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PF diz ao TSE que redes bolsonaristas reeditam estratégia de Trump e usam fake news e 'polarização' para antecipar campanha e desqualificar urnas

Em relatório de nove páginas encaminhado ao ministro corregedor eleitoral Luís Felipe Salomão, delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro crava que 'a prática visa, mais do que uma ferramenta de uso político-ideológico, um meio para obtenção de lucro'

Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Fausto Macedo
Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
Atualização:

A Polícia Federal enviou um relatório ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em que descreve como páginas bolsonaristas teriam usado as redes sociais para promover ataques e desinformação sobre as urnas eletrônicas. De acordo com o documento, a rede de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro replica uma estratégia atribuída a Steve Bannon, que foi estrategista do ex-presidente americano Donald Trump nas eleições de 2016.

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O caminho indicado pela PF seria a combinação de mensagens polêmicas, que incentivam a polarização, emitidas por influenciadores com autoridade diante de seus seguidores. Em paralelo, a imprensa é constantemente desqualificada.

"Quanto mais polêmica e afrontosa às instituições for a mensagem, maior o impacto no número de visualizações e doações, reverberando na quantidade de canais e no alcance do maior número de pessoas, aumentando a polarização e gerando instabilidade por alimentar a suspeição do processo eleitoral, ao mesmo tempo que promove a antecipação da campanha de 2022 por meio das redes sociais", escreve a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, que assina o documento. Ela foi responsável pelas apurações sobre os atos antidemocráticos realizados em abril do ano passado e comanda a equipe de investigação do inquérito das fake news.

O presidente Jair Bolsonaro durante live em que atacou urnas eletrônicas. Foto: Twitter/Reprodução

O discurso reproduzido, via de regra, é falso ou tem apenas 'fragmentos da verdade', afirma a Polícia Federal. O documento explica ainda como essas redes falseiam os limites entre o que é informação e o que é opinião. "Esta rede pretende, entre outros objetivos, diminuir a fronteira entre o que é verdade e o que é mentira", diz o relatório.

O objetivo por trás da estratégia seria, segundo a PF, o lucro financeiro obtido através da exploração do discurso político. "A prática visa, mais do que uma ferramenta de uso político-ideológico, um meio para obtenção de lucro, a partir de sistemas de monetização oferecido pelas plataformas de redes sociais. Transforma rapidamente ideologia em mercadoria, levando os disseminadores a estimular a polarização e o acirramento do debate para manter o fluxo de dinheiro pelo número de visualizações", expõe outra parte do documento.

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O material foi encaminhado na semana passada ao ministro Luís Felipe Salomão, corregedor do TSE, no âmbito do inquérito administrativo aberto para apurar os ataques de Bolsonaro ao sistema de votação. A Polícia Federal sugere que, para enfrentar o fenômeno, o tribunal deve chamar à mesa representantes das plataformas de redes sociais e proibir a monetização de conteúdo político-ideológico. Depois disso, Salomão determinou a suspensão imediata de subsídios financeiros a uma lista de páginas indiciadas na investigação.

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