Por Mateus Coutinho, Fausto Macedo, Ricardo Brandt e Julia Affonso
Preso nesta sexta-feira, 10, na Operação A Origem, 11ª etapa da Lava Jato, o ex-deputado Luiz Argôlo (SD-BA) recebeu ao menos R$ 1,2 milhão do doleiro Alberto Youssef. Segundo as investigações da Polícia Federal, ele chegou ainda a ser sócio do doleiro na empresa Malga Engenharia. O próprio doleiro, em sua delação, afirmou que fez repasses a Argôlo desde quando o conheceu, em 2011.
Quatro notas fiscais apreendidas na Arbor Consultoria, uma das empresas utilizadas por Youssef para emitir notas frias, somam o valor de R$ 1,2 milhão. As notas foram emitidas em 2013 para as empresas Grande Moinho Cearense e M. Dias Branco. O próprio Youssef e sua ex-contadora Meire Pozza admitiram que as notas foram lançadas para justificar os repasses de dinheiro a Argôlo. Segundo o doleiro, a maior parte do dinheiro foi entregue no apartamento funcional do então parlamentar, em Brasília. Argolo deixou o PP no fim de 2013 e transferiu-se para o Solidariedade.
Mensagens telefônicas entre o doleiro e o então parlamentar interceptadas pela Polícia Federal mostram ainda que Argolo chegou a tratar do recebimento de dinheiro com o doleiro, tendo inclusive indicado o endereço de seu apartamento funcional para receber valores.
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A força-tarefa da Lava Jato constatou que o ex-parlamentar e Youssef teriam constituído uma sociedade na empresa Malga Engenharia. "Alberto Youssef e João Luiz Argôlo teriam adquirido a empresa em 2013 de Leonardo Meirelles (laranja do doleiro), mas mantido no quadro social a pessoa interposta que ali já figurava, Adriano Roberto. Ainda assim a GFD Investimentos, empresa controlada por Alberto Youssef e por ele utilizada para investimentos, ingressou no quadro social em março de 2013", assinala o juiz Sérgio Moro em sua decisão que determinou a prisão preventiva do ex-parlamentar.
O próprio Leonardo Meirelles admitiu manter "contatos frequentes" com Elia da Hora, secretária de Luiz Argôlo e que também foi presa nesta sexta-feira pela A Origem. Aliado a isso, detalha o magistrado no despacho, foram encontrados pela força-tarefa da Lava Jato contratos da Malga de locação de equipamentos de construção nos quais a mãe do ex-parlamentar, Vera Lúcia de Barros, aparece como depositária das máquinas.
"Os subterfúgios utilizados para o recebimento e movimentação posterior desses valores em contas de pessoas interpostas com a emissão fraudulenta de contratos e notas fiscais podem ainda caracterizar crimes de lavagem de dinheiro, assim como a constituição fraudulenta entre João Luiz Argôlo e Alberto Youssef de patrimônio e sociedade comum", afirma Moro na decisão.