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PF marca depoimentos de investigados no inquérito das fake news

Alguns dos investigados informaram nas redes sociais que foram intimados, como a ativista bolsonarista Sara Winter e o assessor parlamentar Edson Salomão; o blogueiro Allan dos Santos, do site Terça Livre, também disse ter recebido a visita da Polícia Federal

Por Breno Pires/BRASÍLIA
Atualização:

Allan dos Santos, blogueiro do site Terça Livre, foi alvo de mandado de busca expedido pelo ministro Alexandre de Moraes no último dia 27 e disse ter recebido visita da corporação sobre intimação para prestar depoimento nos próximos dias. Foto: Gabriela Biló/Estadão

A Polícia Federal intimou nesta segunda-feira, 1º, investigados no inquérito das fake news, em trâmite no Supremo Tribunal Federal, para que prestem depoimento nos próximos dias. O caso corre sob sigilo e os nomes dos depoentes não foram divulgados.

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Alguns dos investigados, no entanto, como a ativista bolsonarista Sara Winter e o assessor parlamentar Edson Salomão, informaram nas redes sociais que foram intimados. Além deles, o blogueiro Allan dos Santos, do site Terça Livre, também disse ter recebido a visita da Polícia Federal.

Em postagem no Twitter, Sara disse que não irá comparecer. "A PF acabou de sair da minha casa, entraram ILEGALMENTE, NÃO SE IDENTIFICARAM e vieram deixar uma intimação pra depor daqui a 2 dias, EU NÃO VOU! Vão me prender? Me tratar como bandido? Vão ter q se prestar a isso!", postou.

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Os depoimentos são desdobramento da operação policial que apreende documentos, computadores e celulares em endereços ligados a 17 pessoas na quarta-feira passada. A ação foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo, e teve como alvo blogueiros, youtubers e empresários suspeitos de participação em uma rede que dissemina ataques a ministros da Corte e seus familiares. O inquérito atinge em cheio alguns dos apoiadores mais próximos de Bolsonaro, incluindo parlamentares e aliados que estão entre os principais propagadores do bolsonarismo nas redes sociais.

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Segundo o Estadão apurou, o avanço da investigação sigilosa do Supremo sobre deve chegar também ao núcleo próximo do presidente. Com previsão de ser concluído em 15 de julho, mas a possibilidade concreta de ser novamente prorrogado, o inquérito já fechou o cerco sobre o "gabinete do ódio", grupo de assessores do Palácio do Planalto comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do chefe do Executivo. A existência desse núcleo foi revelada em reportagem do Estadão de setembro do ano passado.

A ativista Sara Winter em frente à sua casa em Brasília após ser notificada pela PF a prestar depoimento Foto: Gabriela Biló/Estadão

Ao determinar a operação de busca e apreensão, que mirou empresários e blogueiros bolsonaristas, o ministro definiu o "gabinete do ódio" como uma "associação criminosa".

"As provas colhidas e os laudos periciais apresentados nestes autos apontam para a real possibilidade de existência de uma associação criminosa, denominada nos depoimentos dos parlamentares como 'Gabinete do Ódio', dedicada a disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às Instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática", escreveu Moraes.

Após a operação, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu a suspensão do inquérito até que o plenário do Supremo se pronuncie em uma ação que contesta a legalidade da investigação. A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) havia solicitado o arquivamento do caso por considerar que não há base legal.

Aberto em março de 2019, o controverso inquérito que apura ameaças, ofensas e fake news contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pode pavimentar o caminho da cassação do presidente Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A avaliação entre ministros do tribunal é a de que, caso seja autorizado, um compartilhamento das provas do STF com a Justiça Eleitoral deve dar um novo fôlego às investigações que apuram o disparo de mensagens em massa na campanha presidencial de Bolsonaro em 2018. A possibilidade dessas ações serem "turbinadas" com o inquérito das fake news do Supremo já acendeu o sinal de alerta do Palácio do Planalto.

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