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PF indicia Kassab e mais dois por propinas da JF

Ex-ministro, o irmão dele, Renato Kassab, e o ex-tesoureiro do PSD nacional, Flavio Castelli Chuery, foram indiciados por corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral, lavagem de dinheiro e associação criminosa

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Foto do author Fausto Macedo
Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
Atualização:

Gilberto Kassab. Foto: Paulo Giandália/Estadão

A Polícia Federal concluiu o inquérito aberto na esteira da Operação Lava Jato para apurar os relatos de propinas ao ex-ministro Gilberto Kassab (PSD), revelados por executivos do Grupo J&F em delações premiadas firmadas com a força-tarefa. Além do pessedista, o irmão dele, Renato Kassab, e o ex-tesoureiro do PSD nacional, Flavio Castelli Chuery, foram indiciados por corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral ('caixa dois'), lavagem de dinheiro e associação criminosa.

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O relatório policial com a conclusão das investigações foi entregue à 1ª Zona Eleitoral de São Paulo nesta segunda-feira, 22. De acordo com a Polícia Federal, além das informações prestadas nas colaborações premiadas, os investigadores cruzaram dados obtidos em buscas, quebras de sigilos bancário e fiscal, interceptações telefônicas e depoimentos de testemunhas.

O ponto de partida da investigação foi o acordo de delação premiada do empresário Wesley Batista. Ele afirmou que Kassab recebeu uma mesada de R$ 350 mil da empresa entre 2010 e 2016, totalizando R$ 30 milhões, 'em troca de eventual influência política futura em demandas de interesse da JBS'. Já o executivo Ricardo Saud disse que a empresa repassou outros R$ 28 milhões ao PSD, partido fundado por Kassab, pela suposta compra de apoio político acertada com o PT.

Os repasses teriam sido feitos através da assinatura de contratos falsos com simulação de serviços entre as empresas do Grupo J&F e firmas indicadas pelo político, com a participação do irmão dele e de Chuery.

Quando as suspeitas vieram a público, o ex-ministro afirmou que os valores recebidos possuem comprovação de origem e cumprem todos os requisitos legais. Em dezembro de 2018, Kassab, que estava escalado para a Secretaria da Casa Civil do então governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), chegou a ser alvo de um mandado de busca e apreensão.

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COM A PALAVRA, O EX-MINISTRO

"A respeito das informações veiculadas, a defesa esclarece que já apresentou farta documentação que demonstra, de forma cabal e inequívoca, que houve a real e efetiva prestação dos serviços, com valores adequados e compatíveis com os praticados no mercado, executados mediante relação contratual entre empresas privadas. Os valores foram regularmente recebidos em decorrência de uma atividade empresarial lícita que não guarda relação com eventuais funções públicas, nem com atividade político partidária exercidas. Vale destacar que os contratos, lícitos e regulares, foram celebrados nos anos de 2013 e 2014, período em que o ex-prefeito estava na iniciativa privada e não ocupava cargo público, e que ele se afastou do quadro societário antes de voltar a assumir cargos públicos em 2015, não tendo recebido quaisquer valores relacionados a esses contratos após meados de 2014. Todas as doações recebidas pelo PSD seguiram a legislação vigente à época e o posicionamento do partido nas eleições de 2014 foi definido em convenção, com votação dos membros de sua Executiva Nacional. O ex-prefeito reafirma a lisura de seus atos e sua total confiança na Justiça e no Ministério Público, com a certeza de que restará comprovada a correção de todos os atos apurados."

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