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PF rejeita notícia-crime de jornalista que pediu investigação de ameaças atribuídas ao governador de Mato Grosso

Delegado Renato Sayao Dias não viu 'elementos mínimos' de envolvimento de Mauro Mendes (DEM) nas acusações do jornalista Alexandre Aprá

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Por Redação
Atualização:

A Polícia Federal rejeitou a notícia-crime apresentada pelo jornalista Alexandre Aprá, fundador do site independente Isso É Notícia, de Cuiabá, que pedia a abertura de uma investigação para apurar ameaças que afirma ter sofrido após a publicação de reportagens sobre os gastos do governo de Mato Grosso com publicidade.

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Documento

A portaria da PF

A decisão é do delegado Renato Sayao Dias, que não viu 'elementos mínimos' de envolvimento de autoridades com foro privilegiado que justificassem a intervenção da PF. Ele encaminhou os autos para o Ministério Público tomar as medidas que julgar cabíveis.

"Não vislumbramos, nos fatos narrados, nenhum crime de competência federal. O representante, ou noticiante, é particular, não é servidor publico federal que tenha sido vítima de crime relacionado ao exercício de suas funções. Os supostos autores, também, não são servidores públicos federais no exercício da função pública, hipótese que poderia atrair a atribuição investigativa da Polícia Federal. O fato, portanto, é de atribuição investigativa da Polícia Judiciária Civil, em se tratando de atos praticados por particular", escreveu o delegado em portaria na última sexta-feira, 10.

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O jornalista Alexandre Aprá. Foto: Arquivo pessoal

Ao Estadão, Aprá disse que 'busca apuração dos fatos seja em qual instância for competente e confia nas instituições'.

A versão do jornalista é a de que um detetive particular teria sido contratado para incriminá-lo por tráfico de drogas e abuso sexual de menores. Os mandantes, segundo Alexandre Aprá, seriam o governador Mauro Mendes (DEM), a primeira-dama Virgínia Mendes e o publicitário Ziad Fares, dono da ZF Comunicação, uma das agências contratadas pelo Estado com dispensa de licitação. Na avaliação do delegado, no entanto, não há 'descrição de nenhum ato praticado pelo Governador do Estado'.

Procurado pela reportagem quando a notícia-crime foi apresentada, o governador de Mato Grosso, por meio de sua assessoria, reagiu enfaticamente e negou ligação com o suposto plano contra o jornalista. Segundo o governador, o jornalista é financiado por seus adversários e 'agentes políticos com contrato vultuoso'.

À Polícia Federal, Aprá disse que recebeu avisos de colegas para deixar de publicar as reportagens sobre as contas do governo. "Sem qualquer estrutura de segurança, o jornalista vai deixar o Estado, temendo pela sua segurança, não está conseguindo dormir e sofrendo danos psicológicos inenarráveis", comunicou aos policiais federais.

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes. Foto: Gerência de Comunicação do Governo de Mato Grosso

Ainda segundo as informações prestadas, quando soube do suposto plano, infiltrou um amigo para se aproximar do detetive e colher provas. O jornalista reuniu gravações de áudio e vídeo em que o detetive fala sobre a investigação contra ele, admitindo inclusive ter colocado um GPS em seu carro para rastreá-lo.

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COM A PALAVRA, O GOVERNADOR E A PRIMEIRA-DAMA

"O jornalista Alexandre Aprá já responde a vários processos por cometer crimes contra a honra do governador Mauro Mendes e familiares. Em um deles, foi condenado a 1 ano e 3 meses de detenção por calúnia, decisão que foi mantida pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Também é réu em outro processo por produzir matéria contendo mentiras para difamar a primeira-dama Virginia Mendes. Pelas recentes acusações mentirosas, será processado por calúnia, difamação e formação de quadrilha, uma vez que contou com o apoio de outras pessoas para montar essa nova farsa. O site do jornalista é financiado por agentes políticos e adversários do governador, com contratos milionários, incompatíveis com a pequena estrutura que dispõe."

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