investigação.

Arma. A faca utilizada passou por uma perícia que encontrou DNA de Bolsonaro na lâmina, o que prova que ela foi utilizada no crime.

Os investigadores descobriram que a escolha da faca como arma para o crime é explicada pelo fato de Bispo ter trabalhado como açougueiro e em uma restaurante de comida japonesa.

A PF também esmiuçou todas as transações financeiras de Bispo. Não foi encontrado nenhuma movimentação suspeita. O único depósito em espécie anormal teve origem em uma causa trabalhista. O cartão internacional que ele tinha nunca havia sido utilizado e foi enviado pelo banco sem a solicitação de Bispo.

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Os equipamentos eletrônicos - celulares e notebook - também foram analisados. Dois dos quatro celulares estavam desativados e os outros não continham, pela apuração feita até agora, informações sobre contato com outras pessoas para a prática do crime. O notebook encontrado com ele estava quebrado e não era utilizado há cerca de um ano.

Crime político. Como mostrou o Estado, Bispo será enquadrado pela PF no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional.

Esse artigo prevê a punição para quem cometer "atentado pessoal" por "inconformismo político". Segundo a investigação da PF, foram as divergências políticas entre Bispo e Bolsonaro que levaram o ex-açougueiro a atacar o candidato.

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