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PF investiga 'vínculos' envolvendo Sara, Oswaldo Eustáquio e ministério de Damares

Relatório de investigação sobre organização e financiamento de atos antidemocráticos quer apurar se a contratação da extremista e da esposa do blogueiro seria uma forma de 'distribuir fundos' à suposta organização que instiga atos antidemocráticos

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Foto do author Fausto Macedo
Por Rayssa Motta , Pepita Ortega , Fausto Macedo , Breno Pires e Paulo Roberto Netto
Atualização:

A Polícia Federal quer aprofundar as ligações entre a extremista Sara Giromini, o blogueiro Oswaldo Eustáquio e o ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandando por Damares Alves. O objetivo é apurar se a contratação da extremista e da esposa de Eustáquio seria uma forma de 'distribuir fundos' à suposta organização que instiga atos antidemocráticos.

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As informações constam em relatório parcial da Polícia Federal obtido pelo Estadão. É a primeira vez que a PF envolve o Palácio do Planalto e ministérios do governo nas investigações.

A PF aponta que 'há vínculos, ainda não totalmente esclarecidos' sobre a contratação de Sara Giromini no ministério de Damares. Até outubro do ano passado, a extremista ocupou cargo na Coordenação-Geral da Atenção Integral à Gestante no Departamento de Promoção da Dignidade da Mulher.

Caso semelhante é analisado pela PF envolvendo Oswaldo Eustáquio. A esposa e sócia do blogueiro, Sandra Mara Volf Pedro Eustáquio, mais conhecida como Sandra Terena, tem cargo na Secretaria Nacional de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, no mesmo ministério.

"A natureza e a origem desses vínculos e as relações entre essas pessoas e agentes públicos com atuação nessa pasta merece aprofundamento, para corroborar ou eliminar a asserção feita no corpo da hipótese criminal de que tais contratações seriam também uma forma de distribuir fundos aos propagadores/operadores", apontou a Polícia Federal.

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A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves durante lançamento do programa 'Brasil Acolhedor'. Foto: Dida Sampaio / Estadão

Também foi listado o vínculo do engenheiro eletricista Renan da Silva Sena com a pasta de Damares. Em maio, ele foi um dos líderes da manifestação que pedia a destituição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e a expulsão dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Sena foi flagrado agredindo uma enfermeira que participava de um ato pacífico a favor do isolamento social.

Sena teria sido contratado como terceirizado do Ministério da Mulher. A pasta alegou, à época, que solicitou à empresa terceirizada a demissão do engenheiro.

 
 

Financiamento. O objetivo da PF é aprofundar as investigações que miram suposto financiamento de atos antidemocráticos. O caso está sob sigilo no Supremo Tribunal Federal, e é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes.

As investigações já fecharam o cerco contra youtubers, blogueiros e deputados bolsonaristas. O relatório parcial da PF sobre o caso, elaborado em julho, aponta que uma das linhas de investigação vai mirar se o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) direcionou verbas de publicidade para financiar páginas na internet dedicadas a promover manifestações contra a democracia.

A relação do grupo com o governo chegou às autoridades através da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, que repassou informações de que a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) anunciou campanhas em sites e páginas ligadas aos investigados.

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A delegada Denisse Dias Ribeiro afirma no relatório que o objetivo da investigação é saber se o governo federal agiu deliberadamente, com base em critérios ideológicos, ou por omissão no financiamento dessas páginas.

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"A investigação tem o objetivo de checar se essa ocorrência se deu por culpa ou por ação ou omissão deliberada de permitir a adesão da publicidade do governo federal, e a consequente monetização, ao conteúdo propagado. Outro ponto a ser elucidado (e que complementarão a análise do material já em curso) é se essa conduta ocorreu por vínculos pessoais/ideológicos entre agentes públicos e os produtores de conteúdo ou mesmo por articulação entre ambos", escreveu a delegada.

COM A PALAVRA, O MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS A ex-servidora Sara Giromini e o ex-funcionário terceirizado Renan Sena, quando indiciados, não pertenciam mais ao quadro funcional do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

Desconhecemos qualquer investigação que envolva a secretária Sandra Terena.

Todos os membros deste Ministério estão tranquilos para prestar qualquer informação que se fizer necessária para que os fatos sejam elucidados.

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COM A PALAVRA, SARA GIROMINI A reportagem busca contato com a defesa de Sara Giromini. O espaço está aberto a manifestações.

COM A PALAVRA, OSWALDO EUSTÁQUIO A reportagem busca contato com a defesa de Oswaldo Eustáquio. O espaço está aberto a manifestações.

COM A PALAVRA, RENAN DA SILVA SENA A reportagem busca contato com a defesa de Renan da Silva Sena. O espaço está aberto a manifestações.

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