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PF pediu buscas contra Marcello Miller na Tendão de Aquiles

Juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, negou o pedido

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Por Fausto Macedo e Julia Affonso
Atualização:

Ex-procurador Marcello Miller no Rio. FOTO: FABIO MOTTA/ESTADÃO  

A Operação Tendão de Aquiles, que investiga jogo de mercado dos irmãos Joesley e Wesley Batista, pediu buscas contra o ex-procurador Marcello Miller. A solicitação foi negada pelo juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que expediu ordens de prisão contra Wesley e Joesley.

Marcelo Miller é investigado perante o Supremo Tribunal Federal - em apuração distinta da Tendão de Aquiles - por supostamente fazer jogo duplo em favor do Grupo J&F, controlado pelos irmão Batista.

Personalidade voltada para o crime, diz delegado sobre irmãos Batista

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+ OUÇA: 'Nós não vai ser preso'

A Tendão de Aquiles recebeu compartilhamento de provas da Operação Lama Asfáltica - investigação que apura esquema de lavagem de dinheiro e de fraudes em licitações no estado do Mato Grosso do Sul. Os irmãos Batista eram alvo da Lama Asfáltica.

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A quarta fase da operação do Mato Grosso do Sul flagrou conversas entre Joesley e Miller. Segundo os investigadores, eles tratavam do acordo de delação premiada.

Com o jogo de mercado, os irmãos Joesley e Wesley Batista tiveram um lucro de US$ 100 milhões com o jogo de mercado investigado na Operação Tendão de Aquiles, segundo a Procuradoria da República, em São Paulo. Wesley foi preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira, 13. Contra Joesley, que está custodiado temporariamente por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, também há um mandado de prisão preventiva.

"O valor das operações, somente com os dólares, foi de quase US$ 3 bilhões, e causou um lucro aos irmãos Batista de US$ 100 milhões de dólares, sendo esta praticamente a mesma quantia da multa prevista na delação no processo criminal (US$ 110 milhões). No acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal, do Distrito Federal, o valor da multa acertada foi de R$ 10,3 bilhões", diz nota da Procuradoria da República.

Os irmãos são investigados pelo crime de insider trading (uso indevido de informações privilegiadas no mercado financeiro).

A Tendão de Aquiles aponta que dias antes do anúncio da homologação da colaboração premiada de Joesley Batista e Ricardo Saud, os irmãos controladores do grupo J&F autorizaram a compra milionária de dólares e venda e posterior recompra de ações do grupo em um conjunto de operações realizadas dias antes da homologação da delação, caracterizando o crime de insider trading, investigado pela Polícia Federal pelo Ministério Público Federal.

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O pedido formulado pela Polícia Federal e Ministério Público Federal se baseou em relatórios da CVM e da PF 'que constataram que as operações financeiras eram extremamente atípicas'.

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Além da aquisição de contratos futuros de dólar e contratos a termo de dólar, a empresa FB Participações vendeu 200 milhões de ações da JBS, que estavam em alta, alguns dias antes da divulgação da celebração do acordo.

Posteriormente, com a divulgação da informação privilegiada (homologação da delação), com o preço das ações já em baixa, em virtude da venda realizada dias antes, os investigados readquiriram as mesmas ações por valores bem inferiores.

O pedido de prisão preventiva foi formulado para que fosse interrompida a prática de crimes por parte de Joesley e Wesley. Segundo o pedido, assinado nesta terça-feira, 12, pelos procuradores da República Thaméa Danelon e Thiago Lacerda Nobre, procurador-chefe da Procuradoria da República em São Paulo, "a organização criminosa (formada pelos irmãos Batista) continua articulada e em pleno funcionamento".

Foi constatado que mesmo após assumir o compromisso de não cometer outros crimes, Joesley continuou perpetrando ilícitos criminais, e no entendimento do Ministério Público Federal "somente a prisão preventiva dos investigados poderá interromper a continuidade delitiva", afirmou a procuradora da República Thaméa Danelon.

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COM A PALAVRA, PIERPAOLO BOTTINI, QUE DEFENDE OS IRMÃOS BATISTA

"É injusta, absurda e lamentável a prisão preventiva de alguém que sempre esteve à disposição da justiça, prestou depoimentos e apresentou todos os documentos requeridos. O Estado brasileiro usa de todos os meios para promover uma vinganca contra aqueles que colaboraram com a Justiça."

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