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PF prende conselheiro do TCE de Mato Grosso que jogou talões e cheques em branco no lixo durante busca e apreensão

Ordem de prisão preventiva de Waldir Teis, conselheiro afastado do TCE-MT, foi expedida pelo ministro Raul Araújo, relator da Operação Ararath no Superior Tribunal de Justiça; segundo o MPF, durante o cumprimento de mandado de busca em seu escritório no último dia 17, Teis foi flagrado tentando destruir cheques assinados em branco e canhotos de cheques - jogando-os na lixeira do prédio, depois de descer correndo 16 andares de escada

Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Fausto Macedo
Por Pepita Ortega e Fausto Macedo
Atualização:

Waldir Teis. Foto: TCE-MT

A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira, 1º, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso Waldir Teis. Na tarde de ontem, ele foi denunciado por embaraço à investigação de infração penal por ter sido flagrado jogando no lixo talões de cheques durante buscas no âmbito de nova 16ª da Operação Ararath, batizada de Gerion.

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O mandado de prisão preventiva de Teis foi expedido pelo ministro Raul Araújo, relator da Operação Ararath no Superior Tribunal de Justiça (STJ), a pedido da Procuradoria. Nesta terça, 30, os procuradores apontaram tentativa do conselheiro afastado do TCE-MT de 'embaraçar a atividade da polícia judiciária' no último dia 17, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em um escritório em Cuiabá.

Segundo o MPF, durante a diligência a Polícia Federal flagrou Teis tentando destruir cheques assinados em branco e canhotos de cheques - jogando-os na lixeira do prédio, depois de descer correndo 16 andares de escada. A tentativa do conselheiro foi filmada e fotografada. "Só não houve prisão em flagrante por que, como magistrado, o conselheiro tem imunidade que restringe a possibilidade prisões quando se tratar de crimes afiançáveis", diz a Procuradoria

Os investigadores identificaram que os cheques são de empresas ligadas à organização criminosa da qual o conselheiro é suspeito de integrar. Os canhotos dos cheques somam mais de R$ 450 mil.

Segundo a procuradoria, ao decretar a preventiva de Teis, o ministro Raul Araújo apontou indícios de materialidade e autoria dos crimes de deferiu a medida cautelar 'para a garantia da ordem pública, para a conveniência da instrução criminal e também pelo perigo gerado pelo investigado contra a elucidação dos fatos'.

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Ao denunciar o conselheiro nesta terça, 20, a Procuradoria também pediu à Justiça indenização por danos morais coletivos, no valor de R$ 3 milhões, e da prorrogação do afastamento do conselheiro até o trânsito em julgado da denúncia.

No âmbito da Operação Gerion, o STJ autorizou buscas no Tribunal de Contas e em duas fazendas, além de endereços ligados a oito empresas e oito pessoas físicas. O ministro Raul Araújo, relator do caso, autorizou ainda a quebra de sigilo de 33 empresas e 30 pessoas físicas que teriam participação no esquema. Além de Waldir Teis, a ofensiva mirou quatro conselheiros da Corte de Contas de Mato Grosso, entre eles José Carlos Novelli e Sérgio Ricardo.

A Operação Ararath foi inicialmente aberta em 2013 e investiga a prática de crimes de corrupção, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e organização criminosa por conselheiros do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso.

No pedido que culminou na Gerion, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo descreveu a atuação dos conselheiros investigados e de pessoas ligadas a eles em um esquema complexo que inclui dezenas de operações comerciais financeiras. Entre as irregularidades, estão a compra de imóveis e empresas, como um motel, que teria como sócio um dos conselheiros investigados, e um buffet, de propriedade de outro integrante do órgão de Contas de Mato Grosso.

COM A PALAVRA, WALDIR TEIS

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A reportagem busca contato com a defesa do conselheiro afastado. O espaço está aberto para manifestações.

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