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PF investiga repasses entre assessores de pasta de Damares em inquérito de atos antidemocráticos

Investigadores questionaram ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Sandra Terena, sobre repasses do seu marido, o blogueiro Oswaldo Eustáquio, a quatro funcionários do ministério e também sobre o pagamento que uma funcionária da pasta fez pelo aluguel de um imóvel onde o casal morava em Brasília

Por Breno Pires e Emilly Benhke/BRASÍLIA
Atualização:

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves. Foto: Adriano Machado / Reuters

A Polícia Federal está investigando assessores do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves, por suspeita de participação no esquema que financiou atos antidemocráticos contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). O inquérito sobre o caso é conduzido desde abril pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

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Em recente depoimento, a ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do ministério, Sandra Terena, não soube explicar movimentações financeiras e repasses de dinheiro feitos por seu marido, o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio.

De acordo com as investigações, Eustáquio transferiu várias vezes quantias inferiores a R$ 10 mil a quatro funcionários do ministério de Damares. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo e confirmadas pelo Estadão.

A suspeita da PF é a de que havia um esquema em funcionamento dentro do ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, com participação de alguns funcionários, para arregimentar recursos e financiar ataques ao Congresso e ao Supremo.

Eustáquio chegou a ser preso no fim de junho pela PF, por ordem de Moraes, e foi acusado de estimular ataques contra instituições em redes sociais e mobilizar pessoas 'com afinidade ideológica' para propagar o extremismo na defesa dos atos antidemocráticos .

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Casada com o blogueiro, Sandra disse, no depoimento à PF, que uma parte dos repasses feitos a funcionários do ministério era referente a pagamentos de empréstimos. Não soube esclarecer, porém, por que uma servidora do ministério pagou, há quatro meses, o aluguel da casa onde ela vive com Eustáquio, em Brasília. Embora tenha afirmado que se tratava apenas de um empréstimo feito por uma colega, Sandra ficou em silêncio quando a delegada Denisse Dias Ribeiro quis saber se essa funcionária sempre pagava contas em seu nome.

O blogueiro Eustáquio disse, em nota, estar sendo alvo de "abuso de autoridade por parte de uma ala da Polícia Federal". Afirmou ainda, que os repasses aos funcionários "saíram" de sua conta e não foram recebidos por ele. Para o blogueiro, essa investigação serve apenas para "torrar o dinheiro público" porque está "distante da verdade".

Terena foi exonerada do cargo que exercia no ministério dirigido por Damares em setembro, pouco depois de apresentar denúncia à corregedoria, apontando irregularidades em convênios firmados pela pasta com uma organização não-governamental (ONG) de Sergipe. Por meio de nota, o ministério informou, à época, que havia decidido suspender os pagamentos à ONG, por ordem de Damares, embora as denúncias não estivessem confirmadas.

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