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PF mira suposto desvio da Força Sindical para pagar despesas de Paulinho da Força em 2012

Transferência de R$ 269 mil da organização sindical para escritório de advocacia de genro do parlamentar feita no mesmo período dos supostos repasses da JBS foi detectada pelos investigadores da Dark Side

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Por Pepita Ortega e Paulo Roberto Netto
Atualização:

A Polícia Federal mira transferência suspeita de R$ 269 mil das contas da Força Sindical para o escritório de advocacia do genro de Paulinho da Força (Solidariedade-SP), alvo da Operação Dark Side nesta terça, 14. Segundo os investigadores, os valores podem ter sido utilizados para quitar despesas de campanha do parlamentar nas eleições de 2012.

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Ao solicitar a deflagração da Dark Side, a Polícia Federal relatou que a JBS, de Joesley Batista, pagou R$ 1,7 milhões para bancar despesas de campanha de Paulinho da Força entre 2010 e 2012. A maior parte do dinheiro, cerca de R$ 750 mil, teria sido entregue em espécie ao tesoureiro do Solidariedade, José Gaspar de Campos, em imóvel que servia como comitê de campanha na Vila Mariana (SP).

Outra parte do suposto caixa dois, R$ 250 mil, foi transferida pela JBS ao escritório Vilela e Silva Gomes Advogados, de Cristiano Vilela, genro de Paulinho da Força. Quebra do sigilo bancário da banca entre os anos de 2012 e 2013 revelou que, no mesmo período dos repasses da JSB, foi registrada a transferência de R$ 269 mil das contas da Força Sindical para o escritório.

"Não só essa movimentação revela o vínculo de Paulinho da Força com o referido escritório de advocacia, como também traduz a fundada suspeita de que a remessa dos valores da conta da Força Sindical possa ter ocorrido em razão do desvio de valores da entidade sindical para o custeio da campanha de Paulinho da Força à Prefeitura de São Paulo, não tendo sido essas verbas declaradas à Justiça Eleitoral", anotou o delegado Milton Fornazari Júnior.

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A hipótese dos investigadores é se Paulinho da Força utilizou a conta do escritório Vilela e Gomes Advogados para receber repasses de caixa-dois, utilizando o montante para custear despesas de campanha. Buscas foram autorizadas na sede da Força Sindical e da banca de advogados para apurar a existência de contratos que justificassem a transferência dos R$ 269 mil em 2012.

O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP) discursa em evento do Dia do Trabalhador promovido pela Força Sindical, em 2018. Foto: JF Diorio / Estadão

A Operação Dark Side foi desencadeada na manhã desta terça, 14, por determinação do juiz Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo. Segundo o magistrado, os indícios levantados pela PF sugerem a necessidade de apuração 'em torno de possível desvio de valores pertencentes à entidade Força Sindical para favorecer a campanha eleitoral do investigado' e a existência de um 'liame concreto' entre Paulo da Força e o escritório de advocacia do seu genro.

Paulinho da Força é presidente licenciado da Força Sindical, entidade a qual é profundamente ligado politicamente. Em sua declaração à campanha eleitoral de 2012, os investigadores apontam que ele registrou somente R$ 7,5 mil em despesas com o escritório Vilela e Silva Gomes - mas delações da JBS, junto de comprovantes de transferência e planilhas de contabilidade paralela apontam que a banca teria recebido R$ 250 mil, mascarados por nota fiscal de serviço de consultoria jurídica que não foi prestado.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO PAULINHO DA FORÇA"O deputado Paulo Pereira da Silva foi alvo de mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Eleitoral de São Paulo.

O parlamentar desconhece os fatos apurados e está tomando ciência da apuração pela imprensa na medida em que sequer lhe foi fornecida cópia da decisão que autorizou as buscas.

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Em nota, Paulinho da Força afirmou que desconhece os fatos apurados e que não teve acesso à decisão que autorizou as buscas. O parlamentar disse ainda que suas contas das eleições de 2010 e 2012 foram aprovadas regularmente pela Justiça Eleitoral.

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Caso os mandados digam de fato respeito a alegado caixa dois dos anos de 2010 e 2012, a partir da delação da JBS, conforme notícias veiculadas, o deputado lamenta o ocorrido na data de hoje tendo em vista que já são passados 10 anos desde os fatos apontados, sendo que suas contas das eleições de 2010 e 2012 foram aprovadas regularmente pela Justiça Eleitoral.

Por fim, o parlamentar confia que a apuração chegará à conclusão de que os fatos trazidos não possuem nenhum fundamento".

COM A PALAVRA, A FORÇA SINDICALA reportagem entrou em contato com a Força Sindical. O espaço está aberto para manifestações.

COM A PALAVRA, O PARTIDO SOLIDARIEDADEO Solidariedade foi fundado em 2013.

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COM A PALAVRA, O ESCRITÓRIO VILELA E SILVA GOMES ADVOGADOSA reportagem entrou em contato com o escritório Vilela e Silva Gomes Advogados. O espaço está aberto para manifestações.

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