A Diretoria-Geral da Polícia Federal vai pleitear ao novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que cancele a cessão do superintendente da PF em Minas Gerais, Sérgio Menezes, para comandar a Secretaria de Defesa Social do Estado. O convite para ele ocupar a função foi feito pelo governo de Fernando Pimentel (PT), investigado pela própria PF na Operação Acrônimo.
A decisão de liberar Menezes repercutiu mal na cúpula da PF, que não teria sido consultada a respeito pelo Ministério da Justiça. O ato foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) de quinta-feira, 12, nas últimas horas do governo Dilma Rousseff, quando o então ministro Eugênio Aragão e todo o primeiro escalão da presidente estavam de saída.
Conforme fontes da PF, o órgão tem independência funcional e, não necessariamente, a cessão atende aos interesses da corporação. O Estado apurou que o grupo de Pimentel - que foi denunciado na semana passada por corrupção e lavagem de dinheiro - trabalhava pela indicação de um novo chefe para a Superintendência em Minas. Um dos cotados era o delegado regional executivo no Estado, Rodrigo Teixeira. Qualquer decisão a respeito, no entanto, dependerá agora das tratativas com o governo interino de Michel Temer.
O superintendente Sérgio Menezes confirmou que aceitará o convite e assumirá as funções de secretário assim que for nomeado. Em nota divulgada pela PF em Minas, ele informou que o pedido de cessão foi feito pelo governo mineiro ao Ministério da Justiça, que, na versão dele, consultou, sim, a PF.
"Quando houver a nomeação pelo Governo de Minas, o delegado assumirá o cargo, cumprindo a missão para a qual será designado", diz a nota.
Menezes alega que a presidência do inquérito policial que originou a Operação Acrônimo é de competência da Superintendência Regional da PF no Distrito Federal, "não tendo qualquer vinculação com a Superintendência Regional de Minas Gerais".
No entanto, quando a Acrônimo e outras operações envolvem o cumprimento de prisões, conduções coercitivas, buscas e apreensões ou outras medidas em Minas, cabe aos policiais da superintendência local executá-las. Isso ocorre mesmo que a investigação seja conduzida por delegados de outros estados.