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PF tomou R$ 13 milhões em dinheiro vivo da corrupção e do tráfico em São Paulo em oito meses

Dados constam de balanço da Superintendência Regional da Polícia Federal e se referem ao período entre abril e dezembro, quando os agentes deflagraram 44 operações especiais que culminaram na prisão de 92 alvos; estratégia do delegado Rodrigo Bartolamei é 'sufocar' as finanças do crime organizado

Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Rayssa Motta
Por Fausto Macedo e Rayssa Motta
Atualização:

Sede da Polícia Federal em São Paulo. Foto: Divulgação

A Polícia Federal em São Paulo confiscou R$ 12,9 milhões em dinheiro vivo de organizações criminosas entre abril e dezembro deste ano. Os valores estavam em poder de facções do tráfico de drogas internacional e de gestores públicos envolvidos em supostos esquemas de corrupção e propinas. Os dados constam do balanço das operações executadas pela Superintendência Regional da PF em todo o Estado nos últimos oito meses.

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Leia o balanço

O mapa de operações indica 16 missões especiais contra fraudes e desvios de verbas públicas, resultando, além da apreensão de valores em espécie, na recuperação de ativos (bens imóveis, investimentos e congelamento de contas) que somam R$ 13,7 milhões dos investigados - prefeitos, políticos e servidores.

Um dos alvos foi o prefeito de Guarujá, no litoral paulista, Válter Suman (PSDB), preso sob suspeita de desviar recursos da Saúde, inclusive a partir de contratos celebrados para o enfrentamento da pandemia. O tucano foi solto em seguida por ordem do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região. Ele nega enfaticamente qualquer ato ilícito em sua gestão.

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 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Outro prefeito que entrou na mira da PF em São Paulo é o de Cerro Grande do Sul (RS). Gilmar João Alba, conhecido como 'Gringo', foi flagrado com R$ 505 mil na bagagem de mão quando tentava embarcar no aeroporto de Congonhas. Ele também nega que o dinheiro ou propósito tenha origem irregular.

No mesmo período, a PF fez 28 operações contra células do tráfico, culminando na recuperação de R$ 40,2 milhões em bens e na prisão de 85 acusados, inclusive lideranças do PCC, a facção que se instalou dentro de presídios, de onde mantém o comando de ações violentas nas ruas. A série de ataques a bancos que aterrorizou moradores em Araçatuba, interior de São Paulo, em agosto, ilustra o poderio de membros para organização também para mobilizar ações do chamado 'novo cangaço'. Lideranças da facção foram presas pela Polícia Federal na fronteira com o Paraguai.

Levantamento mais amplo, que pega janeiro a dezembro, indica que chegou a R$ 159 milhões o montante tomado da corrupção e do tráfico - englobando dinheiro em espécie apreendido no ato das operações e bens patrimoniais, entre veículos, imóveis, aeronaves e aplicações em banco confiscados no curso das investigações por ordem judicial.

Rodrigo Piovesano Bartolamei comanda a superintendência da PF em São Paulo. Foto: Divulgação

A estratégia de 'asfixiamento' de organizações do crime foi preparada meticulosamente pelo superintendente regional da PF em São Paulo, delegado Rodrigo Piovesano Bartolamei, e pelo delegado regional de investigação e combate ao crime organizado, Márcio Magno Carvalho Xavier.

Com ampla experiência em áreas sensíveis da corporação, Bartolamei avalia que o enfrentamento do crime organizado não pode ficar restrito à prisão de investigados. Sua meta principal é 'sufocar' as finanças das organizações. O método de descapitalizar as facções, por meio do bloqueio de bens e valores nas contas bancárias, anda combinado com a cooperação policial internacional para chegar até mesmo a lideranças no exterior.

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O delegado que comanda a PF em São Paulo possui mestrado em Estudos Estratégicos de Segurança em Washington e fez curso de técnicas operacionais de segurança de dignitários na mítica Academia Nacional do FBI em Quântico, Virgínia.

Discreto, antes de chegar ao topo da instituição em São Paulo, Bartolamei foi assessor técnico da Secretaria de Assuntos de Defesa e Segurança Nacional no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência. Em 2018, foi chefe da Interpol no Brasil. Antes, em 2014 e 2016, atuou como coordenador operacional e de planejamento de proteção aos chefes de Estado na Copa do Mundo 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.

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