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PF prende cuidadora de idosos por vacinação às escondidas em Minas e vai cruzar dados de pix e lista de supostos imunizados para colher depoimentos

As investigações seguem agora com a oitiva de pessoas que teriam sido vacinadas pela mulher e outras que a teriam indicado para terceiros

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Por Pepita Ortega
Atualização:

Agentes da Polícia Federal cumpriram buscas na residência de enfermeira que teria aplicado suposta vacina em empresários mineiros. Foto: Polícia Federal / Divulgação

Principal alvo das buscas realizadas nesta terça, 30, na Operação Camarote, uma cuidadora de idosos que se passava por enfermeira foi presa em flagrante pela Polícia Federal sob suspeita de ter aplicado supostas vacinas contra a covid-19 em um grupo de pessoas na garagem da empresa Saritur, de Robson e Rômulo Lessa.

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O flagrante foi lavrado após investigadores encontrarem diversas seringas e unidades de soro fisiológico na casa da investigada. Segundo a corporação, a mulher foi encaminhada para a penitenciária Estêvão Pinto, em Belo Horizonte, ainda na noite de ontem.

Nas diligências de ontem, também foi vasculhada um clínica em Belo Horizonte. Balanço das buscas indica que a PF apreendeu documentos diversos, quatro aparelhos celulares, cartões de vacinação, um automóvel, uma caixa de vacina de influenza tetravalente, uma caixa de luvas de vinil, um pacote de algodões, equipamentos médico-cirúrgicos, bolsa térmica e caixas de isopor.

As investigações seguem agora com a oitiva de pessoas que teriam sido vacinadas pela mulher e outras que a teriam indicado para terceiros. A expectativa da Polícia Federal é que mais de 50 pessoas prestem depoimento no âmbito da investigação.

Para expedir as intimações, a PF deve cruzar a lista que apreendeu na primeira fase das investigações, com a indicação de 57 pessoas que supostamente foram vacinadas na garagem da Saritur, com os nomes de pessoas que teriam pagado pelo imunizante por pix.

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A suspeita é a de que o filho da mulher presa tenha recebido tais pagamentos. Ele também foi levado para interrogatório nesta terça e depois liberado, mas deve ser ouvido novamente. A cuidadora de idosos permaneceu em silêncio em seu depoimento.

A PF informou ainda que o material apreendido durante as diligências desta terça já está sendo periciado. A expectativa da corporação é a de que o laudo esteja pronto em poucos dias.

Há indícios de que a cuidadora teria comercializado doses para outras pessoas, além dos empresários Robson e Rômulo Lessa. Em depoimento prestado na segunda, 29, a dupla admitiu ter obtido os supostos imunizantes de forma ilegal. Cada pessoa que recebeu a dose pagou R$ 600 pela suposta vacina.

A PF trabalha com três hipóteses na 'Camarote': se as doses foram importadas ilegalmente, desviadas do Ministério da Saúde ou se eram vacinas falsas. Nos bastidores, a linha de investigação que vem ganhado mais força é a última, o que poderia configurar estelionato.

O caso da vacinação às escondidas por empresários e políticos mineiros foi revelado pela revista piauí. Segundo a revista, o grupo adquiriu doses da vacina da Pfizer contra covid, não repassou ao Sistema Único de Saúde e aplicou secretamente em 50 pessoas.

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Seis vídeos obtidos pelo Estadão mostram pessoas sendo vacinadas na noite de terça-feira, 23, em uma das garagens da Saritur, de Robson e Rômulo Lessa. Na sexta, 26, o juiz Rodrigo Pessoa Pereira da Silva, da 35ª Vara Federal Criminal de Minas Gerais, autorizou a quebra do sigilo de dados dos empresários no âmbito da Operação Camarote.

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