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PF pede preventiva para ex-marqueteiro de Lula e Dilma

Investigadores apontam novos indícios de repasses de 'acarajés' para João Santana e sua mulher e sócia Monica Moura

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Por Mateus Coutinho
Atualização:

Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, que está presa em Curitiba, alvo da Lava Jato 

A Polícia Federal pediu nesta quinta-feira, 3, ao juiz Sérgio Moro que mantenha em prisão preventiva o publicitário João Santana e sua mulher e sócia Monica Moura, ex-marqueteiros de Lula e Dilma nas campanhas de 2006, 2010 e 2014. Alvo da Operação Acarajé o casal foi preso na quarta-feira, 24, por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Inicialmente, Moro impôs a Santana e a Monica regime temporário por cinco dias, prorrogada por mais cinco na sexta-feira, 26. Ao pedir conversão da prisão em regime preventivo - sem prazo para terminar - a PF alegou 'não restar dúvidas" que a sigla "Feira" é uma referência para o casal.

 
 

Os investigadores citam um laudo grafotécnico apontando que bilhetes encontrados na residência de Maria Lúcia Tavares, secretária de executivos da Odebrecht, com o termo "Feira" e vários telefones do casal e menções a horários foram redigidos por Mônica Moura.

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Maria Lúcia era a suposta controladora de repasses ilícitos da empreiteira para o casal de marqueteiros. A palavra 'acarajé' era a senha para as transferências. "Há fortes indícios aqui de trinta e nove operações de pagamentos em espécie dos "acarajés"! Ademais, a utilização de codinomes e entregas cifradas não deixam margem quanto à origem espúria dos valores aqui identificados", assinalam os delegados Márcio Adriano Anselmo e Renata Silva Rodrigues, que presidem o inquérito da Acarajé.

A investigação aponta repasses no exterior de US$ 7,5 milhões da Odebrecht para o casal entre 2012 e 2014.

Os investigadores citam uma nova planilha encontrada com Maria Lucia, com o título "Lançamentos X Saldo (Paulistinha) e a referência a "Feira", e indicando pagamentos de R$ 21,5 milhões a siglas diversas como "café", "crise", "tênis" entre 30 de outubro de 2014 e primeiro de julho de 2015, quando a Lava Jato já avançava sobre a Odebrecht.

A PF alega que o casal recebeu dinheiro da empreiteira no exterior, o que foi negado por ambos em depoimentos prestados aos investigadores e que "não haveria qualquer sentido em receber da Odebrecht valores no Brasil por conta de um suposto pagamento não oficial concernente a serviços prestados à campanhas eleitorais de Angola e Venezuela", seguem os delegados.

O documento de 22 páginas ainda traz detalhes da quebra de sigilo do e-mail do casal mostrando que João Santana deletou sua conta no aplicativo Dropbox de armazenamento de arquivos na nuvem no dia 22, quando houve a deflagração da 23ª fase da Lava Jato que tinha como alvo o marqueteiro e sua mulher que só não foram presos na data porque estavam na República Dominicana. O casal voltou ao Brasil e se entregou aos investigadores no dia seguinte.

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT:

"A Construtora Norberto Odebrecht não se manifestará sobre fatos que envolvem inquérito em andamento."

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